A implantação do movimento psicanalítico na cidade de São Paulo

Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira

Eu gostaria de agradecer inicialmente ao grupo Rede dos Fóruns e em particular a Sara Hassan que teve a amabilidade de me convidar para apresentar este trabalho sobre a história da implantação da psicanálise na cidade de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa que venho desenvolvendo no quadro do doutorado que faço sob a orientação da professora Elisabeth Roudinesco, em Paris VII, Jussieu, na França.

Como socióloga de formação, o interesse pela história da psicanálise no Brasil surgiu da necessidade de compreender, no campo da história cultural, como e porquê esse saber se implantou e se difundiu e, igualmente, de conhecer as razões do sucesso das principais correntes teóricas e clínicas em território brasileiro.

Para elaborar essa história, eu parto do princípio de que as condições de implantação da psicanálise são indissociáveis da forma como essas idéias puderam encontrar pontos de sustentação no meio médico, social e cultural brasileiro.

A psicanálise pôde se implantar no Brasil, como em todos os lugares, graças à existência de um saber psiquiátrico moderno e, ao desenvolvimento das estruturas urbanas capazes de provocar modificações substanciais nas práticas sociais.

Para se entender as modalidades dessa implantação é necessário ainda levar em consideração as particularidades regionais e conjunturais. Além de diferentes, elas são determinantes para explicar os diversos caminhos que esse saber tomou em solo brasileiro.

Assim, por exemplo, pode-se dizer que no Rio de Janeiro, psicanálise se expande no universo psiquiátrico a partir da década de 1910, mas como um método da psiquiatria chegando mesmo a ser incluída nos Tratado de medicina Legal de Carlos Seidl e de Henrique Roxo. Este último, foi o responsável pela introdução do ensino da psicanálise na Faculdade de medicina do Rio de Janeiro. Outras figuras eminentes dessa primeira fase de difusão e implantação em solo carioca são Juliano Moreira e Júlio Porto Carrero.

Além disso, pode-se dizer ainda que nessa época, a psicanálise desperta também um certo interesse entre os educadores e intelectuais como o jornalista, escritor e conferencista Medeiros de Albuquerque que escreve artigos e faz conferências sobre Freud e a doutrina freudiana.

Mas enquanto a via de implantação da psicanálise no Rio de Janeiro é o universo psiquiátrico, como uma técnica da psiquiatria, em São Paulo o caminho será bem diferente.

Nesta cidade, o inicio do desenvolvimento da psicanálise vai se caracterizar menos pela adesão da medicina que por uma conjuntura sócio-econômica e cultural favorável. De outra forma dita, como um sistema de interpretação da sociedade moderna cujo, o dito popular «Freud explica!» é ilustrativo.

Para melhor compreender as diferentes fases que marcaram a difusão da psicanálise em território paulista, é possível estabelecer uma periodização que leve em consideração as diferentes problemáticas que cercaram e redefiniram essa prática ao longo da sua implantação.

Proponho considerar que a implantação da psicanálise em São Paulo se deu ao longo de 4 momentos: a difusão das idéias freudianas (1919-1936); a formação da primeira geração de psicanalistas (1937-1950); a expansão da psicanálise (1951-1975) e; o nascimento das novas Escolas de psicanálise (1976-1990).

Essa delimitação foi pensada em função de acontecimentos que configuram rupturas e redefinem trajetórias importantes na história do freudismo em São Paulo . Nós nos ocuparemos aqui das três primeiras fases, pois considero que a partir de meados dos anos 70, não se trata mais da implantação desse saber mas da proliferação das escolas e correntes da psicanálise.

I – A difusão das idéias freudianas

Nesta cidade, as idéias freudianas começam a se difundir a partir de 1919.

O texto fundador desse movimento é o artigo de Franco da Rocha intitulado Do delírio em geral, a aula inaugural feita na Faculdade de medicina que foi publicada no Jornal O Estado de São Paulo em 20/03/1919 e um opúsculo destinado aos formandos dessa mesma faculdade. Morto em 1933, ele publicou seis artigos sobre psicanálise, a maioria deles no jornal O Estado de São Paulo, além do seu livro "O pansexualismo na doutrina de Freud". Publicado em 1920, é reeditado em 1930 desta vez com o título a "A doutrina de Freud" Nos anos 20, essa eminente personalidade do mundo psiquiátrico, além de ter sido o primeiro psiquiatra dessa cidade, fundador e diretor do Hospital do Juqueri, ocupa também a cadeira de moléstias nervosas e mentais e de clínica psiquiátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo que deixa em 1923 assim como a direção do Hospital Juqueri, esta assumida por Antonio Carlos Pacheco e Silva.

Organicista, higienista, influente no meio acadêmico e com trânsito no circuito político, Pacheco e Silva, combatente feroz da psicanálise, é a principal personalidade do mundo psiquiátrico paulista entre os anos 2O e 50. É provavelmente por influência dele que a psicanálise encontra grande resistência no meio médico nessa primeira fase de implantação.

A essa oposição deve-se acrescentar uma disputa ferrenha que ele trava com o recém formado médico, Durval Marcondes. Sem experiência, visto por seus pares como um "homem esquisito", ele será ironizado, excluído do universo psiquiátrico paulista, terá todas as portas fechadas na universidade que são controladas por Pacheco e Silva. Entretanto, convencido da missão que se impôs de introduzir no Brasil a doutrina freudiana, Marcondes vai dedicar a sua vida à implantação da psicanálise, tornando-se assim o fundador desse movimento na América Latina. Em diversas ocasiões, ele tenta se impor apresentando os resultados positivos do tratamento psicanálitico que pratica em seu consultório. Ou ainda elaborando, sem sucesso, um projeto de criação do ensino de psicanálise inspirado no Instituto de Berlin, para a criação da Universidade de São Paulo em 1934.

Enquanto é combatida e boicotada pelo 'establishment neuropsiquiátrico'; a psicanálise encontra terreno fértil para a sua difusão graças ao contexto sócio-econômico da cidade e, o interesse que desperta no meio cultural da época e em particular no movimento modernista. Vejamos como isso se dá.

No começo da década de 20, São Paulo é a nova metrópole emergente do país. Impulsionada pelo sucesso da economia agro-exportadora do café, ela é a cidade brasileira que mais se beneficia da expansão da economia industrial provocada pela Revolução Científico-tecnológica dos anos 1870 na Europa. A cidade apresenta um crescimento econômico excepcional seguido de um extraordinário desenvolvimento tecnológico, artístico e cultural.

Classificada como a 11° cidade brasileira no primeiro recenseamento de 1872, em 1920, ela ocupa, a segunda posição, atrás da capital, Rio de Janeiro Com uma população oriunda basicamente do meio rural, composta de imigrantes principalmente de origem italiana e de correntes migratórias internas, São Paulo é, apesar da explosão demográfica e dos graves problemas que disso decorrem, um verdadeiro caos urbano que preocupa os espíritos e ocupa as páginas dos jornais.

Sem entrar em detalhes, a problemática urbana que a meu ver contribui para a difusão do freudismo nessa cidade, envolve um certo número de questões, que exigem respostas não só no que diz respeito aos problemas concretos como também no universo da subjetividade, tais como: estrutura espacial e habitacional totalmente anárquicas e paradoxais, conflitos sociais, crise do modelo patriarcal rural, enfraquecimento do discurso masculino, perda da autoridade paterna, efervescência da problemática familiar e em particular a construção da identidade feminina produzida pela nova forma de vida na cidade.

No começo dos anos 20, lembra Sevcenko (1992), os paulistas parecem divididos entre o desejo de modernidade e a crença no progresso e no futuro de um lado e, o medo, a angustia e a incerteza de outro. Esses novos citadinos procuram respostas a esse clima de tensões e violência em que se encontram submergidos. Com "os nervos à flor da pele", para usar uma expressão da época, eles suscitam o desejo de amparo de toda ordem, e em especial "espiritual e miraculoso" (Sevcenko, 1992, p.225). Nessa atmosfera "frenética" "a curiosidade sobre as teorias de Freud é enorme". Temas como a sexualidade, agressividade, fofoca e misticismo, feminismo são tratadospela imprensa, entre outros, à luz da psicologia social e da psicanálise, lembra Sevcenko (1992).

Um outro dado que contribui para a difusão da psicanálise em solo paulista, é o interesse dos intelectuais, escritores e artistas por essa problemática e, em particular, pelos que fundam a Semana de Arte Moderna de 1922.

Ao longo da década de 20 os modernistas exploram as teses freudianas nos principais textos e revistas desse movimento, sem que isso represente nenhum comprometimento ou preocupação de filiação à psicanálise e menos ainda de coerência teórica.

Ao contrário, eles fazem uso da psicanálise em diferentes níveis. Alguns se servem dessa disciplina para a construção do perfil psicológico de certos personagens como por exemplo Menotti del Piccha em seu romance Salomé.Escrito nos anos 30, ele é nitidamente inspirado de Estudos sobre a histeria de Bleuer e Freud. Ao passo que outros se limitam a flertes ocasionais. Neste caso, o saber psicanalítico parece funcionar mais como atualização bibliográfica que como tema de interesse científico e de reflexão. É o que se verifica, por exemplo, na produção literária de Alcântara Machado e em particular em seu romance Mana Maria, publicado em 1936 após sua morte.

Já outros, estabelecem um debate crítico e severo com os conceitos psicanalíticos. É o caso de Mário de Andrade e Oswald de Andrade Mário de Andrade, introduz as teses freudianas em seus escritos em grande parte por influência das leituras que faz dos psicólogos franceses e principalmente Ribot. Preocupado com a reflexão sobre um novo modelo de construção poética, ele se serve particularmente dos conceitos de pulsão, consciente e subconsciente e, sexualidade. Eles aparecem principalmente em Paulicea Desvairada, escrito em 1920 e publicado pela primeira vez em 1922 ; Amar, Verbo intransitivo (1927) e Macunaíma (1928). A partir dos anos 30, as "coisas freudianas" como dizia perdem completamente o interesse para ele.

Já o libertário Oswald de Andrade, entretêm uma leitura mais polêmica e irônica com as teses freudianas. Para ele, se Freud tem o mérito de identificar os pontos deficitários da sociedade capitalista e patriarcal, por outro lado, os conceitos freudianos de "sublimação" , "repressão", "instinto" e "castração" reafirmam as normas rígidas dessa civilização que ele, contrariamente a Freud, quer destruir. Leitor principalmente de "Totem e Tabu" (1913) e "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (1905), Oswald propõe "superar a contradição permanente do homem e o seu Tabu" (Andrade, 1970, p.18), não pela noção de sublimação das pulsões sexuais sugerido por Freud, mas pela proposição do "retorno à ancestralidade".

Encontramos referências à doutrina freudiana, não só na Revista de Antropofagia mas também em seus manifestos "Pau Brasil" e "Antropófago",assim como mais tarde em ensaios e memórias, como "Um homem sem profissão" (1954) ou "Memórias sentimentais de João Miramar"(1972).

Por outro lado, apesar desse debate intenso, entre os escritores modernistas com o freudismo, ao longo dos anos 20, só participam da fundação da primeira Sociedade de psicanálise, Menotti del Piccha e Cândido Mota Filho. Cabe lembrar que esses dois escritores pertencem à corrente mais conservadora desse movimento, os grupos Anta e Verdeamarelismo, de Plínio Salgado, e participam igualmente, em 1932, da fundação do partido de inspiração nazi-fascista, a Ação Integralista Brasileira (AIB).

Vale lembrar ainda que esse tipo de apropriação produz efeitos significativos no que se refere à implantação do saber psicanalítico no país e nas repercussões que ele terá no imaginário social. Isso porque, já nessa época, não somente eles deslocam esse saber do domínio médico, como introduzem a psicanálise no universo cultural e pelo viés da psicologia social.

Com respeito a esse período, um outro dado importante de assinalar diz respeito às publicações das obras de Freud em língua portuguêsa, assim como a grande difusão de autores freudianos.

A primeira tradução data de 1931. Trata-se de "Cinco lições de psicanálise", traduzido por Durval Marcondes e J.Barbosa Corrêa assistente da clínica médica da Faculdade de Medicina de São Paulo, e publicada pela Editora Nacional de São Paulo.

Após a tradução de Durval Marcondes, coube à editora Guanabara Waissman Koogan a responsabilidade da edição das primeiras obras de Freud. Com 7volumes, ela é composta de diversos textos selecionados e traduzidos por eminentes médicos cariocas: Elias Davidovich, Odillon Galloti, Moisés Gikovate, et J.P. Porto-Carrero e, publicados «com a autorização do autor».

Mais tarde, nos anos 50, algumas dessas traduções serão em parte retomadas pela editora Delta que publica pela primeira vez no Brasil, as obras completas em 10 volumes.

Cabe ainda ressaltar que ao longo desse período, como lembra Mokrejs (1993) vamos assistir a uma grande proliferação de traduções de outros autores freudianos assim como de trabalhos sobre a psicanálise, principalmente de Arthur Ramos. Além da sua tese de doutorado em Medicina, defendida em 1926, na Bahia, intitulada Primitivo e Loucura, ele publica, ao longo dos anos 30, uma série de artigos e livros inspirados na psicanálise. Entre eles vale destacar: Estudos de psychanalyse, (1931), Freud, Adler, Jung... (1933), e Educação e psychanalise (1934).

Assim sendo, é através da difusão pelo movimento literário, pela imprensa, em publicações especializadas e como um modelo explicativo da sociedade que a psicanálise se torna conhecida nesse período, ainda que de um público restrito, porém antes mesmo de ser praticada.

II. Formação da primeira geração de psicanalistas

Essa situação se altera, a partir de 1937, inaugurando um segundo período que vai até 1950. Ele vai da constituição do primeiro círculo de psicanalistas ao reconhecimento da Sociedade de Psicanálise de São Paulo pela International Psychoanalytical Association (IPA).

Os fatos que tipificam esse período são, a meu ver, a constituição do primeiro círculo de analistas em formação de acordo com as normas da IPA com a definição dos Estatutos da instituição em 1949; a sua penetração no meio universitário pelo curso de sociologia da Faculdade de Sociologia e política e, a intervenção na saúde pública principalmente com a criação de salas especiais para deficientes mentais.

As particularidades que marcam doravante a psicanálise devem ser compreendidas no contexto de expansão da IPA, com a instauração da obrigatoriedade da análise didática e da supervisão. Deve-se também levar em consideração a situação sócio-política local de ditadura e, no plano internacional, a Segunda Guerra Mundial.

O acontecimento que marca esse período é a chegada ao Brasil, em outubro de 1936, de Adelheid Koch.

Judia, berlinense, Koch, é uma mulher culta, amante das artes e de literatura, tal como seu pai formou-se em medicina antes de começar sua formação no prestigioso Instituto de Berlim. Analisanda de Otto Fenichel, faz supervião com Salomea Kempner e se torna membro da DPG em 1935.

Mas nessa Berlim, dos anos 30 os tempos são duros. Desde 1933, Adolf Hitler está no poder e os efeitos da política do nacional socialismo se fazem sentir no interior do movimento psicanalítico. Nessa data é aprovado o decreto de arianização das instituições médicas alemães e as obras de Freud como a dos escritores judeus são queimadas em praça pública.

Em 1934, no XIII Congresso da l'IPA, 24 dos 36 membros do Instituto de Berlin, quase todos judeus, já deixaram a Alemanha, Eles o fazem forçados também pela estratégia que ficou conhecida como de «salvamento da psicanálise» colocada em ação por Ernest Jones, então presidente da IPA.

(Roudinesco, Plon, 1998)

Após hesitar entre um exílio em Londres ou na Palestina, a jovem psicanalista, uma mulher de quarenta anos, sem experiência mas corajosa e impulsiva nos dizeres da sua filha, Esther Lenhardt, aceita a proposição de Jones e embarca com a família para São Paulo no mês de outubro de 1936.

Ironicamente, um mês antes do seu embarque, em setembro, uma outra judia, alemã, Olga Benário é obrigada a deixar o solo brasileiro. Essas duas mulheres cruzam o oceano no mesmo momento, uma extraditada pela ditadura de Vargas em direção à Alemanha por ser militante do Partido Comunista Brasileiro e esposa de Luis Carlos Prestes, outra fugindo do nazismo.

Apesar da sua falta de experiência, Koch é, em 1937, a primeira e única analista didata da América Latina autorizada pela IPA a vir para o Brasil.

Ela recebe a incumbência de contatar Durval Marcondes para formar o primeiro grupo de analistas brasileiros.

Cabe ao casal Koch/Marcondes implantar a psicanálise em solo paulista .

Ainda que contrário às normas da IPA, mas forçada pelas circunstâncias, Adelheid Koch acumula as funções de analista didata e de supervisão.

Marcondes, a divulga como pode, organiza conferências na Associação Paulista de Medicina e na Secção de Higiene Mental, publica seus primeiros artigos, tenta convencer os médico a aceitarem não somente a nova disciplina mas também uma mulher, na direção desse movimento. Tarefa árdua e pouco convincente para um universo masculino e marcado pela medicina medicamentosa..

Koch foi antes de tudo uma organizadora. Obediente às normas de IPA, ela nunca colocou em dúvida as suas orientações. Talvez porque se sentisse grata por ocupar o papel de pioneira que nunca teria tido não fosse esse exílio imposto. Em 1948, quando Werner Kemper, chega ao Brasil com a missão de implantar a psicanálise no país recomendado por Ernest Jones, ela não se pergunta sobre a sua atuação durante a guerra. Segundo suas filhas, ela certamente ignorava que Kemper havia colaborado com os nazistas.

Um outro aspecto desse período diz respeito às tentativas de penetração da psicanálise nos espaços institucionais existentes. A partir de 1939, Durval Marcondes além de suas continuadas intervenções na Associação Paulista de Medicina, conquista alguns espaços no Serviço de Higiene Mental na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo no quadro de um projeto higienista e de medicina preventiva, e através do ensino da psicanálise na recém fundada Faculdade de Sociologia e Política, em 1939.

A entrada pela via pedagógica é possível graças a dois fatores. Por um lado, nessa época resiste ainda um forte movimento educacional, iniciado nos anos 20 marcado pelo movimento escolanovista. E, por outro lado, através da Liga Brasileira de Higiene Mental, onde Marcondes atua no quadro de uma legislação que dispõe sobre a profilaxia mental, a assistência e a proteção aos psicopatas, aprovada em 1934.

É por esse viés que Marcondes cria em 1938, o serviço de saúde escolar da rede pública e forma as primeiras profissionais que realizam o primeiro serviço de acompanhamento psicológico da infância, inspirado do sistema americano de clínica de orientação infantil. São as visitadoras psicologistas, cargo criado por Marcondes e que funda a profissão de psicólogo no Brasil, as primeiras a tentar aplicar as teses freudianas no Brasil.

É portanto através da educação da criança, no serviço público e enquanto atividade "leiga" que a psicanálise faz a sua entrada em São Paulo.

Além de iniciar a sua formação psicanalítica, ele arregimenta no interior do grupo da Serviço de Saúde mental, os primeiros analisandos da Dra Koch, entre eles o médico Flávio Dias e a visitadora psiquiátrica, Virgínia Bicudo. Mais tarde virá Lígia Amaral, aluna do Instituto de Higiene e

também uma das precursoras dessa profissão.

Em 1946, esse grupo tendo agora, Adelheid Koch, Durval Marcondes, Virginia Bicudo, Flávio Dias, Frank Philips e Darcy Mendonça Uchoa obtém o reconhecimento oficial. É o primeiro passo para a fundação da primeira Sociedade brasileira de psicanálise.

Com o final da guerra, a IPA entra em plena fase de estruturação e de construção de uma nova estratégia de expansão. Um quarto da comunidade freudiana emigrou para a Grã Bretanha, três quartos para os Estados Unidos e uma ínfima minoria para o continente sul-americano (Argentina e Brasil).

Segundo Roudinesco, essa emigração teve três conseqüências: o reforço do poder burocrático da IPA, a fragmentação do freudismo clássico em diversas correntes (com cisões) e o fim da supremacia da língua alemã em prol da língua inglesa. (Roudinesco, Plon, 1998, p.343-344).

Entretanto, apesar do reconhecimento internacional, o grupo continua encontrando resistência no meio médico da época.

Marcondes é ainda estigmatizado por seus pares que o consideram louco, esquisito e pouco sério. Flávio Dias é tido como um médico inexpressivo que trabalhava no Departamento de Saúde mental. Apenas Darcy Uchoa é respeitado, se impondo pela sua intervenção na psiquiatria e um certo reconhecimento internacional adquirido como psiquiatra. Já no que se refere aos não médicos do grupo, Virginia Bicudo e Frank Philips, a primeira é socióloga e o segundo não possue formação universitária, é contador contratado de uma empresa inglesa. Fato que numa sociedade como a nossa é visto como um descrédito.

Por outro lado, nem só da IPA vive a psicanálise paulista. Paralelamente a esse grupo, uma nova geração formada no Hospital do Juquery, o único a dar estágio em psiquiatria na cidade, começa a se interessar pela técnica psicanalítica. Enquanto sob a batuta de Mário Yahn uma geração de médicos desenvolve observações e analises clínicas de inspiração freudiana no Instituto Aché e na Clínica Bela Vista, Paulo Lentino, um médico respeitado e interessado pelas teses freudianas, forma, ao longo dos anos 40 e 50, um grupo de estudos sobre psicanálise. Esse grupo chega a reunir cerca de 15 pessoas oriundas principalmente do Hospital do Juqueri como : Paulo Arruda, Clovis Martins, Otávio Salles, Antonio Barata Barradas, Mário Robortela e, Cléo Lichenchstein. Mais tarde, muitos deles acabam ingressando na SBPSP.

Vale lembrar que além de discordar da atuação de Adelheid Koch e Durval Marcondes, Lentino, já nessa época considera o preço da analise didática exorbitante e a formação muito longa.

No entanto, nessa época, temos dois eixos de intervenção se formando, de um lado, o grupo filiado à IPA e de outro, os médicos com formação psiquiatrica no Juqueri reivindicando a psicanálise.

Enquanto isso, no plano internacional, estamos no auge da guerra fria.

Desde os acordos de Yalta (fevereiro de 1945 entre URSS, Estados Unidos e Inglaterra, Stalin, Roosevelt e Churchil) e a criação da ONU (junho de 1945), Estados Unidos e União Soviética estabelecem suas respectivas zonas de influência, formando pactos econômicos e militares dentro de cada bloco.

A emergência da guerra fria, ao ressuscitar velhos fantasmas com roupagens novas, cria uma situação embaraçosa. Ao mesmo tempo que se mantém o discurso da defesa dos valores cristãos-ocidentais, são adotadas medidas mais eficazes de controle das camadas populares, impedindo a sua participação ativa e autônoma.

Como resultado, no Brasil ocorre uma forte repressão ao movimento operário e sindical, com a cassação do registro do Partido Comunista Brasileiro, entre outros.

Com Dutra, um anticomunista declarado, ocorre o alinhamento incondicional com os Estados Unidos. Em 47, O Brasil rompe relações com a URSS, em 1949, a diplomacia brasileira vota contra a admissão da República Popular da China na ONU e, em 1950, apoia a intervenção na Coréia do Norte.

Mas para a psicanálise e o seu movimento, estamos no começo de um novo período, o dos anos dourados.

III. A expansão da psicanálise: os anos dourados

Assim, o terceiro e último período que proponho considerar aqui vai de 1951 a meados dos anos 1970, e compreende o reconhecimento do Grupo como Sociedade de Psicanálise, segundo as normas da IPA, até a ruptura do monopólio da formação com o nascimento de outras escolas.

O cenário político do país, no começo dos anos 50, é marcado pela volta de Vargas ao poder. Eleito com amplo apoio popular, durante sua campanha eleitoral, ele consegue mudar sua imagem de ditador para a de democrata.

Desde então, o Estado brasileiro assume tarefas e papéis decisivos para assegurar a expansão econômica e a aceleração do desenvolvimento industrial.

Ao longo desse decênio e até o começo dos anos 60, o debate técnico e político sobre as alternativas para o país, em plena expansão, se polariza.

De um lado, os defensores de uma política nacionalista de desenvolvimento independente com a burguesia no comando. De outro, os que defendem a necessidade associação com o capital externo para levar a cabo o desenvolvimento do país. Chamados de "integristas", muitos deles assumem posições conservadoras em relação às medidas trabalhistas e de apoio aos setores populares. No auge desse debate, temos a famosa campanha nacionalista "O Petróleo é nosso" que se tornou o símbolo do nacionalismo econômico e político brasileiro.

Esse debate ocorre durante um regime político de caráter democrático mas bastante limitado, frágil e de instabilidade permanente. Ele conduz ao golpe de Estado em 1964 pelos militares, cujas repercussões se farão sentir mais a partir de 1968 com a publicação do AI-5 e estruturação do aparato repressivo não só institucional como para-militar (DOI-CODI, OBAN).

É nesse contexto sócio-político que se estrutura a Sociedade paulista de psicanálise cujas principais características são: delimitação das estruturas de poder da SBPSP e de difusão desse saber; chegada de novos analistas didatas e a ida de psicanalistas a Londres, definindo as referências teóricas e a experiência clínica; constituição da segunda geração de analistas, oriunda da psiquiatria e; mais tarde; penetração nas faculdades de psicologia e na medicina provocando uma mudança no perfil dos novos candidatos e por conseqüência o aumento da demanda de formação disputada agora entre psiquiatras e psicólogos.Vejamos rapidamente, como se delimitam as estruturas de poder.

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, a SBPSP tal qual conhecemos hoje é fundada em 1949. Na ocasião ela é composta dos seis membros titulares: Adelheid Koch, Durval Marcondes, Virginia Bicudo, Flávio Dias,. Darcy Uchoa e Frank Philips e dois membros aderentes: Henrique Mendes e Lygia Alcantara Amaral. Do grupo dos 8, apenas 3 não são médicos: Virginia Bicudo, Lygia Amaral e Frank Philips.

Nesse momento, alguns desses membros fundadores já foram, se encontram ou irão em breve para Londres, a nova meca da IPA no pós-guerra.. Adelheid Koch viaja algumas vezes, Frank Philips, se instala entre 1950 e 1969 onde faz analise com Klein e em seguida com Bion. Lygia Amaral faz igualmente estágio de alguns meses, Henrique Mendes vai em 1953 e Virginia Bicudo

permanece entre 1955 e 1960. Nessas idas e vindas, eles tomam contato e participam da polêmica entre Melanie Klein e Anna Freud e acabam, por influência de Frank Philips, por introduzir o Kleinismo na Sociedade.

Reconhecida oficialmente pela IPA, dois anos mais tarde, durante o Congresso de Amsterdã, em 1951, ela já tem 2 novos membros associados:

Isaías Melsohn e Mário Yahn, além de dois analistas didatas recém chegados da Europa, Théon Spanudis, e Gertrude Hollwarth que fica pouco tempo, logo se instalando nos Estados Unidos.

Nessa nova lista de filiados, duas personalidades são relevantes. De um lado a adesão de Yahn, personagem reconhecido do mundo psiquiátrico paulista e diretor do então conceituado Instituto Aché que traz um contingente importante de psiquiatras para a psicanálise. De outro, a presença de Spanudis que procura diversificar a orientação kleiniana já bastante acentuada.

Divergindo da conduta de Koch, ele vai ser o analista dos médicos.

Entretanto, no final dos anos 50, Spanudis, após internação em um hospital psiquiátrico, renuncia à psicanálise. Vale lembrar que para a sua renúncia em muito contribuiu a sua homossexualidade assumida publicamente mas não aceita pela direção da IPA. Culto, amante das artes, ele passa a se dedicar principalmente à crítica literária.

É o preço a pagar ! Uma vez institucionalizada, a psicanálise paulista sai de uma certa "marginalidade" para obter reconhecimento como saber pela classe médica. Nesse caso, como admitir em suas fileiras uma "personalidade perturbada" me dirá um dos meus entrevistados. Ainda que para esse reconhecimento penso que tenha pesado muito mais a posição, em 1949, da Organização Mundial de Saúde sobre Saúde Mental que a define como sendo o "estado de completo bem-estar físico, psíquico, mental e social, que não consiste apenas na ausência de uma enfermidade".

Nessa época, começo dos anos 50, o comitê de formação, de acordo com o Relatório das atividades publicado no boletim da IPA(1954, p.383), é composto por Virginia Bicudo, Durval Marcondes, Adelheid Koch, Théon Spanudis e Darcy Uchôa e possui 13 candidatos em formação, sendo a maioria médicos.

Por outro lado, a adesão dos médicos à psicanálise faz emergir, em São Paulo a problemática do reconhecimento tanto do exercício profissional quanto da formação. Ao longo desse período, a Sociedade se encontra às voltas com o estatuto da analise profana.

O auge é o 1° Congresso Latino-americano de Saúde Mental em 1954 organizado para as comemorações do quarto centenário da fundação de São Paulo.

Presidido por Pacheco e Silva e tendo Durval Marcondes como vice-presidente, a psicanálise, incluída no programa com uma sessão plenária e mesa redonda, tem tudo para fazer a sua entrada triunfal no meio psiquiátrico não fossem as intervenções de alguns dos principais nomes da psiquiatria brasileira. Entre outros, os drs Maurício de Medeiros (RJ), Nelson Pires (BA), Flamínio Fávero (SP), aproveitam o evento para tecerem violentas críticas tanto às regras de formação analítica instituídas pela IPA, que consideram como uma "intromissão estrangeira" como também à analise profana.(Anais do Primiero Congresso Latino-Americano de Saúde mental, 1954, p.229). Adelheid Koch, Virginia Bicudo e Lygia Alcântara do Amaral, são, evidentemente, as pessoas visadas.

A resposta não tarda. Além do debate pela imprensa, em nome da Associação Paulista de Medicina, Marcondes envia um parecer ao Serviço de Fiscalização do Exercício Profissional, onde defende a criação de uma nova categoria profissional de natureza para-médica, com a finalidade de contribuir preventiva e curativamente para o funcionamento sadio da personalidade.

Esse profissional, o psicoterapeuta pode ser exercido por psicólogos clínicos e psicanalistas não formados em medicina mas trabalhando sob vigilância médica e formados em Sociedades filiadas à IPA. (Marcondes,1955) Eis aí a primeira tentativa de legalização da profissão. Outras virão sem que jamais o tema se esgote.

Nessa mesma data, em 1954, é criado, com o apoio da Associação Paulista de Medicina e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, o curso de psicologia clínica, nível pós-graduado e com duração de dois anos. O sonho de Durval Marcondes de introduzir a psicanálise na Universidade de São Paulo pode, 20 anos depois enfim ser concretizado.

Ministrada nos cursos de psicologia implantados no anos 50, a partir de 1964, a psicanálise é também ensinada nas mais prestigiosas Faculdades paulistas: Escola Paulista de Medicina, Faculdade de Medicina da USP e Santa Casa de Misericórdia. Duas profissões passam então a disputar o mercado de trabalho: o médico e o psicólogo.

Seguindo os critérios da IPA de cinco sessões semanais de analise didática e de uma duração mínima de dois anos e meio, o preço da analise é de Cr$ 500 cruzeiros de acordo com a situação do candidato podendo ser cobrado mais (Sagawa, 1994, p. 23). Isso num país onde, segundo os indicadores do DIEESE, o salário mínimo nominal é, em 1954, de Cr$ 1745,00 cruzeiros.

Apesar do preço alto, a demanda de formação cresce assustadoramente, há uma fila de espera de 40 candidatos. É a total obediência às normas da IPA que acaba por fazer com que a SBPSP perca a inventividade da prática inicial. Ela acaba por reproduzir a mesma estrutura burocrática, fortemente hierarquizada, e centralizada na Comissão de Ensino e na pessoa do analista didata, que controla a seleção de candidatos.

Esse poder é reforçado, em 1960, com a criação do Instituto de Psicanálise.

É através dele que se manifestam desde então as tensões e se travam as disputas de poder no interior da SBPSP. Sem critérios claros de seleção, a escolha de candidatos é controvertida e sempre sujeita a crises, porém com poucas rupturas. Como os velhos militantes dos Partidos comunistas, alguns de seus membros preferem criticá-la apenas internamente , acatando a antiga lógica partidária do centralismo democrático. Mas a grande maioria, se serve da instituição apenas como forma de prestígio e cobertura para o exercício de uma profissão que gostariam de ver reconhecida.

O caso mais conhecido nessa época é o de Regina Schnaiderman que teve a sua candidatura vetada duas vezes, em 1965 e 1967. Cecília Coimbra (1995), que estudou as práticas psicanalíticas em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre os anos 60 e 80, sugere a hipótese de que essa recusa da candidatura de Schnaiderman estaria ligada, de um lado, à sua posição de esquerda, próxima do Partido Comunista, na época mal vista pela direção da Sociedade e, de outro lado, ao seu pensamento singular, que tentava ligar Freud à filosofia e não isolar o inconsciente do contexto histórico e social. Difícil avaliar.

Durante a ditadura militar, implantada em 1964, a SBPSP não sofre perseguições do regime. Com uma clientela de classe média alta, em grande parte enriquecida durante o milagre econômico ou da chamada "burguesia esclarecida", ela opta pelo silêncio, e se protege em uma prática psicanalítica de base kleiniana, que não deve ser "contaminada pela realidade externa" . A partir dos anos 70, principalmente com a volta de Frank Philips ao Brasil, deve-se acrescentar a leitura Bion.

Autoritário, rígido, conservador, Philips, analisando de Melanie Klein e de Bion, se impõe não somente como o analista didata das novas e velhas gerações, aquele que possui uma clientela de alto poder aquisitivo, mas também como o novo mentor intelectual dos analistas da SBPSP. Uma tímida oposição se articula principalmente em torno de Isaías Melsohn, ao passo que uma parte da velha geração reunida em torno de Durval Marcondes, perde clientes e se vê pouco a pouco face a uma aposentadoria forçada. Como resultado, fazer formação na Sociedade significa agora passar pelo divã do "Mr Frank Philips", quatro vezes por semana, com o preço das sessões calculados em dólar e, evidentemente, tornar-se bioniano. Mas ser psicanalista é, nessa época, mais do que nunca, uma profissão de ricos e para ricos. E, ainda que a psicanálise, esse fenômeno da cultura ocupe as páginas de jornal, para os novos ricos, aqueles que prosperam com o milagre econômico é chic se fazer analisar.

Essas são, provavelmente, algumas das razões que levaram à queda do monopólio da formação em psicanálise pela SBPSP nos anos 70.

Juntamente com o florescimento das práticas terapêuticas e dos grupos de psicodramas, desde então se assiste também ao nascimento e à implantação de novas Escolas e teorias, que passam a lhe fazer concorrência, entre elas o Sedes Sapienteae e o movimento lacaniano.

Atualmente, existem no Brasil, inúmeras instituições, grupos, correntes e práticas terapêuticas derivadas do movimento freudiano implantados nas mais importantes cidades brasileiras como, por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília.

Tributários de matrizes teóricas diferentes, eles passam a disputar entre si o controle da herança freudiana e da "verdadeira psicanálise".

Para além das disputas de escolas, que a partir dos anos 70 marcaram e continuam marcando a história do movimento psicanalítico, os psicanalistas hoje se interrogam sobre esse fenômeno de expansão e, em particular, sobre a sua própria clínica, esta, a julgar pelas entrevistas e conversas isoladas mantidas ao longo dessa pesquisa, se encontra em aparente diminuição. Uma pesquisa efetuada recentemente pela ABP com afiliados de todo o país mostra que os analisandos fazem em média 2,3 sessões por semana e que os analistas possuem cerca de 11,5 analisandos, sendo a maioria pacientes adultos. Um outro dado importante é que 42 % dos analistas da IPA no Brasil, tiveram sua renda diminuída desde 1996.(ABP Notícias, 1999).

Essa diminuição da renda financeira já havia sido constatada numa outra pesquisa encomendada pela IPA em 1992.

Apesar disso, pode-se afirmar que a psicanálise é, hoje em dia, um fenômeno integrado à cultura dos grandes centros urbanos e que tem diante de si belos dias.

Bibliografia citada

ABP Notícias. Rio de Janeiro, ano II, n° 1, janeiro/99.

ANAIS DO PRIMEIRO CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SAÚDE MENTAL. São Paulo [s.ed.], 1954.

BULLETIN OF IPA. 107, vol. XXXV, 1954.

ANDRADE, Mário de. O movimento Modernista. Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1942.

COIMBRA, Cecília. Guardiães da ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do "milagre". Rio de Janeiro, Oficina do autor, 1995.

MARCONDES, Durval. Parecer sobre o Exercício da psicoterapia por psicólogos clínicos e psicanalistas não formados em medicina. São Paulo, Tipografia Edanee SA, 1955.

MOKREJS, Elisabete. A psicanálise no Brasil. As origens do pensamento psicanalítico. Petrópolis, Vozes, 1993.

ROUDINESCO, Elisabeth. PLON, Michel. Dictionnaire de la psychanalyse. Paris, Fayard, 1997.

SAGAWA, Roberto Yutaka. "História da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo" In NOZEK, Leopold... [et al.]. Album de Família: imagens, fontes e idéias da psicanálise em São Paulo. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1994, pp.15-28.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole. São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.

Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira
E-mail:
wagca@club-internet.fr


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