GRÊMIO 2x1 PEÑAROL
Imponente, o capitão Hugo De León ergueu a Taça Libertadores da América diante da tribuna social. Sangrava na testa. Ao seu lado, também com o rosto tingido de vermelho, Tita ajudava a levantar o imenso troféu. A torcida delirava. Era noite de 28 de julho de 1983, data da até então maior conquista do clube em seus 80 anos de existência - a do título de campeão da América.
Foi uma vitória de 2x1 sobre o Peñarol de Montevidéu, campeão do ano anterior. Uma semana antes, o Grêmio já realizara uma façanha: empatara com o adversário uruguaio dentro do Estádio Centenário, em Montevidéu, por 1x1 - gols de Tita e Morena. Com isso, bastaria vencer a segunda partida, no Olímpico - coisa que cada uma das 75.000 pessoas presentes tinha certeza de que iria acontecer.
Apenas se sabia que não seria fácil e que o Peñarol apelaria para a violência. Isso se confirmou já aos 4 minutos quando o zagueiro Oliveira acertou uma cotovelada no rosto de Renato. Mas aos 10 o Grêmio, que só se preocupava em jogar futebol, fez seu primeiro gol: Casemiro passou a Osvaldo, que se infriltou rapidamente pela esquerda e cruzou rasteiro para a pequena área, Caio entrou livre pelo outro e só encostou para o gol vazio. Era a lógica: jogadores ágeis e velozes, dispostos a atacar, furavam uma defesa formada por becões pesados.
Mas como é comum em grandes decisões, o Grêmio recuou para garantir o resultado. O Peñarol aproveitou o espaço e fechou o primeiro tempo desperdiçando duas chances de gol: aos 37 minutos Saralegui chutou por cima, e, aos 40, Casemiro salvou um gol nos pés de Oliveira.
Os uruguaios continuaram pressionando até os 25 do segundo tempo, quando Ramos bateu falta da ponta direita e Morena cabeceou para as redes. Para eles, servia. Para o Grêmio, no entanto, não era negócio decidir o título num terceiro jogo no Paraguai.Logo após o empate, o Peñarol quase fez o segundo, mas De León salvou em cima da linha, com Mazaropi já batido no lance. Assim, empurrado pela torcida, o time se atirou à frente com todas as forças.
Passou a explorar mais as jogadas com Renato, pela direita. Aos 32, cercado nalinha de fundo, o ponta encontra espaço para levantar a bola sobre os beques, no segundo pau. Por lá, entra um centroavante que, 14 minutos antes, substituíra Caio e mal havia tocado na bola: César. É um predestinado. Mergulha e cabeceia violentamente, com tanta força que o goleiro Fernandéz toca na bola mas não consegue detê-la. É o gol da vitória. A desordenada pressão do Peñarol não assusta. A torcida já canta o título. Os uruguaios, desesperados, partem para a provocação: aos 42 minutos, Ramos agride Renato, recebe o troco e os dois são expulsos. Bastou o juiz peruano encerrar a partida para o Olímpico enlouquecer. A festa toma conta dos jogadores, da torcida, de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Nunca os gremistas haviam sofrida tanto em um jogo, mas valeu a pena. Com certeza, este dia ficará eternizado na memória dos torcedores.
GRÊMIO: Mazaropi, Paulo Roberto, Hugo De León, Baideck e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato, Caio (César) e Tarciso. Técnico: Valdir Espinosa
PEÑAROL: Fernandéz, Montelongo, Oliveira, Gutierrez e Diogo; Bossio, Saralegui e Salazar; Venâncio Ramos, Morena e Silva (Peirano). Técnico: Hugo Bacnolo
Gols: Caio 10'; Morena 70'; César 77'
Renda: Cr$ 113.400,00
Público: 75.000
Árbitro: Edson Perez (Peru)
Data: 28/07/1983