TITLE: Ela nunca voltou - Part 2/2
AUTHOR: Claudia Modell
IDIOM: Portuguese
E-MAIL: cmodell@hotmail.com
HOMEPAGE - http://www.geocities.com/TelevisionCity/1828
SPOILER WARNING: Duane Barry
DISTRIBUTION STATEMENT: Anywhere, but Gossamer (I did it already)
RATING - PG - for the emotional content
CATEGORY - A
KEYWORDS - Mulder/Scully friendship
SUMMARY:  A phone call. And Mulder is unsure about who is Scully.
The story is in Portuguese.

Ela nunca voltou - Parte 2/2

Ela acordou com uma dor de cabeca terrivel. Tentou lembrar o que tinha
acontecido, mas so conseguia lembrar de ter ido para o quarto do hotel
em Detroit. Agora estava acordando em uma casa vazia. Foi ate a janela
e
viu que estava em um campo. Nao tinha mesmo a minima ideia de como
tinha
ido parar la. E onde estava Mulder?
Ela tentou manter a calma, afinal ela nao estava ferida, e pelo jeito
nao era prisioneira. Nao estava amarrada pelo menos. E tinha certeza
que
Mulder devia estar procurando por ela.
Achou melhor se deitar um pouco para ver se a dor de cabeca passava.
Ela
daria tudo por uma aspirina naquele momento.
Em poucos minutos tinha adormecido. Mas nao completamente. Estava
naquele estado entre a vigilia e o sono, em que a mente fica atenta ao
que ocorre mas o corpo nao pode reagir a nada. Mas ela estava se
sentindo bem, a dor de cabeca estava passando, e ela ouvia somente um
som vindo de fora.  Era um som conhecido, mas que a aborrecia. Mais do
que isso, algo na sua mente lhe dizia que era um som perigoso. Mas ela
estava cansada demais, e se deixou levar pelo sono.
Entao comecou a sonhar. Em seu sonho ela via Mulder correndo, mas nao
em
direcao a ela. Ele corria dela. Ela corria atras dele, pedindo que
esperasse por ela. Mas suas pernas nao obedeciam. Ao mesmo tempo ela
ouvia aquele barulho. Ela olhou em volta e entendeu de onde vinha o
barulho. Eram abelhas, milhares delas. Todas vindo em sua direcao.
Entao
ela gritou para Mulder. Gritou o mais alto que pode. E ele se virou.
Ela
gritou que ele esperasse, que as abelhas estavam atras dela. Entao ele
respondeu com voz calma "Elas nao farao mal a voce". Mesmo falando
baixo
ela o ouviu perfeitamente. E ele continuou repetindo. "Calma, elas nao
vao fazer mal a voce". Repetia isso sem parar. Mas entao ela notou que
nao era mais o Mulder que estava falando com ela. Era Jeremiah Smith.
Ela acordou assustada. E ficou mais assustada ainda com o que viu.
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Mulder tinha decidido esquecer o assunto sobre clones e o sequestro de
sua parceira. Mas isso tinha se tornado dificil. Por mais que tentasse
ele nao conseguia se livrar do sentimento de culpa por estar
abandonando
o clone da Scully. Ele dizia a si mesmo que era somente um clone, que
ja
teria ate sido eliminado. Mas nao adiantava. Ele se sentia o pior dos
homens por fazer isso.
Nao discutia o assunto com Scully. Mas pressentia que ela sabia de
algo.
E se ela realmente soubesse que havia um clone no seu lugar? E que ela
tinha sido mantida prisioneira por tanto tempo? Entao era ainda pior,
afinal ele estava abandonando sua parceira, mesmo que fosse um clone.
Era a sua parceira ate algumas semanas atras.
Deviam fazer um tratado de psicologia sobre isso. Ele mesmo com todo
seu
conhecimento da psique humana nao conseguia colocar em ordem seus
sentimentos em relacao ao assunto.
Mas enfim estava decidido a ir atras do clone. Faria isso sem que a
Scully soubesse. Era um risco grande, ir atras do clone e ainda por
cima
nao deixar Scully saber. Mas era melhor assim. Se descobrisse que ela
estava morta se sentiria...... Como se sentiria????
Aliviado? Pela morte da pessoa que sempre esteve do lado dele? Que
salvou a vida dele??
Triste? Pela morte de um clone? Que foi colocado ao lado dele para
vigiar seus passos?
Realmente ele nao fazia ideia de como iria reagir. Talvez tivesse
fazendo isso para si proprio. Para ficar em paz com a propria
consciencia. Foi nesse momento que ele viu que estava seguindo o
raciocinio de um crapula. Ele estava sendo um crapula.
Mas percebeu tambem que qualquer coisa que fizesse o faria um ser sem
escrupulos.
Deixar o clone a sua propria sorte era a atitude esperada de uma
pessoa
como o Canceroso.
Ir atras do clone significava uma traicao contra sua parceira. Afinal
seria como afirmar que o clone tinha sido uma otima parceira e ele
precisava dela.
Mas o que o deixava mais triste consigo mesmo era o sentimento que
estava tomando conta dele. O desejo de fazer com que o clone sumisse.
Com que nunca tivesse existido.
Ele sentia que se Scully estava do seu lado, entao o clone podia ter o
fim que fosse. Ele nao precisava saber.
Mas ele lutou contra isso. Resolveu ir atras do clone. Quanto a Scully
ele depois decidiria como contar a ela. Agora tinha que descobrir como
achar o clone.
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Ver Jeremiah Smith era a ultima coisa que ela esperava. Tinha certeza
que ele estava morto. Ou nao estava?
Ele estava falando com ela. Dizendo a ela que ficasse calma. Ela entao
perguntou onde estava. E de onde vinha aquele zunido de abelhas.
-Elas estao la fora. Nao precisa se preocupar. Abelhas so atacam
quando
sao provocadas.
-O que eu estou fazendo aqui??
-Voce foi trazida de volta para casa. Aqui e seu lar. Voce vai se
sentir
melhor mais tarde e vai se lembrar de tudo.
-Essa nao e minha casa. Eu quero ir embora imediatamente. Preciso usar
o
telefone.
-Nao temos telefone aqui. Como eu ja disse, descanse. Mais tarde vou
responder a todas as suas perguntas.
Mesmo querendo ir embora, ela achou que a ideia de descansar nao era
tao
ma assim. E adormeceu quase imediatamente. Dessa vez nao sonhou,
apenas
dormiu profundamente.
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Mulder ligou para o escritorio de Marita Covarrubias. Ele sabia que
ela
conseguiria descobrir algo sobre o clone. Ela foi um tanto quanto
evasiva ao telefone, mas eles marcaram um encontro e poderiam falar
com
mais tranquilidade.
>Eu preciso saber algo. Acho que voce poderia descobrir isso para mim.
Se estiver disposta.
>Eu sei o que o senhor procura Agente Mulder. Ela esta a salvo.
Esqueca
que ela existiu.
>Esta viva? Esta bem?
>Sim, posso lhe garantir isso.
>E como pode garantir? Voce sabe onde ela esta?
>Eu ja lhe mostrei coisas demais, e ja dei informacoes demais.
Informacoes que podem servir por muito tempo. Nao tenho nada de novo a
acrescentar Sr. Mulder.
>Entao e so isso?
Ele mal teve tempo de fazer essa pergunta, e ela ja estava indo
embora.
Nao tinha sido de grande utilidade.
Ele lembrou das vezes que ela o tinha ajudado. Nao muitas por sinal.
Uma
vez lhe conseguiu o passaporte para a Russia. E da primeira vez que se
viram, apos a morte do Mr. X, ela tinha lhe mostrado que o que ele
tinha
visto era verdade. Que havia um campo onde.... Isso! O campo onde
estavam os clones! Ela tinha dado aquela informacao. E agora ela tinha
lhe dito exatamente onde estava o clone.
Foi facil. Ele tinha sido estupido em nao ver isso. Mas ai se lembrou.
Aquele campo nao existia mais. Quando Marita Covarrubias lhe mostrou
as
fotos da colonia, o campo ja nao existia mais.
E agora? Onde procurar? Talvez fosse uma ideia procurar todos os
campos
em que se criavam abelhas. Falando assim parecia facil. Mas talvez a
colonia nao tenha se mudado para muito longe.
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Finalmente ela acordou. Estava se sentido muito melhor agora. Mas o
zumbido das abelhas continuava. Resolveu tentar abrir a porta. Tinha
certeza que estava trancada. Mas resolveu arriscar assim mesmo. Ficou
surpresa ao verificar que a porta estava aberta. Saiu da casa e
percebeu
porque eles nao tinham medo que ela fugisse. Eles estavam no meio do
nada. Um enorme campo. Haviam algumas plantacoes, e uma enorme estufa.
E, e claro, as abelhas. Estavam por toda parte. Mas nao chegavam perto
dela. Ela decidiu que era melhor nem ao menos abanar as maos,
lembrando-se do que Jeremiah tinha dito a ela.
Ela resolveu fazer uma exploracao. A ideia era seguir com calma pelo
campo ate estar longe o bastante e correr. Correr sem parar. Ate
encontrar um ser humano normal que a levasse de volta para Washington.
E foi o que ela fez, seguiu andando calmamente. Mas antes mesmo de
conseguir uma boa distancia, ela ouviu uma voz.
-Vejo que acordou disposta a caminhar.
Nao era Jeremiah Smith. Era um homem desconhecido.
-Eu estou disposta a voltar para casa se nao se importa. Acho que sabe
que sou uma agente do FBI e que sequestro e um crime federal.
-Dana, nos precisamos conversar exatamente sobre quem voce e.
-Entao sabe meu nome. Esta em vantagem em relacao a mim.
-Nomes nao sao importantes. Mas me chame de John se quiser.
Ele parecia uma pessoa muito calma. Se isso era um sequestro entao os
sequestradores eram otimas pessoas. Esse pensamento a fez sorrir.
-Entao, John, me diga, o que eu estou fazendo aqui? Porque estao me
mantendo prisioneira?
-Voce nao e prisioneira. Essa e a sua casa. Voce somente voltou para
casa. Nao se lembra agora, mas com certeza vai se lembrar.
-Escute eu nao sei quais sao as intecoes de voces, mas nesse momento
meu
parceiro esta a minha procura, e com certeza o FBI inteiro tambem,
entao
vamos fazer o seguinte, voces me deixar ir embora e eu nao falo nada
sobre a existencia desse local. O que acha?
-Parece ser uma otima oferta, Dana, mas nao acho que seja necessario.
Seu parceiro nao esta lhe procurando. A verdadeira Dana Scully esta ao
lado dele nesse momento. Nao ha motivo para ele procurar voce. Veja,
talvez voce nao se lembre, mas voce e um clone, uma copia fiel da
verdadeira Scully.
-E quer que eu acredite nisso? Ok, eu acredito, agora posso ir embora?
-Pode ir onde quiser, mas nao saia da propriedade.
Ele a deixou sem dizer mais nada. Ela tinha ouvido aquele absurdo e
tinha ate mesmo rido do que ele disse. Mas isso foi a mesma coisa que
Mulder tinha lhe dito algumas semanas atras.
Ela nao podia acreditar que Mulder iria aceitar o fato dela ter
desaperecido. Mesmo que ele tivesse com aquela ideia absurda de que
ela
era um clone. Nao ele nao a abandonaria.
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Ele visitou quinze apiculturas. Em cada uma delas teve que se passar
por
interessado no comercio de mel. Ja estava enjoado de provar mel de
abelhas. E a busca parecia infrutifera. Mas ele sentia que nao podia
parar. Ja estava decidido a prosseguir quando o celular tocou.
Era Scully.
-Mulder pode me dizer onde esta? E o que esta fazendo?
-Na verdade estou atendendo a um pedido de um amigo. Ele pediu que eu
desse uma olhada em um possivel uso de seres humanos como escravos.
De onde ele tirou essa? Sua mente as vezes o deixava boquiaberto. Era
a
pior mentira que alguem ja tinha inventado.
-Mulder, sinto muito interromper essa sua investigacao, mas Skinner
quer
falar com nos dois ainda hoje.
-Sim, Scully, eu encontro com voce na sala do Skinner, as 3 ok?
-Ok, espero voce entao.
As tres horas ele estava la. Skinner recebeu os dois e explicou a eles
o
novo caso em que teriam que trabalhar.
Mulder nao gostou muito de ser afastado de sua investigacao, mas a
garantia de que o clone estava bem o deixou tranquilo, e trabalhar em
um
novo caso deixaria Scully menos desconfiada.
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Os dias passavam e ela ja comecava a perder as esperancas de que
Mulder
a encontraria.
Talvez John estivesse certo. Mulder nao precisava mais dela. Ela era
somente um clone. Ela nao valia muito, afinal clones podem ser
refeitos.
Isso a estava deixando deprimida. Ela ja nao estava confiando em
Mulder.
Ele realmente a havia abandonado. Tempo demais tinha se passado desde
o
dia do sequestro. Tempo demais. Sera que foi assim que a verdadeira
Scully se sentiu enquanto estava sendo mantida como prisioneira? Sera
que ela chegou a perder a confianca nele? Sera que ela comecou a
odia-lo?
Oh meu Deus, agora ela ja estava realmente achando que era um clone.
Tinha que afastar esses pensamentos. Era exatamente o que eles
queriam,
que ela acreditasse que era um clone, que ela perdesse a esperanca.
Queriam afasta-la de Mulder. Deixa-lo sem ninguem em que confiar.
Mas o fato principal permanecia. Porque ate agora ele nao a tinha
encontrado?
E novamente ela respondia a sua propria pergunta. Porque ele nao
queria.
E ele nao queria porque ela era um clone.
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O caso que Skinner passou para eles tomou mais tempo e energia do que
imaginavam. O confronto final com o assassino tinha sido uma batalha a
ceu aberto. Dois policiais morreram durante o tiroteio. E Mulder viu
sua
parceira ser atingida por um estilhaco. Nao foi nada grave. Mas ele
ficou assustado. Ultimamente tinha aquela ideia fixa de achar o clone.
E
agora percebia que estava deixando Scully de lado. Ele se sentiu
culpado
por isso. Nao podia fazer isso com ela, que ja tinha sofrido tanto. O
sequestro por si so ja tinha sido uma experiencia terrivel, mas
acordar
e nao se lembrar que o pai e a irma morreram nao deve ter sido muito
agradavel tambem.
E mesmo sabendo disso la estava ele. Procurando pelo clone dela. Pelo
ser que tinha lhe roubado esses anos. Pelo ser que tinha tido a
audacia
de sentir  a tristeza das mortes de seus parentes no lugar dela.
Ele nao podia abandona-la duas vezes. Ele a abandonou quando recebeu
de
volta o clone. Ele nao sabia que era um clone. Mas agora ele a estava
abandonando para ir em busca do clone que ele sabia muito bem o que
era.
Esse abandono ainda era pior que o primeiro.
Nao foi dificil decidir o que fazer. Se tendo que escolher entre a
Scully ferida a sua frente ou a falsa Scully que estava bem e com
saude
em algum lugar, entao ele escolhia a primeira.
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Ja tinha se passado muito tempo desde seu sequestro. Agora ela ja
estava
realmente convencida de que Mulder nao estava procurando por ela. A
principio essa certeza a fazia triste. Mas agora ela estava mais do
que
decepcionada com ele. Ela estava zangada. Nao a maltratavam ali, mas
ele
nao tinha como saber disso nao? Como ele podia ter feito isso?
Ela nunca imaginou que ele a abandonaria. Mas ja haviam se passado
mais
de cinco meses, pelo que ela pode contar. Era tempo demais.
A vida nao era ruim no campo. Ela tinha toda a liberdade, nao podendo
somente sair da propriedade.
Nos primeiros meses ela tentava fugir sempre. Mas agora ja nao tentava
mais. Sabia que nao havia nada para ela la fora. Sua familia nem ao
menos sabia que ela havia desaparecido. Sua familia. Ela ainda ficava
confusa com isso. Seria ela realmente um clone? Ou estavam fazendo uma
especie de lavagem cerebral nela? Para convence-la de que era um
clone.
Entao o clone estaria la, com Mulder. E com a familia dela. Usando as
roupas dela, Indo para o trabalho no carro dela.
Ela se sentiu como se tivesse sendo roubada. Mas pensou, que se ela
era
um clone entao ela e que roubou durante esses anos. Ela que usufruiu
da
vida de outra pessoa.
Era tudo muito confuso. Ela nunca imaginou que ia ter duvidas sobre si
mesma. Mas estava tendo. Tinha dias em que ela tinha certeza de que
era
um clone. Dias em que sentia em casa, e em que tinha lembrancas de um
passado que nao era o seu.
Essas lembrancas eram mais vividas, mais reais que as de sua familia,
de
sua infancia. Os dias em que sabia que era um clone, ou os dias em que
achava que estava sofrendo lavagem cerebral, tinham alguma coisa em
comum. A raiva que estava sentindo porque Mulder nao vinha busca-la.
Ora, se ela nao era um clone, ele nao tinha o direito de abandona-la.
E
se ela era um clone, isso nao era motivo suficiente para ele desistir
de
salva-la. Em pouco tempo a raiva que ela estava sentindo cresceu. Ela
estava comecando a odia-lo.
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Mulder ja tinha desistido de procurar pelo clone. Ver sua parceira
ferida, por menor que fossem os ferimentos, o tinham feito pensar
muito.
E ele tomou sua decisao. Iria prosseguir seu caminho sem olhar para
tras.
Ele ja estava realmente convencido disso, mas teve um encontro com
Marita. Ela lhe disse que sabia onde estava o clone. E lhe deu todos
os
elementos para acha-la.
Agora cabia a ele a decisao. Enquanto era impossivel encontra-la ele
nao
teve problemas. Apenas disse a si mesmo que nao seria possivel acha-la
e
que sua parceira precisava dele ali. Mas agora a situacao era
diferente.
Ele sabia onde o clone estava. Tinha que ir ate la.
Tinha ao menos que ve-la. Nem que fosse pela ultima vez.
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Ela ouviu um zumbido. Mas nao era das abelhas. Era um barulho forte.
Fazia tempo que nao ouvia o barulho de um automovel. Ela se virou para
ver o carro. Era um carro muito conhecido. Ela e Mulder costumavam
alugar sempre um parecido. Um Ford Taurus.
Ela sentiu como se fosse desmaiar. Tinha esperado tanto tempo que ele
viesse a procura dela. Depois havia perdido as esperancas e comecado a
nao desejar ve-lo nunca mais. Mas agora la estava ele.
Como ela reagiria estando frente a frente com ele? O que diria? E o
que
ele diria? Como se explicaria a ela por ter deixado passar tanto
tempo?
So havia um meio de descobrir, e era indo de encontro a ele. Naquela
hora do dia nao havia muitos integrantes da colonia por perto. E ela
achava que eles nem notaram a chegada do carro. Ela foi na direcao do
automovel.
O carro parou e Mulder desceu. Ela parou em frente a ele.
Os dois se olharam por algum tempo. Nenhuma palavra foi trocada.
Ele nao conseguia colocar os pensamentos em ordem. Ela estava
diferente.
Nao exatamente fisicamente, mas havia algo nela, no olhar dela que ele
nunca tinha visto.
Ela olhou para ele sem sentir nada do que achava que sentiria. Nem
mesmo
a raiva que acumulou.
Mulder rompeu o silencio.
-Ela voltou.
-Sim, eu soube. Voce conseguiu o que queria Mulder.
-Nao, eu nao queria isso. Eu nao busquei isso. Eles fizeram isso a
nos.
Eles nos usaram.
-Agora isso nao importa mais. O que importava era como voce reagiria
ao
que eles fizeram. Voce tinha a escolha. Voce nao quis escolher.
-Scully escute..
-Nao me chame de Scully. Me chame de qualquer coisa, ou nem me chame.
-Dana, eu nao tive escolha. Eu nao podia....
-Voce nao podia? Voce tinha a escolha nas suas maos.!!
Ela estava furiosa. Tao furiosa que comecou a chorar. Nao era uma
coisa
que gostasse de fazer, mas a raiva acumulada nesses meses a tinha
deixado despreparada para o que seria o encontro real com ele. Com
emocoes reais vindo a tona.
-E sabe o que voce escolheu Mulder? Voce escolheu virar as costas.
Fingir que eu nao existo. Nao importa o que eu seja eu existo. Voce
entendi isso?? Voce entende que fui eu que salvei sua vida tantas
vezes?
Que fui eu que sofri de cancer por causa das suas crencas? Que fui eu
que senti a perda de pessoas queridas? Voce percebe que a verdadeira
Scully estava em um lugar como esse, descansando enquanto eu sofria
por
ela???
-Eu sei tudo isso. Eu sei e me reprovo por tudo isso. Mas como voce
quer
que eu abandone minha parceira? Eu ja abandonei uma vez. Quando ela
foi
sequestrada e mantida aqui, ou seja la onde for, eu recebi voce de
volta, mas ela ficou sozinha, nao durante meses, mas durante anos.
Voce
roubou todos esses anos dela. E isso que voce precisa entender.
-Eu roubei os anos dela? Eu sou tao vitima quanto ela Mulder! Olhe
para
mim! Eu estive do seu lado, eu salvei sua vida, nao uma, mas muitas
vezes. Voce confiava em MIM! Eu! Voce consegue ver essa diferenca?
Consegue distinguir entre a pessoa que esta do seu lado agora e eu?
Nao
ve que a confianca que voce tinha em mim foi adquirida com a
experiencia? Ela nao teve a experiencia. Ela nao cacou os loucos que
nos
dois cacamos.
-Ela tem essas memorias.
-Pergunte a ela Mulder! Pergunte a ela se ela tem o sentimento dessas
memorias. Eu tenho certeza que ela nao tem. Eu sei que ela nao sente
nada quando lembra de voce apontando uma arma pra ela, naquele quarto
de
hospital. Ela se lembra. Mas nao sente nada. Ela e pior que eu, ela e
somente uma copia de mim, com minhas memorias mas sem o que eu sinto.
-Ela e real!!
-Real? E eu nao seria real? Porque voce acha que eu sou parecida com
ela
Mulder? Eu tenho a mesma linha de dna dela. Eu nao sou ela, mas eu
venho
dela. A diferenca? Eu tenho os sentimentos e a memoria e ela somente
tem
a memoria.
-E a alma? Quem tem a alma?
-Alma? Vindo de voce  isso fica estranho, ou sera que voce so usa
argumentos religiosos quando e conveniente? E isso? Pois bem,
respondendo sua pergunta, eu tenho alma sim, e tenho certeza que ela
tambem tem.
-Mas voce nao e ela.
-E nem ela sou eu.
-O que voce quer que eu faca??? Me diga!Quer que eu traga ela pra ca e
leve voce comigo?
-Nao. Eu so quero que voce va embora. Eu estava com muita raiva de
voce.
Mas agora eu nao sei mais o que eu sinto. Voce esta sendo uma decepcao
pra mim. Espero que nao seja pra sua parceira.
Ela virou as costas e foi embora. Ele entrou no carro, deu a partida e
nao olhou para tras.
Nao importava o que ela tinha dito. Ele nao podia fazer escolhas.
Escolhas demais ja tinham sido feitas, e todas desastrosas. Ele nao ia
cometer esse erro.
Ela seguiu para a casa. A sua casa. Ela sabia agora que nao pertencia
a
outro lugar. Era essa a sua casa. Era aqui que ela tinha alcancado a
paz
que tanto ansiava.
Mulder voltou para Washington. Nao iria contar nada do que tinha
acontecido para Scully. Ela nao merecia saber. Ele ja tinha sido um
lixo
com a outra Scully. Ele sabia que o que ela tinha dito era verdade.
Ele
sabia e se sentia mal com isso. Mas nao havia escolha a fazer. Ele
tinha
que aceitar a situacao como ela foi apresentada a ele. Nao havia saida
possivel.
A dor e a culpa iria sempre persegui-lo, mas nao havia como escapar
disso. E dor e culpa sempre estiveram ao lado dele. Ele podia conviver
com isso.
Ele se dizia tudo isso com pouca conviccao. Ele estava errado. Sabia
que
estava errado. Sentia em todo o seu corpo que estava errado. Era o
clone
a sua verdadeira parceira. E Scully que estava trabalhando com ele
agora
nao significava a mesma coisa para ele.
Ele fez o trajeto ate a cidade chorando. Chorando por ter tido tantas
oportunidades de resolver tudo, bastava que ele tivesse notado desde o
inicio. Chorando porque ele abandonou Scully nao somente uma vez, mas
muitas, e estava fazendo isso novamente. Mesmo que ela nao fosse a
verdadeira. Chorando porque no trajeto ate a cidade ele estava
deixando
para traz anos de amizade verdadeira. E chorando principalmente porque
nao havia nada que ele pudesse fazer quanto a isso.
E enfim ele entendeu o telefonema.
Sua parceira nunca voltou e nao vai voltar nunca mais.

End part 2/2

Fim

    Source: geocities.com/televisioncity/set/4179

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