
by StormKnight
Bem-vindo a Paranóia
Posso ajudar em alguma coisa?
Claro. Você poderia me contar como funciona este jogo.
Desculpe, cidadão. Essas informações não estão disponíveis no momento.
O que você quer dizer com não estão disponíveis?
Você ainda não é um Agente Atirador. O que significa que o seu nível de segurança é Infravermelho. As regras são de nível de segurança Vermelho. Você não está liberado para conhecê-las. Ao seu dispor.
Hã? A maioria dos jogos faz questão de nos ensinar as regras.
Paranóia, não. Aqui você não sabe quem são seus amigos. Nem sabe quem são seus inimigos. Você não sabe como funciona o equipamento. Você não conhece as regras. A única coisa que você sabe é que todos estão atrás de você.
Fique Alerta! Não confie em ninguém! Mantenha seu laser à mão!
Ignorância e Medo; medo e ignorância. Este é o nosso lema.
A capa diz algo sobre o computador.
O Computador é seu amigo! Confie no Computador.
Em Paranóia, você representará um Agente Atirador a serviço do Computador. Você é um agente de confiança do Computador.
Como é que eu me tornei um Agente Atirador?
Você acusou um amigo de traição. Ele foi executado pelo crime de traição ao Computador, que o recompensou por sua lealdade.
O que faz um Agente Atirador?
Seu dever é descobrir os traidores e executá-los. Em outras palavras, encontrar problemas... e, então, atirar neles.
O que é um "traidor"?
Um traidor é um ser humano vil e maligno que traiu o seu amigo, o Computador, e que procura destruir o Computador, a humanidade, o Complexo Alfa e a vida como nós conhecemos. Os traidores devem ser desmascarados e destruídos.
Todos os mutantes são traidores. Eles são geneticamente imperfeitos. Não têm lugar na utopia. Devem ser eliminados.
Todos os membros das sociedades secretas são traidores. Eles pertencem a organizações que não foram sanciionadas pelo Computador. Conspiram contra o Computador e devem ser destruídos.
Por falar nisso... você é um mutante. E um membro de uma sociedade secreta.
Eu sou um... mutante?
Claro. Todos os Agentes Atiradores ficariam felizes em demascará-lo como um traidor e executá-lo. Você trabalhará com muitos Agentes Atiradores. Todos eles têm armas poderosas.
Deixa ver se entendi. Eu sou um traidor. A punição para a traição é a morte. Meu emprego é caçar e matar traidores. Eu trabalho com outras pessoas que têm as mesmas ordens. Todas elas querem me matar.
Não é bem isso. Todas elas querem matar traidores. Elas não sabem que você é um mutante traidor e Comuna... ainda.
E se elas descobrirem que eu sou um mutante, elas me matarão?
Elas tentarão. É claro que se você provar que elas são culpadas de traição antes, elas serão executados, e você sobreviverá. Acusações de traição falsas também são traição.
Então eu quero provar que elas são traidoras antes que elas provem que eu sou um traidor. Senão... eu morro.
Exatamente. Cuidado! Existem traidores por toda a parte!
Falando nisso: traidores mortos não podem testemunhar sua própria inocência - ou testemunhar contra você. É melhor atirar antes e fazer perguntas depois.
Fique alerta! Não confie em ninguém! Mantenha seu laser à mão!
Você tem certeza que isto vai ser divertido?
Claro que vai ser divertido, cidadão. O computador é que disse. O computador é seu amigo. Como você pode duvidar do Computador?
Duvidar do Computador é traição.
Não! Não, é claro que não. Se o Computador disse que vai ser divertido, então com certeza vai ser divertido. Somente um traidor Comuna mutante pensaria de outra forma.
Excelente, cidadão. Você está começando a pegar o jeito. Você acaba de ser promovido para o nível de segurança Vermelho. Benvido a Paranóia.

Ambientação
Em Paranóia, em um futuro de humor negro, você representa um pacato cidadão do Complexo Alfa, um emaranhado de salas, túneis, gigantescas estruturas debaixo da terra, com processos burocráticos que assustariam até o CPI do Congresso. Tudo é controlado pelo Computador, que cria uma utopia para seus habitantes. Não há fome nem guerras, o Computador providência tudo.

Para manter essa ordem, o Computador dispõem de fiéis servidores, os Agentes Atiradores. Representam os tentáculos do Computador, solucionam qualquer problema que ameaçe o Complexo. Sim, há muitas ameaças ao Complexo, perigosas até diria, há traidores por toda a parte, traidores sujos, infiéis e asquerosos. Ser traidor a única coisa que o Computador não tolera, utiliza todos os meios possíveis, que não sejam traidores, para eliminar traidores. Entre traições podemos citar algumas, como, por exemplo, não estar feliz, falta grave para o benevolente Computador, estar feliz é obrigatório. Como traição também entra estar sujo, ser comunista, deixar de relatar uma missão, possuir objetos pessoais não autorizados, ser mutante, ser membro de uma sociedade secreta, não respeitar normas de cores, possuir o cadarço desamarrado, faltar com respeito a níveis superiores, blá blá blá, blá'báblaá... A traição, apenas como informação, é punida com execução sumária. Bom, talvez seja por isso que é tão fácil morrer no Complexo Alfa.
Mas ser Agente Atirador não significa que você esteja fora dos olhares punitivos do Computador, para facilitar o controle, ele criou divisões em cores para representar o grau de lealdade de um cidadão. A ralé, o povão e as massas imundas são de nível de segurança Infravermelho, um Agente Atirador recém formado é Vermelho, depois vem o Laranja, Ouro, Esmeralda, Azul, Índigo, Púrpura e por fim o Ultravioleta, estes últimos considerados como Altos Programadores, os "puxa-saco", os protegidinhos do Computador.
Por fim, você, junto com seus colegas Atiradores, é que vai ter que ter controlar, em nome do Computador, o Complexo Alfa. Mas esteja atento, pois há muitas pessoas, perigosamente armadas com laser e outras engenhocas megamortíferas, que adorariam descobrir se você é um traidor, pois se conseguirem desmascarar um traidor significa que poderão subir de status, ou seja, receber promoções e glórias, ter mais direitos e menos deveres, regras menos punitivas e outras coisas essenciais à saúde.
Ah, por falar nisso você não é um traidor? Saiba que deixar de dizer que é um traidor é traição! E traição é punida com a morte! Não, não tem nada de mas ou não fui eu ... CLICK! ... bom, já que você vai ser executado mesmo, posso ficar com suas botas? Quê, não? Então coma partículas de plasma seu mutante traidor sujo e comuna ...... ZÁÁÁÁSSSSS! ...... PUFFFF!

Sistema de jogo

Paranóia dá mais valor à representação do personagem do que regras e outras implicações de sistema. O Complexo Alfa é um lugar muito fácil de morrer, por isso é mais importante, mais fácil e divertido, que você consiga sair dos problemas sem atazanar o mestre com regras intrincadas que você viu em algum lugar. É melhor simplesmente jogar-se no chão e pedir clemência... também jogar a culpa no companheiro, claro.
O sistema de Paranóia é difícil de ser jogado em uma campanha, sendo mais indicado para seqüência curta de aventuras, mesmo por que é improvável que os personagens consigam sobreviver a tanto tempo. Pelo Complexo ser perigoso, o jogador dispõe de mais cinco clones, exatamente iguais ao primeiro, que seriam como vidas extras em um videogame. A chamada família clonal é para facilitar o jogo e não ter que interromper a sessão a toda hora para fazer uma nova planilha.
O combate também é simplificado, chama-se de Sistema Tático Dramático, onde vale mais a interpretação e a imaginação do que atributos e habilidades. Atos de interpretação terá grande influência nas decisões do mestre. Exemplo de um combate típico de Paranóia:
Jogador: Bah! Para trás, covardes medrosos! Eu salto sobre a barricada no meio da chuva de balas, semeando granadas, avançando resolutamente contra os traidores comunas enquanto canto "O Computador é meu chapinha, e nada me faltará..."
Mestre: Bravo! Bravíssimo! Bem... (joga umas trinta vezes pelos ataques de arma automáticas dos traidores comunas, suspira pesarosamente) eles fazem picadinho de você... (jogo os dados novamente, pelas granadas; ignora descaradamente os resultados) mas todas as suas granadas atingem milagrosamente os alvos, a ameaça comuna é eliminada. Você recebe postumamente o Monitor de Prata com Placas de Circuitos Cruzados pela coragem, e seu próximo clone recebe uma grande promoção. Uma salva de palmas, por favor. Faça um bom show, e o Destino sorrirá para você. (Destino é aquele cara que fica escondido atrás de umas tabelas e vive dizendo o que você tem que fazer e o que acontece.)
Paranóia é assim, rápido e ágil, sem prender-se às regras.
Sirva ao Computador! O computador é seu amigo! Se for leal, você será recompensado. --- Claro que é uma boa idéia servir a si mesmo, servir a seus amigos para que eles sirvam à você. Isso quer dizer que você pode, ou deve, ser corrupto, falso, asqueroso, mentiroso e utilizar-se de todas as maneiras extra-oficiais para conseguir status e riqueza. Essa é a etiqueta de Paranóia, dar impressão de lealdade enquanto apunhala pelas costas (tudo isso sem ninguém ter visto, certamente).
O sistema utiliza apenas dados de vinte faces, facilitando os testes durante o jogo. E, apesar de não ser necessariamente necessário para o jogo (Ahn?), a utilização de tabuleiro e miniaturas ajuda muito para dar um toque a mais ao sistema dramático. Mas lembre-se: sem preucupar-se com medidas de régua, milímetros a mais ou posição das miniaturas, o que vale realmente é a decisão do mestre, que é sempre justo e arbitrário e imparcial... (Ha! ha! ha! ha! Essa foi boa, imparcial. ha! ha! ha!...)
Paranóia é isso, seja feliz ou você pode ser usado como blindagem de reator nuclear!

O livro
O livro de Paranóia, com 150 folhas, já foi traduzido pela Devir, ele possui um texto fácil e muito engraçado. O interior é preto e branco (salvo algumas páginas em grayscale e a capa é colorida. Junto vem alguns formulários e um encarte com planilhas, tabelas e mapas para facilitar a vida do mestre. Algumas livrarias colocam junto ao pacote um dado de vinte faces como brinde. O jogo custa R$ 26,00 e vale o preço!

Qualquer dúvida sobre Paranóia mail-me: StormKnight Address. Vale qualquer coisa, elogios, perguntas, mais informações, idéias, xingamentos, encher meu saco, crítica destrutiva, qualquer coisa mesmo... Ah, antes de mandar, vai com calma, eu sou um carinha legal, não mereço tudo isso. (Foi mamãe que disse que eu sou legal!)
Volta para o OCDNí - Role Playing Game