FHC versão informatizada

Parábola enviada por JN

(jn1@zaz.com.br)


Um cliente ao entrar em uma loja de informática, vê um anúncio de
sistema operacional:

Lançamento! FHC98!

Então ele pergunta ao vendedor:

- FHC98? Não é igual ao FHC94?

O vendedor responde:
- Não! Com seus cabelos mais grisalhos ainda, e uma interface muito
mais amigável! Suporta diversas línguas e todos os bugs da versão
anterior foram corrigidos!!


- Todos? Não é muito forçado?

- Claro que não! Ainda mais com o novo patch para desemprego, FHC98 é
um Show!

O cliente convencido, compra o sistema e o leva para casa.
Mais tarde, começa a instalar no seu computador.

Entretanto logo no começo da instalação aparece a seguinte mensagem :

Warning: Módulo PFL requerido.

Revoltado, ele liga para a loja:
- Vocês não avisaram que era necessário o modulo PFL para eu instalar
o FHC98 no meu computador!!

- Claro que é necessário! Você comprou a versão de Upgrade!!

- Ora! Então quero trocar pela versão full!

- Infelizmente, só aceitamos trocas depois de 4 anos. O Modulo PFL é
grátis, baixe na internet e instale!

- O que? Isso é um absurdo! Eu não quero instalar o PFL! Me disseram
que este programa é muito ruim! Vive travando e deixa o computador
mais lento!

- Não se preocupe! O FHC98 corrige tudo isso!

Acalmado o cliente, resolve baixar o PFL em

http://www.fisiologismo.com.br/marcomaciel/acm/download.html

e então instala.

Mas alguns instantes depois aparece a seguinte mensagem:

Warning: Seu sistema está corrompido! Reinstale os módulos
defeituosos!

Novamente ele liga para o suporte:
- Eu sabia! Esta porcaria destruiu meu computador! E o pior é que eu
não consigo desinstalar! Sempre da erro! Ele fica pedindo para eu
reinstalar o PFL toda vez!

- Calma! Esqueceu o que eu disse? O FHC98 corrige tudo isso!

Então ele instala o FHC98, entretanto, logo nos primeiros dias
aparece a mensagem:

Aviso: O Banco Central executou uma operação ilegal no módulo
Kernel.dll
Pilha: Bolsa de São Paulo
Bolsa de Buenos Aires
Bolsa de Nova York

Logo depois aparece uma tela azul:

O sistema operacional esta instável!
Aperte qualquer tecla para retornar ou ctrl-alt-del para reiniciar.

Revoltado o cliente liga para o suporte.
- Isso é um absurdo! Esse sistema operacional é uma merda! Vou
instalar o Lulinux! Pelo menos ele não trava!

- Calma!
O Service Pack FMI-Recessão conserta tudo isso, e estamos
preparando um patch para melhorar o desempenho!

- Toda vez é isso, vocês lançam uma porcaria defeituosa e querem
consertar nas costas dos usuários!

- Esta bem! Instale o Lulinux! Você já viu como ele é feio?

- Bem... realmente! Tudo bem. Vou testar o FHC98 mais um pouco.

E o Cliente continua a usar esta porcaria até hoje.
É impressionante como
a propaganda funciona.


Um abraco...

JN.

  


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Artigo publicado no Jornal Tribuna da Imprensa, na coluna de Hélio Fernandes, em 30/11/98

FHC o exterminador do futuro

(A História de um grupo de vivaldinos e de um Pseudo-Imperador em sua tática de desgoverno)


MOCINHOS E BANDIDOS NÃO DANÇAM QUADRILHA
Manuel Sefardim de Oliveira

Esta é a fábula de um grupo de brilhantes (ou, pelo menos, lustrosos) intelectuais de uma república do Caribe, a Cayminha Banana Republic. Durante um pesado regime militar, passaram boa temporada exilados (ou auto-exilados) em outro país, onde se dedicavam a estudos acadêmicos, além de um certo hedonismo, que ninguém é de ferro. Ao final das férias, digo, exílio, regressaram à pátria, com a ambição de tomar o poder. Todos jutos, sempre.
Para isso, aproximaram-se do líder do
Partido Obreiro, um valoroso operário. Usaram do prestígio deste operário para proveito próprio e acompanhavam-no, em comícidos de porta-de-fábrica, para passar a imagem de aliados do povo, contra o secular esbulho dos países ricos. Por estranha coincidência, os esbulhadores, que abominavam o carismático operário, nutriam particular simpatia pelo intelectual-chefe e resolveram dar-lhe uma pequenina ajuda, em seus sonhos de poder. Com isso, e mais uma curiosa preferência dos grandes jornais e outras mídias (com especial destaque para as emissoras da Rede Mundo e a Revista Observe), ele acabou, quem diria, presidente da república de bananas.
Nessa altura, seus colaboradores e admiradores, que eram muitos, principalmente entre banqueiros e golpistas, perdão, financistas, atribuiram-lhe a bela alcunha de "Príncipe dos Politicólogos". Mas faltava uma coisa: apesar do brilho de sua produção acadêmica (isto é indiscutível, pois ele mesmo o afirmava), o simpático Príncipe, idolatrado entre os intelectuais caribenhos, porém desconhecido na Europa, onde nunca tinha recebido nenhum título de universidade importante, o que muito o amofinava.
Mas os magnatas estrangeiros e trambiqueiros, digo, banqueiros, eram mui leais amigos, e trataram logo de arranjar-lhe uma penca de medalhas, em cerimônias encantadoras, só empanadas pela maldade de alguns fotógrafos, que teimavam em surpreendê-lo em poses de "Macaco Simão", envergando pomposas togas acadêmicas. Fotógrafos são assim mesmo, disse ele.
Para organizar sua quadrilha, perdão, equipe de governo, o querido Príncipe imitou o general Suharto, que transformou a Indonésia em Aspirante a Tigre Asiático, nomeando para os cargos-chave seus competentíssimos e honestíssimos filhos, sobrinhos, amigos, sócios e ex-sócios de amigos. Sem falar no desmantelamento calculado aos focos de resistência ao seu altruísmo monárquico, como as Universidades Públicas... afinal, sendo ele, segundo ele mesmo, o Mestre Maior, não havia porque haver mais de um. Mas o Príncipe, além de brilhante politicólogo, obedecia aos mais rigorosos princípios éticos e morais. Isto toda a gente sabia, e de muito boa fonte, pois era ele mesmo o que afirmava.
Principalmente quando a oposição a ele se opunha. Assim, padeceu de muitos pruridos antes de nomear o próprio genro para o vice-reinado dos minerais. Mas acabou cedendo, pelo bem da pátria, porque o moço é competentíssimo, só quem nega seu valor é o ex-amigo que empregou por muito tempo o cunhado. Ninguém o iguala, nem mesmo na grande empresa Cayminha de Prospeção e Mineração ou na subsidiária, a Companhia de Estafetas de Cayminha.
... A vida corria em paz, até que um embusteiro resolveu meter o ouvido à porta do gabinete do Ministro dos Grandes Negócios, que conversava com seu amigo, o presidente do Banco de Encorajamento da Republiqueta (BER). E anotou (era taquígrafo, o desgraçado) uma inocente conversa entre amigos, da qual participava também o Lambisgóia, que esta era a alcunha de um outro amigo, ex-presidente do BER, de onde pulou para o Banco Oportunista, casado com ex-funcionária do BER, cuja fulgurante ascensão na hierarquia da casa valera-lhe o carinhoso apodo de Eleninha-Calça-Froxa. Tão competente era ela que, quando diretora do BER, forçou a entrega da Companhia de Águas Públicas da Província Montanhosa ao Oportunista, onde Lambisgóia a guardava com olhos lânguidos. Depois foi só entrar no Oportunista e fazer-se membro do Conselho Administrativo da Companhia de Águas.
Na conversa taquigrafada, os velhos amigos combinavam uma rasteirinha, para derrubar um chato que ambicionava tomar só para si a Companhia de Estafetas de Cayminha. Conversa inocente, em que o único senão foi usarem uma ou outra palavrinha menos convencional. Mas quem já viu conversa de intelectuais, que não fosse recheada de alegres expressões de "sala da guarda"? Pois bem, isso custou-lhe o duro aprendizado de que o mal é presença ubíqua e poderosa. Um belo dia, o bisbilhoteiro resolveu espalhar suas notas por todos os ventiladores, digo, jornais de Cayminha. E o Senador Requeijão, homem sério porém um pouco destemperado, inventou que se tratava de crime grave. Vejam só que maldade!
Indignado, um fiel amigo-ministro do Príncipe correu para mostrar-lhe um amarelado encunábulo, onde lia-se mais ou menos o seguinte: Artigo 288 - Associação de mais de três pessoas em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crime. Pena: cana de 1 a três anos. E preveniu sua alteza de que, de má fé, os inimigos poderiam insinuar que a inocente conversa era forte indício de formação de quadrilha. O Príncipe, estupefato, tomou-lhe das mãos o encunábulo, e na usual linguagem entre amigos tão queridos, bradou polidamente: "Quadrilha que nada, seu babaca. Pois não vê que este é o código penal brasileiro, que não se aplica em nossa republiqueta?".
PS - O artigo acima está visivelmente com pseudônimo. Sefardim de Oliveria, brilhante intelectual, foi correspondente em Cayminha, do Le Monde Inmonde. Muito conhecido dos intelectuais que passaram por lá, sabidamente exilados, (quer dizer exilados deles mesmos e não por combaterem a ditadura) queria escrever mas não queria se expor, o que é compreensível. Junto com dois outros competentíssimos intelectuais, um professor de filosofia e outro, engenheiro-economista-jornalista, completou a matéria e me pediu para publicá-la.
PS 2 - Não pude negar, era um grito que reprimiam há muito tempo. Lembrei de Frank Harris e Bernard Shaw. O primeiro, ex-grande amigo do segundo, escreveu a biografia deste. Antes de publicá-la, morreu. Deixou um bilhete a Shaw, pedindo que "desse o toque final ao trabalho". Bernard Shaw confessou que foi a coisa mais estranha que teve que fazer na vida. Mas como recusá-la? É o meu caso, só que concordo como os intelectuais.

Hélio Fernandes


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