Interview by Hell

 


Olá…Antes de tudo, apresente-se aos leitores do Incision…

Olá pessoal! Meu nome é Ricardo Gabiatti, tenho 31 anos (por enquanto…) e costumo dizer que sou a parte humana do X on Mind. Sou daqui de Campinas (SP). Terrinha boa, onde não rola nada de eletrônico (apesar do Aghast View e do Biopsy).

 

Faça um resumo da história do X on Mind…

O X on Mind começou suas atividades em novembro de 96. Foi quando consegui adquirir um equipamento melhor. No início tive muita influência de Tangerine Dream, John Serrie, Enya. Ainda conhecia bem pouco de música eletrônica num contexto mais amplo. Foi entrando na EBM-L que passei a conhecer bandas das quais nunca tinha ouvido falar. E dar mais atenção a algumas que conhecia "de longe", como Front 242, FLA, Ministry…

 

Qual o seu background musical? O que fazia antes do X on Mind?

Lá pelos 14 anos eu já era vocalista de banda de rock cover. Era aquele auge do Heavy Metal (comecinho de Iron Maiden). Foi uma época muito boa, que me ensinou muito em termos musicais. Mas mesmo "metaleiro" eu já tinha um pé no eletrônico. Curtia Kraftwerk, New Order, Depeche Mode, Human League, e os funks da época (Afrika Bambaataa, Grandmaster Flash). Em 88 montei um projeto chamado "Gata Ocasional". Usava bateria eletrônica, baixo, guitarra, um Roland SH-101 e dois samplers CASIO (aqueles SK-1 e SK-5). Gravava tudo sozinho sobrepondo os takes…Ficava uma porcaria em termos de qualidade, mas eu curtia de montão…

 

O X on Mind me parece uma idéia muito "pessoal" sua, algo íntimo, interno…

Existe possibilidade de você vir a colocar outro músico na banda? Existem projetos de participações, etc?

É verdade. Talvez por serem músicas instrumentais fica complicado deixar uma "mensagem" pra quem ouve.

Nos próximos trabalhos a maioria das músicas terão letras. Certamente a coisa vai continuar pessoal, porém imagino que a mensagem fique mais clara. Quanto a participações, estou batalhando um vocal feminino pra banda. Talvez isso baste e dê uma cara nova ao X… Agora o que eu queria mesmo era um DJ rolando uns loops no vinil junto com os teclados. Ao vivo ficaria super…

 

Qual é o equipamento utilizado pelo X on Mind?

Sempre mutante…Hoje uso um Kurzweil K2500RS, Roland S-760, Roland JP-8000, Roland A-30 e um Poly-800 da Korg. No Pentium 166 rodam Logic audio, Rebirth, Sound Forge. E depois aquelas coisas, microfone SM-58 Shure, MD Sony, etc. Mas este set é recente. Nas duas demos usei um JV-1080 e o

S-760. Apenas em duas músicas usei o JP-8000.

 

Como foi a sua participação no festival Electronic Days, no ano passado? E o que achou das outras bandas?

O Electronic Days foi um evento legal, muito válido, apesar de cansativo. Talvez pelo fato de enfrentar 20 horas de viagem. O som não ficou muito legal e tive uns problemas no MD. Parei o show pela metade, pra não "esfriar" o público. Valeu como experiência e principalmente para direcionar futuras aparições do X ao vivo. Infelizmente só fiquei um dia. Achei o som do Diego muito curioso, interessante mesmo. E o Loop B dispensa comentários: onde vai realiza um grande show. Lamentei não ver o Self (que não foi) e o Heyss, que foi no dia seguinte.

 

Ouvi a sua última fita, "We’ve been wandering around in a daze all day", e gostei muito…Por que esse nome foi escolhido? E o nome da banda, de onde saiu?

Fico contente que tenha gostado, e espero que tenha atingido outras pessoas também. Sobre o nome: um nome longo, de um dia longo. Na verdade esta fita era o show do Electronic Days na íntegra, mais algumas bônus-tracks. Pra "compensar" o pessoal que não pôde ver o show inteiro. Pena que a fita tenha demorado a sair. Estava tudo pronto em setembro quando um "inferninho astral" passou por aqui. Queimei MD, driver do sampler e até o micro morreu de Vírus…tudo em uma semana…

Já o nome da banda vem do X-Files (quem não gosta daquilo?) e também dos antigos filmes X (eróticos), além de indicar uma incógnita sempre: x, on mind…

 

E por que os covers de "Shine on you crazy diamond", do Pink Floyd, e "The Hall of Mirrors", do Kraftwerk?

De milhões de músicas, se tivesse que escolher uma, seria The Halll of Mirrors. O som é o máximo!

Já o Pink Floyd é uma banda importantíssima pra "cultura sampler". No início dos anos 70 os caras já detonavam em tapes, frases e efeitos em disco e ao vivo. Com certeza todo mundo bebeu dessa fonte.

O X tem planos de no futuro fazer um tributo ao Pink Floyd, além do que sou o fã número dois dos caras aqui no Brasil.

 

A fita usa muitos elementos étnicos, tanto timbres como samples…Por que você escolheu isso? Você costuma ouvir ethnic/world music? O que recomendaria?

Isso vem muito do que ouço. Eu tenho um gosto bem variado. Nesta última fita ficaram claras algumas coisas de Africa. Na próxima vou mexer mais com essas influências, principalmente as orientais. A música é uma linguagem universal e fica complicado ater-se a apenas uma parte do globo. Então ouço essas coisas para aprender um pouco, principalmente Dead Can Dance e Deep Forest. Outra coisa interessante, que me agradou bastante foram os elementos indígenas (norte-americanos) do Loop Guru.

 

E a próxima do X on Mind, quando sai? E como vai ser? Existe projeto de se lançar um CD, fora a sua participação na Electricism?

Espero que seja breve. Dá pra adiantar que como as outras será uma mistura de estilos e ritmos. Elementos étnicos, muitas ambiências e surpreendentemente muito Techno e Jungle. Pode até rolar um funk ou um trip-hop, quem sabe…

Não tenho planos para um CD por enquanto, mas para o ano que vem deve rolar uma produção independente. Da "We’ve been…" a música Psychal Storms estará na Futronik Structures 2 (DSBP) e na Electricism (que a gente tem batalhado pra realmente sair), além de que ela deve ganhar uma remixagem pelo Clone DT.

 

E o PG-13? Como anda? Qual o conceito por trás desse projeto?

O PG-13 estará saindo do papel em breve… Apesar da diversidade de sons do X, eu acabei sentindo uma necessidade de me expressar de forma diferente. Mais radical, violenta, até sensual. Uma mistura de Nine Inch Nails com Skinny Puppy, passando por White Zombie, e até o Biopsy do amigo Fabrício. Baixos sintetizados, guitarras distorcidas (samples ou quem sabe até um guitarrista mesmo). A única coisa que quero é não usar efeitos na voz, pra diferenciar um pouco. Mas tenho uma ideia de usar três, até quatro tipos de vozes diferentes em cada música…E as letras provavelmente falarão de apenas um assunto: sexo.

 

E qual o futuro do X on Mind? Para onde você pretende caminhar com o projeto?

Bem pretendo continuar este caminho. Tenho recebido boas críticas sobre o trabalho e pretendo continuar assim, diverso porém com identidade. Da próxima fita duas músicas já estão prontas, mas muita coisa ainda vai rolar. Quero aproveitar pra estudar melhor os equipamentos e também pensar em algo pra performances ao vivo. Pra dar oportunidade a mais pessoas de conhecer o X on Mind…

 

Obrigado! Alguma mensagem para os leitores do Incision?

Antes de tudo queria agradecer a oportunidade e parabenizá-los por este ótimo trabalho que está sendo o Incision. Uma coisa que só vem enriquecer a cena nacional.

Queria deixar um toque pro pessoal que como eu está começando. Nós estamos aqui pra construir a cena, revolucionar, e principalmente se ajudar. Toda nova ideia deve ser discutida. E nós temos um instrumento poderoso nas mãos que é a EBM-L. Um abraço a todos…

 

contact: xmind@mpc.com.br


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