Bate-boca expõe desavenças no LEC
Coordenador-geral e presidente da SAL trocam acusações numa semana de reuniões fracassadas sobre quem comandará o clube.
A guerra está declarada. De um lado, Marcos Alexandre Domingues, presidente da Sociedade Amigos do Londrina. De outro lado, Célio Guergoletto, coordenador geral do clube. O tiroteio, detonado anteontem, colocou mais lenha na fogueira das complicadas negociações que envolvem a tentativa de se romper o contrato de terceirização entre o clube e a SAL, iniciado em agosto de 1996 e que vai até o ano 2000.
Guergoletto acusa Marcos Alexandre de dificultar um eventual acordo para o afastamento definitivo da SAL do Londrina, ao retardar a entrega da lista de despesa - R$ 950 mil - relativas ao investimento que a entidade teria feito no clube até o primeiro semestre de 98, quando o tubarão foi rebaixado para a Segunda divisão paranaense. O presidente do conselho deliberativo, Antonio Amaral, ouviu de Marcos Alexandre e Fábio Scaff que, juntos, os dois colocaram R$ 410 mil do próprio bolso. "Puseram onde? E Qual é o problema para que mostrem os comprovantes?", pergunta Guergoletto.
O diretor jurídico da SAL, Mauro Viotto, que cuida dos interesses de Marcos Alexandre, prometeu relacionar os itens das dívidas referentes aos R$ 410 mil para apresentá-lo a Amaral até a próxima Quarta-feira. Os R$ 150 mil que caberiam a SCAFF seriam compesados pelo passe do volante Paulo Sérgio, um dos partas-da-casa. O Londrina daria os passes de mais três ou quatro atletas dos juniores para cobrir os R$ 260 mil que Marcos Alexandre cobra do Londrina.
"Três ou quatro? Todos os juniores foram revelados pela SAL, e portanto, nos pertencem. Mas, se acertarem o que nos devem, não queremos nenhum deles. Caso contrário, faremos prevalecer nossos legítimos direitos de negociá-los para honrar os compromissos que assumimos", diz Marcos Alexandre, ao se referir às emperradas conversações que se desenrolaram durante a semana.
Guergoletto critica o que considera 'falta de coerência' de Marcos Alexandre. "Se insistirem em levar os juniores, nosso único patrimônio, temos dois caminhos: ou fechamos o Londrina ou entregamos o clube definitivamente à SAL. Se eles (a SAL) já colocaram o time na Segunda divisão paranaense, só espero que não o rebaixem ainda mais", provoca guergoletto.
"Declarações desse tipo revelam o caráter do Célio, que não é nada no Londrina e não pode legalmente exigir qualquer prestação de contas. Quem é ele? Ele é o que no clube, se nem cargo tem. Ao me consta, o Célio apenas atuou como coordenador durante a Série B", retruca Marcos Alexandre, que vê 'manobras políticas' do desfeito.
"O Marcos não me deve nada e não tem a obrigação de me mostrar os comprovantes das dívidas. O que ele precisa é se explicar para os torcedores e para a sociedade londrinense. As coisas não podem continuar continuar no escuro. O Marcos me ataca, mas se esquece que ele mesmo me chamava de trator nos tempos em que eu saía da pasta nas mão pra vender Kits. Se quiserem que eu saio, eu vou embora. Sou um simples colaborador do Londrina", diz Guergoletto.
"É verdade que o Célio era um trator, mas virou bicicleta. Ele que não venha passar em cima da gente na base da prepotência. Ele ironiza a nossa queda para a Segunda divisão, mas procura ignorar que não tivemos ajuda financeira de ninguém. Não nos repassaram nem os R$ 70 mil mensais aprovados na Câmara Municipal. Nossas contas, que são públicas e limpas, estão à disposição de quem quiser conferí-las. Menos para ele, que usa o assunto como pretexto para criar intrigas. Não vou permitir que denígram minha imagem. O Célio me pede mais clareza, mas esconde o nome de um suposto empresário que iria liderar a nova diretoria. Então, que ele dê o nome. Porque tanto segredo? Também torço pelo bem do Londrina. Se surgir alguém capaz de tocá-lo, não seria eu que iria atrapalhar."
Em meio ao bate-boca, o futuro do clube permanece indefinido. O Londrina Esporte Clube tem jogo marcado para o dia 24, contra o Atlético, em Curitiba, pela semi-final da Copa Paraná. E, as três semanas do primeiro compromisso de 99, não sabe que vai comandá-lo na próxima temporada.