I-4 * Janeiro-Abril de 1999

Se eu te dissesse

Se eu te dissesse que cindindo os mares,
Triste, pendido sobre a vítrea vaga,
Eu desfolhava de teu nome as pétalas
Ao salso vento, que as marés afaga...

Se eu te dissess que por ermos cimos,
Do monte ao vale, da chapada à selva,
Junto comigo vagueou tua alma,
Junta comigo pernoitou na relva;

Se eu te dissesse que ao relento frio
Dei minha fronte à viração gemente,
E olhando o rumo de teu lar - saudoso
Molhei as trevas de meu pranto algente;

Se eu te dissesse, bela flor das salas!
Que eu dei teu nome dos sertões às flores!...
E ousei, na trova emque os pastores gemem,
Por ti, senhora, improvisar amores;

Se eu te dissesse que tu foste a concha
Que o peregrino traz da Terra-Santa,
Mago amuleto que no seio mora,
Doce relíquia... talismã que encanta...;

Se eu te dissesse que tu foste a rosa
Que ornava a gorra ao menestrel divino;
Cruz que o Templário conchegava ao peito
Quando nas naves reboava o hino;

Se eu te dissesse que tu és, criança!
O anjo-da-guarda que me orvalha as preces...;
Se eu te dissesse...-Foi talvez mentira!-
Se eu te dissesse... Tu talvez dissesses...

Castro Alves


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