UM DIA CHUVOSO

A Borboletinha acordou cedo e logo resolveu visitar a amiga Margarida que há muito não via.
Ao sair de sua casa na árvore, percebeu que o tempo  fechado anunciava um dia chuvoso, pensou:
- Será que devo realmente ir ? Se chover muito, como faço para voltar ?
- Quer saber, vou assim mesmo, só não posso esquecer do meu guarda-chuvinha.
E voou em direção à casa da amiga flor.
O céu trovoava anunciando que uma nuvem carregada logo molharia tudo.
Encontrou a flor na beira do lago Azul.
- Olá Dona Margarida, como vai você ?
- Oi amiga, vou muito bem !  Hoje mais feliz que nunca - respondeu .
- Por quê ? O que vai acontecer  para tanta felicidade ?
- Ora borboleta, vou tomar um delicioso banho de chuva, logo, logo.
- Mas você pode pegar um resfriado e ficar muito doente.
- Imagine, amiga. Nós plantas somos diferentes de vocês insetos.
Adoramos a água e quando chove é a maior alegria .
- É verdade ? E por que as plantas gostam tanto da chuva ?
- Porque é a forma de tomarmos banho e bebermos muita água, você não bebe?
- Claro que sim,  todos os dias tomo vários copos de água.
- Então nós também precisamos de água, e aproveitamos quando chove.
- E quando fica muitos dias sem chover, como vocês fazem ?
- Nós temos uma reserva de água na terra. Quando não chove usamos nossas raízes
para sugar a água dessa reserva.
- E quando acaba essa água do solo ?
- Bem, aí ficamos com as folhas ressecadas e começamos a murchar.
- Nossa ! Se água não viér vocês já eram ?
- Exatamente. Por isso que a água é tão importante para nós.
- Agora entendi porque você está tão feliz com a chuva. Mas o que acontece com a
água que cai da chuva e que vocês não bebem ?
- Uma parte seca na terra e outra parte corre para os rios.
- Então é por isso que os rios enchem bastante depois da chuva ?
- Sim. O rio fica cheio e corre molhando os lugares qem ue não choveu.
O que me entristece - disse a flor - é que há muitos homens por ai destruindo e poluindo os rios.
Isso é um crime para as plantas.
- É muito triste viver sem água. Mas eu detesto me molhar na chuva - confessou a borboleta.
- E o que faz quando chove bastante? Perguntou, curiosa a flor.
- Eu ? Olha, eu procuro uma árvore cheia de galhos e me escondo debaixo deles,
mas se chover bastante e começar a me molhar corro para um galho maior.
Saio procurando rapidinho um lugar seco. Quando a chuva passa eu volto para casa.
De lá só saio quanto o sol aparece.
- Não acredito ! Não toma banho na chuva ?
- Pra que ? Para ficar toda ensopada, com os cabelos todos molhados e a roupa suja.
- Não, prefiro ficar sequinha numa árvore. Aguardando a volta do sol para passear.
E a chuva chegou, forte e barulhenta. Dona Margarida começou a cantar de tanta
felicidade e a pequena borboleta na beira do lago, abriu o guarda-chuva e não sabia para onde voar.
Procurou uma árvore, mas mesmo assim estava se molhando. Voou para outro galho,
mas a tempestade era maior.
A flor balançava os braços de um lado para outro e suspirava.
A Borboletinha não acreditava no que estava acontecendo.
O vento soprou despenteando seu cabelo e arrastando seu guarda chuva para bem longe.
Já não enxergava mais nada, porque os óculos estavam embaçados e sua roupa molhada.
Dona Margarida só ria da amiga que entrava em pânico com aquela experiência .
- Mas amiga, você não toma banho ?
- Claro que sim, mas não é na chuva que me lavo, é em casa.
Naquele momento apareceu o porquinho Léo e sua namorada Deise.
Os dois usavam capas de chuva e botas para não pisar na lama.
O porquinho Léo ainda segurava um guarda-chuva imenso para não se molhar.
- Borboletinha, não acredito no que vejo - disse ele - você me ensinou que era feio
tomar banho na lama agora faz igual. O que é isso ?
A borboleta sem graça tentou explicar:
- Sabe, seu Léo, estava aqui conversando com a flor e de repente a chuva
chegou me pegando de surpresa.
Procurei uma lugar seco para me proteger, mas não achei e acabei tomando esse banho.
- Devo estar horrorosa.
- Está sim - respondeu ele - toda despenteada e com barro pela roupa toda.
- Você deveria ser mais cuidadosa, pode ficar doente. Cadê seu guarda-chuva ?
- O vento levou - disse
- Deise, minha querida - disse o porquinho - vamos embora daqui . Já vi sujeira demais por hoje.
Se despediram e partiram.
A borboleta estava quase chorando quando amiga falou:
- Já que está nessa situação, por que não aproveita ? Não é todo dia que toma banho na chuva.
- Não - respondeu a borboleta.
- Relaxe e aproveite. Vamos brincar na chuva !
- Você tem razão, vamos tomar banho na chuva. Parece muito divertido.
Depois tomo um banho quentinho e volto a ser a borboletinha comportada.
- Isso mesmo, minha amiga, aproveite a água.
- Nossa como é gostoso tomar de chuva com esse calor ...

F I M


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