Em 75 os Sex Pistols subiam ao palco pela primeira vez,
detonando em Londres o movimento mais agressivo da história do rock.
Hoje, mais de vinte anos depois, a herança maldita do punk renasce,
pronta para combater a invasão do dance.
Nenhum movimento musical conseguiu superar a força seminal do punk. Incorporando
a rebeldia primal do rock'n'roll, um bando de garotos eternamente inconformados conseguiu
transformar os padrões de comportamento em todos os segmentos do mundo pop. Não é exagero
nenhum dizer que o punk mudou tudo - e não apenas no que tange à música. Desde os seus primórdios,
o estilo sustentou-se graças à sua multiplicidade. Ser punk sempre foi algo maior que ser apenas
mais um fã de qualquer outra facção do amplo universo da música pop. O punk rock era um estilo de
vida.
Curiosamente, a música inventada por Sex Pistols, The Clash e tantos outros ganhou nova vida nos
últimos anos. O revival tem como cenário a California dos Dead Kennedys e do Black Flag,
a meca do hardcore a partir dos meados dos anos 80. De um lado há o Green Day, um trio com forte
sotaque pop liderado pelo vocalista/guitarrista Billie Joe, contratado por uma gravadora
multinacional e a sensação do Woodstock '94. Do outro, Offspring, a banda independente mais bem-
sucedida do rock, como 5 milhões de cópias vendidas até hoje.
Na Inglaterra, a febre atingiu o cenário musical com menos intensidade. Batizada de new wave of
the new wave pela imprensa especializada, a cena tem como protagonistas os grupos Elastica,
Echobelly e S*M*A*S*H. O som e a atitude não são apenas calcados no punk rock, enveredando-se
também pelas sonoridades da new wave original.
Como todos sabem, o homem-chave para o nascimento do punk é Malcom McLaren, hoje um
senhor de 49 anos. A história de McLaren começa a ficar interessante em 71, quando abriu Lei It
Rock, uma loja de roupas para a nova geração de teddy boys - os filhotes das gangues originais,
surgidas nos idos de 53. Num dia qualquer de 73, uma banda protopunk, a New York Dolls, entra
na Let It Rock. O visual absurdo da banda (uma mistura de glitter e sadomasoquista) conquista
McLaren e ele vira seu empresário. Apesar de renegar os Dolls, o empresário trouxe uma idéia
brilhante dos EUA. Depois de perceber que no rock de 75 mais valia a atitude que o som, resolve
"construir" uma banda segundo seus novos padrões. De novo em Londres, reabre sua loja, desta vez
SEX e a transforma no epicentro que sacudiria o mundo pop. Reunir os quatro pistols foi fácil:
Steve Jones e Paul Cook viviam na SEX. Glenn Matlock era balconista da loja. Só faltava o
vocalista. O escolhido foi um velho frequentador do pedaço, um adolescente de dentes podres,
John Lydon. Os ensaios são na própria loja. O vocalista agora se chama Jonnhy Rotten (Rotten=
podre) e a banda se chama Sex Pistols.
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