Música No Planeta Terra |
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RICK WAKEMAN – Mago dos teclados ou Fraude? Parte II Na minha coluna (ou comentário) anterior, publiquei um texto de Antônio Escarlate com a (polêmica) opinião dele sobre o tecladista RICK WAKEMAN. Acontece que era a opinião DELE. Novamente ressalto que o achei corajoso, porque as pessoas não costumam manifestar-se contra os que costumam ser maioria. Não é à toa que o dramaturgo NELSON RODRIGUES costumava dizer que “Toda unanimidade é burra!”. Graças ao Escarlate, RW não é uma unanimidade e por isso nos livramos da pecha (ou até do estigma) de “burros”. Agradeço aos “Escarlates” por manterem suas posições independente do que os outros achem, até mesmo do que eu acho. Mas, a “pancadaria” comeu solta pra tudo quanto é lado. Alguns colegas de listas de discussão da WEB reclamaram (e muito) do texto. Alguns partiram pra ignorância mesmo e outros foram menos passionais e buscaram justificar sua opinião com fatos interessantes. Se você é um leitor habitual daqui e do COMENTANDO (www.oocities.org/comentando) você é dos que sabem que eu gosto do RW. Não de tudo. Alguns discos dele eu preferia nem lembrar que foram gravados. Uma fonte interessante sobre os trabalhos de RW é o seu próprio site (http://www.rwcc.com) RICK WAKEMAN'S COMMUNICATIONS CENTRE onde pra cada álbum (e são muitos) há um comentário sobre o título de “A Perspectiva de RW”. Você precisa estar com seu inglês em dia. Mas o que me levou a colocar esse comentário dele aqui, foi porque acho que em primeiro lugar, devemos ouvir ou ler todas as opiniões, principalmente aquelas que não coincidem com a nossa, o que foi o caso dessa. Descobri o RW dentro do YES, só depois vim a saber de sua participação nos STRAWBS e com ELTON JOHN, que em nada se pareciam com o que ele fez no YES. Na época, ele era o rei absoluto do rock sinfônico. KEITH EMERSON era rei, mas de outro reino, o do intrincado malabarismo musical (não é pejorativo não). Outros tecladistas não chegavam nem perto desses dois. O primeiro trabalho de RW – SIX WIFES OF HENRY VIII – foi um tremendo divisor de águas pra mim. Ali estava todo o fogo que eu gostava de ouvir no YES sem a (quase) chatura (desculpem os fãs) dos solos do STEVE HOWE (sempre tive uma queda pelo outro STEVE, o HACKET, mas isso é outra história). As composições podiam não serem obras primas, mas os arranjos, as colocações dos instrumentos eram fantásticas naqueles anos 70. A seguir ele fez JOURNEY TO THE CENTRE OF THE EARTH e eu novamente gostei, apesar das letras e apesar das interrupções para a narrativa aquilo soava incrível. Com o álbum seguinte, mais sinfônico e mais orquestrado MYTHS AND LEGEND eu estava no paraíso, lembro de ligar para as lojas de disco importado louco pra saber se já havia chegado. Eram tempos difíceis em que colocar as mãos em um novo disco requeria muito mais trabalho das pernas do que hoje. Entretanto quando ouvi NO EARTHLY CONNECTION fiquei decepcionado. Não o suficiente para deixar de ir ao Projeto Aquarius e vê-lo e ouvi-lo ao vivo, algo mais raro ainda naqueles tempos. Curioso, que quando comprei o CD, descobri que ele não havia envelhecido. A música se sustentava melhor, mesmo com algumas letras de gosto discutível, mas isso parece ser uma constante nos discos de progressivo. Os anos foram se passando e WHITE ROCK me fez novamente cair o queixo, ainda mais por contar apenas com o baterista TONY FERNANDES além do próprio RW. Quando ele veio pela enésima vez ao Brasil, fui vê-lo no Canecão e de jeito nenhum foi decepcionante. Estavam lá o fogo, a técnica e uma excelente banda com o mesmo TONY FERNANDES e ADAM WAKEMAN, que seguiu os passos do pai. Como falei antes, muitos álbuns dele não me dizem nada e outros me dizem que gravar demais pode até ser perigoso. Quando a informação ainda era coisa pra poucos, li uma entrevista dele em que dizia ter gravado discos de NEW AGE, mas que não tinha a mínima idéia do que tinha feito (estranho, não?). Ele contava que montaram o aparato de gravação para o piano em um palco e a técnica embaixo. Ele tocava, eles gravavam e o que prestou virou disco. Não um, mas vários álbuns de música pouco inspirada. Parecia que havia um contrato a ser cumprido e essa foi a maneira mais eficaz de faze-lo. O que sempre tento lembrar é que o processo criativo é algo incontrolável. As condições no mundo moderno pra isso, estão cada vez piores. Existem poucos dispostos a investir em música (leia-se cultura) e muitos interessados em faturar com alguma fórmula que tenha dado certo. Quem se lembra dos MENUDOS ou do GERA SAMBA, depois É O TCHAN, sabe que produtores não estão sempre preocupados com qualidade. Opiniões como a do meu corajoso amigo, são boas pra dar uma sacudida e nos fazer pensar sobre o que realmente gostamos. Sobre o que estamos precisando ouvir. Da minha parte, sinto muita falta de ouvir alguma coisa que me soe como novo. Às vezes tenho a impressão de que tudo já foi feito. Aí me lembro de um pianista amigo, que se recusava a compor, por dizer que eram só doze notas e que não havia mais nada a criar. Todas as melodias já haviam sido escritas, todas as possibilidades harmônicas já haviam sido feitas. Talvez fosse exagero dele, mas hoje começo a achar que talvez ele tenha razão...ou não? T+ |
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Alex Saba é músico, compositor, |