Parque Nacional Torres del Paine
Chile
1º. dia no Parque - 10/01/99 - domingo - Em PN acordei às 06h para poder pegar o banheiro da hospedagem vazio. Sorte! Todo mundo acordou 15 min depois de mim e ficou uma baita fila no banheiro. Às 7h20 o ônibus chega e fui levando todo aquele peso pra dentro - cheguei a deixar uma sacola com algumas coisas que não iria usar em Paine. O busão foi pegando várias pessoas nas pousadas até que ficasse com todos os assentos lotados. Conheci uma turma grande de argentinos e fomos conversando bastante até o parque. Fizemos uma parada para engolir a poeira da estrada em Cerro Castillo, fronteira Chile-Argentina. Quando nos aproximamos do parque, já dava pra ver as Torres e o Almirante Nieto nitidamente com um céu azulzissimo atrás, de deixar boquiaberto qualquer pessoa que não goste de natureza. A Laguna Amarga estava com a água completamente imóvel. Parecia um espelho. Como o ônibus não parou, e o motorista se recusou a parar, eu deveria ter voltado a pé até lá. Me faltou experiência. Que cena fantástica eu perdi! Na Guarneria Amarga - onde devemos pagar a entrada (P$6.500 = U$14.13), apresentar o Passaporte (ou o R.G. para brasileiros) e informar quantos dias ficará e onde pretende estar no parque - ficam os guarda-parques que tiram qualquer dúvida que venha a ter; um armazém; e um punhado de Vans para fazer o trajeto entre determinados pontos (P$1500 = U$3.25). Encontrei uma leva de sanseis daqui de SP. Eles pretendiam fazer El Circuito (a volta em torno do maciço em aproximadamente 6 ou 7 dias) começando pela Administração. Como o dia estava fantástico, os guarda-parques quase que pediam para fazer o circuito da maneira tradicional - sentido anti-horário - só para visitar as Torres. Para todo mundo eles diziam que aquele dia não iria se repetir tão cedo. Eu estando sozinho só não poderia fazer o circuito. O resto do parque não haveria nenhum problema em visitar. Está certo que eles recomendavam nunca andar pelos Senderos, trilhas, sozinho. Caso sofra um acidente, passe mal ou seja atacado por um animal selvagem, no caso um Puma, dificilmente alguém poderia te achar ou ficar sabendo o que aconteceu. Segui a pé até o Camping Las Torres, 1h30 de caminhada. Hoje eu vejo que deveria pegar uma Van pra aproveitar melhor. Depois de curtir muito o caminho que tinha um cheiro do campo, cocô de vaca, e o Monte Almirante Nieto com as Torres à sua direita, cheguei ao camping (P$2000 ou U$5 pp). Um local super tranqüilo, sem o menor sinal do vento patagônico, limpo, com alguns banheiros com água quente, mesas e bancos para comer e locais para fazer fogueiras e muita lenha já cortada. Olha, um camping 4 estrelas. O único porém era que os cavalos ficavam soltos e comiam a grama em volta das barracas. Imaginei que iria comer minha toalha de banho que era verde e ficava pendurada numa árvore. Saí do camping às 14h, com tudo já montado, levando somente meu equipamento fotográfico e uma pequena mochila com lanche e roupa pro frio. Peguei uma trilha que não me levou a lugar nenhum. Voltei pro camping. Perguntei para um sujeito, num espanhol horrível, como fazia para ir até as Torres. Ele começou a falar um espanhol tão ruim quanto o meu. Olho a camiseta dele e está estampada com todas as praias de Ubatuba! Os dois dão risada, um pouco menos que a namorada dele que já vem rindo da nossa cara lá de longe. Peguei o caminho indicado, passei por dentro da Hosteria Las Torres, atravessei uma ponte quebrada e comecei a subir sem parar mais. O camping estava a 160m de altura do nível do mar. Quando eu cheguei aos 360m já era quase 16h. Estava muito cansado. Quando eu me perdi, desperdicei muito tempo e força. Lembrei que ainda faltava 3h30 de ida mais 4h30 de volta. Sentei e resolvi retornar ao camping para ir ao Mirante das Torres no dia seguinte. No camping há um recolhedor de taxa que passa nas barracas e anota a procedência de cada um. Fui dormir completamente exausto planejando chegar ao mirante no dia seguinte.
Dica: caso o dia esteja maravilhoso como o da foto, deixe suas coisas guardadas na Guarneria Sarmiento e volte com suas câmeras até a Laguna Amarga para fazer fotos refletidas como essa. Depois pegue uma Van até o Camping Las Torres e, montado tudo, siga até o Mirante. Eu acabei perdendo tudo isso porque me faltou experiência.