de Benedito Ruy Barbosa, o mesmo autor de "O Rei do Gado", "Renascer" e "Pantanal".
SAIBA TUDO SOBRE A NOVA NOVELA DAS OITO DA REDE GLOBO!
Estadão, 18 de julho de 1999
Saga italiana para inglês ver
Emissora fará mais de um lançamento da novela
O Globo, 9 de Julho de 1999
Elenco de ‘Terra nostra’ aporta na Inglaterra
A chegada oficial do verão britânico tornou as condições climáticas da Grã-Bretanha, imprevisíveis especialmente no Sul da Inglaterra, bastante generosas nos últimos dias: o sol vem brilhando até as 22h. Não podia ser melhor para o diretor Jayme Monjardim. A bordo do Shieldhall, um navio a vapor que até a semana passada era somente conhecido dos portuários de Southampton, o diretor-geral de "Terra nostra", próxima novela das 20h da Rede Globo, comanda um verdadeiro exército de atores e figurantes.
Há dez dias Monjardim e sua equipe quebraram a rotina na pacata Southampton. A cidade portuária tornou-se conhecida do público mundial menos pelos fortes bombardeios que sofreu durante a Segunda Guerra, do que propriamente pelo fato de lá terem sido soltas as amarras do Titanic, cuja história rendeu estrondoso sucesso recente de bilheteria a Hollywood. Mas o primeiro capítulo de "Terra nostra", gravado durante a semana na cidade inglesa, retrata a saída dos imigrantes do porto de Gênova.
É a história de Juliana (Ana Paula Arósio) e Matheu (Tiago Lacerda), que fazem o par romântico da trama. Eles se encontram no mesmo navio que transporta os camponeses italianos para o Brasil. Juliana é filha de Ana (Beth Mendes) e Julio (Gianfrancesco Guarnieri). A peste se alastra no navio Andrea I e mata os pais de Juliana. Ela se desespera porque Matheu também adoece.
Com medo de serem colhidos pela morte, os dois cedem às exigências do amor. Matheu sobrevive, mas acaba se desencontrando de Juliana quando os dois chegam ao Porto de Santos, no Brasil. Ele é levado para uma fazenda de café, e ela encontra abrigo na casa de um amigo de seu pai.
Um "Titanic" às avessas? A princípio, não é o que revela a inspiração do autor da novela, Benedito Ruy Barbosa, já que os dois amantes são pobres e não morrem no decorrer da trama. Mas as comparações com o filme acabam sendo inevitáveis. As cenas de amor gravadas a bordo do navio a vapor Shieldhall serão imediatamente associadas às gravadas por Kate Winslett e Leonardo di Caprio para o filme americano.
- Se a novela fizer um por cento do sucesso do Titanic, eu já fico feliz - brinca Monjardim. - Toda história que for de época, e rodada num navio, sempre vai lembrar o Titanic. O céu está lá, bonito, com o sol brilhando para nós e eu não me preocupo com este tipo de comparação. Antes do diretor de Titanic rodar, eu já fazia takes como esses em Pantanal (novela da Rede Manchete, de 1990).
Mais de 40 pessoas, entre equipe técnica e elenco, montaram a estrutura cenográfica em Southampton. O apoio logístico na Inglaterra ficou a cargo de Roberto Mader, brasileiro, da produtora Samba Filmes, que cuidou de cada detalhe da megaprodução da Rede Globo que já está sendo apontada como o mais importante projeto da teledramaturgia para enfrentar a concorrência. A emissora não revela quanto gasta para rodar "Terra nostra". Muitas outras tramas da Globo tiveram seus capítulos iniciais gravados fora do Brasil, mas raramente em tal esquema de megaprodução.
Para tornar a trama mais crível, a Globo contratou em Southampton mais de 300 figurantes, entre eles ingleses, gregos, italianos e até um garoto romeno, encontrado em Portobello Road pela produção. Além disso, Ana Paulo Arósio e Tiago Lacerda tiveram aulas de italiano.
O Globo, 9 de Julho
A história da família do diretor-geral
A trama de Benedito Ruy Barbosa representa um duplo desafio para o diretor paulista Jayme Monjardim. Primeiro, o de reconstituir, em 233 capítulos - a novela está programada para permanecer no ar durante 11 meses - a imigração italiana para o Brasil a partir de 1870, quando a primeira gleba de imigrantes chegou ao país. Segundo, o de mostrar ao público brasileiro a história de vida de sua própria família. Jayme Monjardim é um autêntico Matarazzo. É bisneto de Francisco Matarazzo, o imigrante italiano que fez fortuna e História no Brasil, e primo do senador Eduardo Suplicy.
- A novela, que se desenrolará em três fases (do final dos 1800 até o ano 2000), pretende contar mais de cem anos da história da imigração italiana para o Brasil - explica, emocionado. - Sem dúvida, esta é uma enorme responsabilidade histórica e familiar. Meu bisavô fez exatamente essa viagem. Ele saiu de Nápoles em 1870. Naquela época, os navios ainda não atracavam diretamente no porto. Os imigrantes eram obrigados a desembarcar primeiro num pequeno barquinho, antes de conseguirem chegar ao cais. Esse pequeno barco do meu bisavô naufragou, e ele perdeu tudo no trajeto.
O Globo, 8 de Julho
‘Terra nostra’ I
Ana Paula Arósio e Thiago Lacerda estão dando uma mão à produção de "Terra nostra". Antes do início das gravações, em Londres, eles ajudaram a pintar o tombadilho e a proa do navio usado em cena.
‘Terra nostra’ II
Dona de cavalos de raça e amantes dos animais, Ana Paula Arósio teve uma decepção em Londres. Ela queria visitar a estrebaria do palácio da rainha Elizabeth, mas o local não estava aberto à visitação.
O Globo, 5 de Julho
Âncora inglesa
É grande a movimentação da equipe de produção de "Terra nostra" em Londres. Para as primeiras cenas da próxima novela das 20h, foram contratados 300 figurantes que moram na Inglaterra. Todos são descendentes de italianos e portugueses. A gravação será no Porto de Southhampton.
O Globo, 29 de Junho de 1999
‘Nostra’
Ao gravar uma cena de "Terra nostra" no Memorial do Imigrante, em São Paulo, Antônio Calloni encontrou um documento com a data de chegada do seu bisavô, Attílio Calloni, ao Brasil em 1885, com 22 anos. O ator ficou emocionadíssimo.
O Globo, 20 de junho de 1999
Emoções à italiana no Brasil dos imigrantes
SANTOS
Um Brasil pós-escravocra ta às portas do século XX recebe imigrantes italianos que vêm fazer fortuna; que vêm aprender novos códigos e costumes; que vêm per fare l’America. Depois de cruzar o Atlântico por 30 longos dias a bordo de um vapor insalubre, homens, mulheres e crianças de olhos brilhantes e roupas opacas desembarcam no porto de Santos. Na bagagem, eles trazem o medo, a coragem, o desencanto, a esperança. Mas, sobretudo, a paixão, que emerge entre os belos ragazzi Juliana (Ana Paula Arósio) e Mateo (Thiago Lacerda), protagonistas de "Terra nostra", a próxima novela das 20h da Rede Globo, com estréia marcada para 20 de setembro.
As filmagens da saga escrita por Benedito Ruy Barbosa começaram no último sábado, em Santos. O diretor Jayme Monjardim diz que o principal objetivo da trama é recuperar na TV o sentimento das pessoas. São as emoções dos personagens que ficarão em primeiro plano, apesar do pano de fundo político-econômico que cobrirá mais de um século da História brasileira em três fases distintas, que cobrem cerca de 40 anos cada. Não por acaso, a novela se insere no projeto "Brasil 500", que comemora os 500 anos do Descobrimento.
- O que nos interessa não são apenas os fatos históricos, mas a história das emoções. Quem não vai vibrar vendo a história do seu avô, seja ele italiano ou não? - salienta Monjardim, um descendente do clã dos Matarazzo, durante décadas símbolo do triunfo da migração italiana no país.
Ao gravar as cenas de desembarque no armazém 9 da Companhia Docas de Santos, os atores Antonio Calloni e Lu Grimaldi (o casal Bartolo e Leonora), além da estrela Ana Paula Arósio, também não escondiam a emoção de revirar suas próprias raízes. Vestidos com roupas de época, junto com 300 figurantes escolhidos a dedo entre quatro mil candidatos e recrutados nas mais diferentes regiões do Brasil, eles pareciam ter saído de um túnel do tempo.
- É uma história muito bonita e emocionante que conta um pouco a história da minha família - diz Ana Paula Arósio, protagonista da primeira fase da trama, que surgirá na tela de cabelos longos e cacheados e ar desprotegido.
A adolescente Juliana se apaixonará pelo Mateo de Thiago Lacerda a bordo do navio SS Shieldhall, que deixara o porto de Gênova. Depois de viver os tormentos da viagem - os pais (Gianfrancesco Guarnieri e Beth Mendes) morrem por não resistir à travessia - a jovem perde o amado em meio à multidão. Ela acaba indo morar na casa de um amigo do pai, o rico Francesco (Raul Cortez), que vive na capital paulista e é casado com a megera Janete (Angela Vieira). A angústia da italianinha aumenta quando ela se descobre grávida do amado desaparecido. O filho de Francesco, o bon vivant Marco Antônio (Marcello Anthony), se encantará com a hóspede do pai.
Enquanto isso, Mateo vai trabalhar no cafezal de Gumercindo (Antônio Fagundes), no interior de São Paulo, e acaba sendo disputado pelas duas filhas do fazendeiro: Angélica (Paloma Duarte) e Rosana (Carolina Kasting). Ele impõe sua personalidade frente ao patrão, um ex-escravocrata desacostumado à mão de obra branca e remunerada.
- Mateo é um líder de personalidade forte, e por isso vai entrar em conflito com o sistema - diz Thiago Lacerda, que acredita que seu personagem é parecido com o de Leonardo DiCaprio em "Titanic".
A saga destes primeiros imigrantes continua nas gerações futuras. Tony Ramos, Regina Duarte e Tarcísio Meira são fortes candidatos a protagonistas das fases seguintes da novela
Folhetim tempera fatos marcantes
Escrita por Benedito Ruy Barbosa, "Terra nostra" é uma superprodução que cobrirá um período de aproximadamente 40 anos e terá elencos diferentes. A idéia do autor e do diretor Jayme Monjardim é relembrar os principais acontecimentos da História do Brasil no último século sem abrir mão dos ingredientes necessários para o sucesso de qualquer folhetim.
Esta semana, haverá gravações na Estação da Luz, no bairro do Brás e num prédio do Dops, em São Paulo, e também na estação de trem de Jaguariúna, para onde foram muitos imigrantes italianos. A primeira fase da novela deverá ter 90 capítulos e conta ainda com a participação de Débora Duarte, que vai interpretar Maria do Socorro, mulher do personagem de Antônio Fagundes e mãe de Angélica, vivida por sua filha Paloma Duarte.
O Globo, 24 de Maio de 1999
‘Terra nostra’ I
Diretor-geral de "Terra nostra", Jayme Monjardim está procurando locações originais: além do Porto de Santos, ele vai usar a Casa do Imigrante, no Brás, que testemunhou a chegada de muitos estrangeiros ao país. A idéia é conseguir o clima mais próximo da época possível.
‘Terra nostra’ II
Depois que deixar "Malhação", Carolina Kasting vai participar de outra produção na Rede Globo. Ela estará na próxima novela das 20h como a filha de Antônio Fagundes. Será irmã da personagem de Paloma Duarte. Com ela, disputará o amor de Mateo (Thiago Lacerda).
O Globo, 22 de Maio de 1999
Superprodução na festa dos 500 anos
O ano é 1892. A bordo de um navio que traz imigrantes italianos para o Brasil, Mateo (Thiago Lacerda) e Juliana (Ana Paula Arósio) se apaixonam. Mas, quando chegam ao Porto de Santos, no tumulto do desembarque, acabam se perdendo e se separando. Este é o ponto de partida de ‘‘Terra nostra’’, de Benedito Ruy Barbosa, que ocupará o horário das 20h da Rede Globo a partir de meados de setembro.
Superprodução dividida em três fases, a história versará sobre a imigração italiana, um tema recorrente nas novelas de Benedito desde ‘‘Os imigrantes’’, exibida pela Rede Bandeirantes em 1981. Com a ajuda da pesquisadora Ângela Marques da Costa, o autor se debruça sobre livros e jornais antigos para escrever a trama. Cada etapa cobrirá um período de cerca de 30 anos.
- É uma loucura, nunca tinha feito isso na minha vida - diz Benedito, que já tinha realizado uma extensa pesquisa para ‘‘Os imigrantes’’, mas nada comparável a estudar mais de cem anos de História em poucos meses. - A minha intenção é cativar o público com as tramas românticas no começo e depois passar a tratar também dos acontecimentos que marcaram o país, do começo da República até os dias de hoje.
A novela épica faz parte do Projeto Brasil 500 Anos, da Rede Globo. Com o objetivo de se preparar para a tarefa hercúlea, Benedito fez uma sinopse geral da história e outras menores, referentes às três fases. Cada uma terá um subtítulo. A primeira, diz ele, poderá se chamar ‘‘Esperança’’ ou ‘‘Travessia’’. Ao todo, ‘‘Terra nostra’’ deverá ter 240 capítulos, que ainda não se sabe como serão divididos. Segundo Benedito, a primeira etapa poderá ter entre 40 e 80 capítulos. Até agora, ele escreveu 11.
A direção de ‘‘Terra nostra’’ ficará a cargo de Jayme Monjardim, que já fez dupla com o autor em ‘‘Pantanal’’, exibida em 1990, na Manchete. Monjardim dividirá a tarefa com Carlos Magalhães e Marcelo Travesso, que trabalhou com ele em ‘‘Chiquinha Gonzaga’’.
No início da primeira fase de ‘‘Terra nostra’’, logo após a separação no Porto de Santos, Juliana viaja para a capital paulista e é acolhida pelo italiano Francesco (Raul Cortez), um abastado amigo de seus pais, mortos na viagem. Já Mateo consegue trabalho no interior no estado, na fazenda de Gumercindo (Antônio Fagundes), homem rude que explora mão-de-obra estrangeira.
É claro que, para complicar a história, cada um dos pombinhos terá outros pretendentes. Juliana encantará o filho de Francesco, Marco Antônio, enquanto Mateo arrancará suspiros das duas filhas do patrão.
As gravações da novela começam em junho, provavelmente em Santos. A seguir, a equipe poderá gravar numa fazenda em Valença, que na trama será a casa de Gumercindo. Na segunda fase, haverá também cenas gravadas na Itália.
Aos poucos, o elenco dos primeiros capítulos está sendo escolhido. Débora Duarte e Paloma Duarte poderão ser mãe e filha também na ficção. Neste caso, Débora faria a mulher de Antônio Fagundes. Já Marcello Antony está cotado para ser Marco Antônio. Falta apenas acertar detalhes contratuais.
- Ele é um rapaz galanteador e bon vivant que cai de quatro pela Juliana - conta Marcello.
Os atores já contratados começam a se preparar. Mal soube que tinha sido o escolhido para viver Mateo, Thiago Lacerda grudou num tio italiano.
- Sei que nós teremos aulas, mas já estou tentando aprender o sotaque. Pelo que o Jayme (Monjardim) me disse, o personagem terá um peso muito grande. Protagonizar uma novela das 20h vai ser o desafio mais importante da minha carreira - diz Thiago, que estourou em ‘‘Hilda Furacão’’.
Ana Paula Arósio já está tendo aulas de italiano. Por causa da passagem de tempo, cada uma das fases da novela terá elencos diferentes, formados por entre 20 e 30 atores. Mas, segundo Benedito, nada impede por exemplo que Ana Paula, a heroína da primeira etapa, apareça na última como uma descendente de Juliana. Foi do próprio autor, aliás, a idéia de ter a atriz em ‘‘Terra nostra’’.
- Fiquei impressionado ao vê-la em ‘‘Hilda Furacão’’. Nós já nos reunimos e pude perceber que a Ana Paula está se empenhando. Acho que ela vai fazer fantasticamente o papel de uma italianinha que sofre para burro - diz Benedito.
Embora o elenco não esteja totalmente escolhido, uma equipe comandada por Paulo Lóis já cuida do figurino. O grupo vem buscando inspiração em filmes antigos, em arquivos públicos, como o do Memorial da América Latina, em São Paulo, e em álbuns de família.
- Para os imigrantes, faremos roupas escuras, principalmente em cinza e preto, com panos rústicos como lãs e flanelas. Elas serão envelhecidas, já que uma travessia dessas durava meses e os personagens são pobres - conta Lóis. - As roupas dos fazendeiros serão em tons de terra, e usaremos muito linho. Para as da família do Raul Cortez, teremos cambraias, crepes, sedas e rendas. (Lilian Fernandes)
20 de Maio
Mais de uma fase
Protagonista de "Terra nostra", Ana Paula Arósio poderá viver mais de um tipo. Como a trama das 20h terá três fases, ela voltará mais tarde como uma descendente de sua personagem inicial.
O Globo, 11 de Maio de 1999
‘Terra nostra’
Como Regina Duarte e Gabriela fizeram em "Por amor", Débora Duarte e Paloma deverão ser mãe e filha na TV. Elas estão cotadíssimas para "Terra nostra", próxima novela das 20h. Marcello Antony também está em negociação.
‘Terra nostra’ II
Diretor-geral de "Terra nostra", Jayme Monjardim já escolheu a locação para a casa de Gumercindo (Antônio Fagundes): será uma fazenda em Valença. Já o desembarque dos imigrantes, que vai ao ar na estréia, acontecerá em Santos.
Rede Globo, Divulgação
É dentro deste navio que passa a ser contada a história, a partir do final do século passado. "Dividida em três fases, a narrativa aborda o século XX através da emoção dos personagens", afirma o diretor geral Jayme Monjardim. Cada fase, que mostra um período de aproximadamente 35 anos, terá a média de 80 capítulos. A trama se inicia quando Juliana, interpretada pela atriz Ana Paula Arósio, junto com seus pais, Julio (Gianfrancesco Guarnieri) e Ana (Bete Mendes), imigram da Itália para o Brasil em um navio que parte do porto de Genova. Uma história de amor nascerá entre a bela Juliana e outro imigrante, o jovem Mateu (Thiago Lacerda), durante a viagem.
O navio
Após quase dois meses de pesquisa, a equipe de produção de Terra Nostra encontrou um navio para servir de cenário para as gravações da novela. "A busca começou pela Internet, onde várias possibilidades foram encontradas", conta Alexandre Ishikawa, gerente de produção. As principais exigências contavam, por exemplo, com as condições gerais da embarcação, as reais possibilidades de gravação no mar, além do aspecto, que deveria lembrar os antigos navios do fim do século. Finalmente, a equipe chegou ao SS Shieldhall, ancorado na cidade de Southampton. Construído em 1955, ele é atualmente alugado para festas, casamentos e outros eventos sociais.
Antes de começarem as gravações, o Shieldhall passou por uma reforma. Teve seu convés pintado pela produção para se assemelhar aos navios da época. Um fato curioso: os atores protagonistas, Ana Paula Arósio e Thiago Lacerda, pegaram os pincéis e participaram da pintura. Logo após, a equipe de produção de arte entrou em ação e surgiu, no lugar do SS Shieldhall, o Andrea I, navio que faz parte da história da novela. E ainda, para viabilizar as gravações, que incluiram cenas com até 300 figurantes, um salão foi transformado em refeitório e uma cozinha completa foi montada a bordo.
A produção
Realizar cenas de grande impacto dramático com dezenas de figurantes numa novela de época, e no mar, exige uma estratégia especial. Por isso, foi preciso montar um grande esquema de produção com o apoio de uma equipe local. Com 15 pessoas trabalhando diretamente na locação, a Samba Produções, dirigida pelo brasileiro radicado em Londres, Roberto Mader, emprestou sua experiência "inglesa" para ajudar nas gravações. Ele explica: "Contribuímos com a logística para a contratação dos figurantes, a montagem do esquema de hospedagem e alimentação, assessoramos quanto à questão legal de gravar na Inglaterra, que tem normas estritas para tomadas no mar ou contratação de crianças". Mas estes são somente alguns dos aspectos da produção, que envolveu diariamente 50 pessoas, entre brasileiros e ingleses. Cerca de duas toneladas de equipamentos foram levadas do Brasil, com mais de mil peças de figurino, além dos adereços - chapéus, chales, brinquedos antigos - nececessários para a caracterização dos figurantes e elenco. Alguns acessórios, como cordas, salva-vidas e objetos usados em navios da época foram alugados em lojas especializadas de Londres.
As gravações
Um clima maravilhoso, especialmente para os padrões britânicos, ajudou muito nos três primeiros dias de gravação. Dias ensolarados e longos - o sol se pondo por volta das 21h - permitiram que os roteiros fossem cumpridos. No primeiro dia, estiveram em cena os atores Thiago Lacerda, Paulo Figueiredo, numa particpação especial como o comandante do navio; José Augusto Branco, no papel do médico de bordo; Lu Grimaldi (Leonora) e Antonio Calloni (Bartolo). Os dois últimos formam um casal de imigrantes que viaja para o Brasil com a filha pequena. Eles serão os grandes amigos de Mateu quando ele trabalhar na fazenda de café.
O segundo dia foi marcado pelo romantismo. Na locação, Ana Paula e Thiago Lacerda gravaram cinco cenas que mostram os momentos em que seus personagens se apaixonam. As cenas foram brindadas com um pôr do sol cinematográfico. Já o terceiro dia se destacou pela grandiosidade dos números, pois, além dos atores mencionados, de Bete Mendes e Gianfrancesco Guarnieri, recém-chegados à Inglaterra, mais 300 figurantes estiveram no local. As cenas gravadas mostram uma pequena festa no navio onde os imigrantes italianos cantam musicas típicas e dançam a Tarantella. É nessa festa que Juliana e Mateu se conhecem.
Na sexta-feira, dia 9 de julho, foi retratado um dos momentos mais dramáticos da história: a morte - que todos acreditam ter sido provocada pela peste - dos pais de Juliana, que, conforme costume da época, tiveram seus corpos jogados ao mar. Essas seqüências também contaram com cerca de 300 figurantes.
A figuração
Caminhar pela proa do navio, num dia como a quarta-feira, dia 8 de julho, era uma experiência, no mínimo, curiosa. Os figurantes, vestidos como os imigrantes do final do século passado, foram instruídos pelo diretor Jayme Monjardim sobre a cena. Então, veio o primeiro problema: em que idioma falar? A equipe fala português, os figurantes são portugueses e também brasileiros, mas, para a grande maioria, a língua portuguesa é um mistério. Por isso, o diretor não tem dúvida: repete tudo em um italiano bastante fluente - nacionalidade de muitos dos extras. Mas, além deles, há romenos, ingleses, espanhóis e gregos no navio, e que também precisam entender as instruções para saber o que fazer. Por isso, tudo é repetido em inglês, idioma que todos acabam utilizando para se comunicar. Complicado? Um pouco, mas também divertido, principalmente quando, além dos diversos idiomas, as pessoas acabam se comunicando por mímica.
Terra Nostra tem direção geral de Jayme Monjardim, direção dele, Carlos Magalhães e Marcelo Travesso; os figurinos são de Paulo Lóes, a direção de arte é assinada por Tiza de Oliveira,os cenários estão a cargo de Raul Travassos, a gerência de produção é de Alexandre Ishikawa e a direção de produção de Ruy Mattos. Este programa é do Núcleo Jayme Monjardim.