A Estrada de Ferro Sapucahy

Revive em Pouso Alegre!

A Estrada de Ferro Sapucahy, depois denominada Companhia Viação Férrea Sapucahy, foi organizada para explorar diversas concessões de ferrovias feitas pelo Governo Mineiro e outras feitas pelo governo do Rio de Janeiro, inclusive vias que estavam em tráfego na época, como a saída para o mar através do porto de Angra dos Reis. A concessão original data de setembro de 1881, de acordo com a lei provincial de nº 2.788.

O trecho da Cia. Viação Férrea Sapucahy que passa por Pouso Alegre teve seu princípio em 1890, inicialmente ligando Soledade, estação da E. F. Minas e Rio até Eleutério, estação da Cia. Mogyana perto de Mogi-Mirim (S.P.). A estrada percorria o extremo-sul de Minas Gerais até atingir Bom Jardim, na linha de Catalão-Angra da E. F. Oeste de Minas (EFOM). De Bom Jardim, seguia até Rio Preto, divisa do Estado do Rio de Janeiro, próximo a Passa Tres. Com o crescimento da empresa, esta acabou absorvendo a E. F.Pirahyense, que havia sido constituída entre 1879 e 1883.

Se você clicar no mapa acima, verá a extensão das linhas da empresa, estações e ferrovias com as quais a Sapucahy fazia contato, pois era uma empresa de um porte considerado grande para a época, uma vez que suas linhas atingiram 3 estados (São Paulo, Minas e Rio) e a estrada de ferro mantinha ainda uma companhia de navegação a vapor no rio Sapucahy. No total, a extensão dos seus trilhos no território Mineiro atingia cerca de 370 km.

Entretanto, com o passar do tempo e o acúmulo de prejuízos, a Viação Férrea Sapucahy foi encampada pelo governo mineiro, e, juntamente com outras, passou a constituir a Rede Sul Mineira, até que em 1931, foi constituída a Rede Mineira de Viação, englobando, além da Sapucahy, as seguintes estradas de ferro deste Estado. Estrada de Ferro Oeste de Minas; Estrada de Ferro Minas ao Rio; Estrada de Ferro Muzambinho; Viação Férrea Sapucahy; Estrada de Ferro Trespontana; Estrada de Ferro Machadense; Estrada de Ferro São Gonçalo; Estrada de Ferro Paracatu; Se você clicar no mapa ao lado, verá as linhas da R.M.V.

Mais recentemente, a recuperação pelo menos uma parte da Estrada de Ferro Sapucai era um grande sonho da Associação Pró-Ferrovia do Sul de Minas Gerais (APFSMG), de Pouso Alegre, um grupo que há anos luta para trazer de novo o trem para Pouso Alegre e região. Esse sonho começou a transformar-se em realidade a partir de 1997, quando foi autorizada a restauração do trecho que passa por Pouso alegre, o qual, por não estar mais sendo utilizado comercialmente pela RFFSA, estava em situação de abandono.

A partir daí, a APFSMG veio desenvolvendo um trabalho artesanal de recomposição do trecho da via férrea, utilizando materiais (trilhos, sinalização, dormentes) de outras ferrovias também desativadas, que culminou com a obtenção de uma locomotiva do tipo "Maria Fumaça", uma baldwin de 1910 --vinda de Borborema-SP--, três carros de passageiros e um carro-restaurante, estes últimos dos anos 50/60 e oriundos de Três Corações.

Essa concessão, obtida na época junto ao Presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, deu grande impulso à iniciativa e em 1998 foi construída uma simpática estação de passageiros --futuramente talvez um museu da ferrovia--, formando-se assim um complexo ferroviário interessante, recentemente tombado pela Prefeitura local. O trecho restaurado, inicialmente de 8 km, tem entre suas atrações a passagem por uma ponte ferroviária da época que encontra-se em excelente estado de preservação, compondo um panorama muito bonito quando da passagem da composição. Facilmente as pessoas que fazem o passeio sentem-se transportadas de volta ao passado, a uma época que não volta mais, ouvindo o apito da Maria Fumaça e passando por paisagens de grande beleza natural. O passeio dura cerca de uma hora e vale a pena.

Futuramente, a APFSMG pretende colocar mais uma "Maria Fumaça" para funcionar e aumentar o trajeto para 16 km, o que transformará a viagem em um passeio muito mais agradável, principalmente se você aproveitar para experimentar uma deliciosa comida caseira --tipicamente mineira-- no vagão-restaurante. Será também uma oportunidade de conhecermos melhor esse transporte, que foi o grande responsável, juntamente com a cultura do café, pelo grande desenvolvimento que essa região do país hoje tem.

Se você quer saber um pouco mais do trabalho que foi realizado, clique na figura abaixo

Página desenvolvida por Marcello Tálamo

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