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Infecções urinárias na mulher

A infecção das vias urinárias é um problema que afectará cerca de 40% das mulheres ao longo da sua vida. Não sendo, geralmente, uma situação grave tem impacto na vida destas pessoas, pelo desconforto e despesa que provoca, bem como pelos gastos que origina aos sistemas de saúde e às empresas.

Por exemplo, nos Estados Unidos as infecções urinárias são responsáveis por cerca de 6 milhões de consultas de Clínica Geral por ano e mil milhões de dólares de despesas (1).

As mulheres, a partir dos 3 meses de idade, têm cerca de 8 vezes mais infecções que os homens. Acredita-se que isto é devido a motivos anatómicos - a uretra mais curta - e à ausência das secreções da próstata masculina que são inibitórias. Mas também existe uma predisposição por motivos de:

actividade sexual: o coito facilita que as bactérias da bexiga e da uretra "subam" penetrando ao longo das vias urinárias.

Não urinar quando se tem vontade: a retenção voluntária da urina facilita a aderência das bactérias às paredes da bexiga e vias urinárias.

uso de espermicidas (produtos em creme, gel ou "esponjas", na vagina com intuitos contraceptivos) ou de diafragmas que vão alterar a ecologia local ou impedir o esvaziamento eficaz da bexiga.

algumas mulheres estão geneticamente mais predispostas a sofrer este tipo de infecções.

menopausa porque altera a flora vaginal local.

algumas estirpes de bactérias que são mais agressivas.

Os sintomas, em adultos, variam entre:

dor, ardência ou desconforto ao urinar

sensação de pêso ou mal estar no fundo da barriga, abaixo do umbigo.

uma terrível vontade de urinar, embora se tenha acabado de o fazer há poucos minutos.

urinar muitas vezes, embora quase não haja urina.

Se não há febre, os sintomas são recentes e se trata de uma pessoa previamente saudável, as doentes podem ser tratadas empíricamente com três dias de um antibiótico.

Por exemplo o co-trimoxazol duas vezes por dia (2), nitrofurantoína quatro vezes por dia (3), cefadroxil duas vezes por dia (4) ou amoxicilina três vezes por dia (5).

A melhor relação custo-benefício, para infecções não complicadas, está no cotrimoxazol. Por vezes, devido aos seus efeitos secundários ou às resistências bacterianas, pode ser interessante usar medicamentos mais recentes, e mais caros, como a ciprofloxacina (6) ou a ofloxacina (7), duas vezes por dia.

Os esquemas de tratamento de três dias são tão eficazes como os velhos tratamentos de 10 dias em mulheres jovens com infecções não complicadas.

Nas mulheres com mais de 45 anos é prudente fazer tratamentos de 7 dias e obrigatório se tiver mais de 65 anos.

Não é necessário fazer controle após tratamento nas doentes com infecções urinárias não complicadas que permaneçam assintomáticas.

Na presença de:

febre maior que 38, 3 ºC

dor nas costas

conhecimento de malformação ou obstrução urinária ou renal

doença crónica anterior: diabetes, imunodepressão, insuficiência renal

três ou mais infecções no ano anterior, uso recente de antibióticos ou internamento recente em meio hospitalar

algaliação recente ou exame invasivo das vias urinárias

gravidez

sintomas durante mais de 7 dias

É provável que se trate de uma infecção complicada que necessita de procedimentos de avaliação e tratamento diferentes do habitual.

Infecções repetidas constituem um problema em cerca de 10 a 20% de todas as infecções não complicadas. Muitas vezes existe uma causa óbvia como a menopausa que pode ser corrigida.

Se a infecção ocorrer três ou mais vezes por ano pode optar-se por uma das seguintes estratégias:

infecções relacionadas com a actividade sexual: profilaxia com 1 único comprimido de co-trimoxazol ou nitrofurantoína ou norfloxacina (8) ou cefalexina, após o coito.

nos outros casos, 1 comprimido de qualquer dos medicamentos anteriores, todos os dias ou em dias alternados, durante 6 meses.

As infecções que não dão sintomas, na mulher adulta, só devem ser tratadas em mulheres grávidas ou que vão ser submetidas a exames às vias urinárias.


Estas linhas têm carácter meramente informativo e educacional. Não há qualquer intenção de propor orientações clínicas, nem devem ser utilizadas para tal. A informação contida é necessariamente incompleta e parcial, atendendo apenas a alguns aspectos do tema. Devem ser sempre utilizados os serviços de um médico para qualquer diagnóstico ou tratamento.


Referências e observações:

(1) Kunin C M. Urinary tract infection in females. Clin Infect Dis 1994; 18 (1): 1-12.

(2) bactrim ®, septrim ®, cotrim ®.

(3) furadantina ®.

(4) biofaxil ®, cefacile ®, ceforal ®, cefadroxil merck ®, cefra-om ®.

(5) amplamox ®, cipamox ®, clamoxyl ®, flemoxin ®, moxipen ®, oraminax ®, ospamox ®.

(6) carmicina ®, ciflan ®, ciplox ®, ciprofloxacina merck ®, ciproquinol ®, ciproxina ®, estecina ®, floxacipron ®, giroflox ®, keefloxin ®, megaflox ®, nivoflox ®, nixin ®, xorpic ®.

(7) bactoflox ®, bioquil ®, exocin ®, megasin ®, oflocet ®, tarivid ®.

(8) noroxin ®, quinoflex ®, taflox ®