A ÁGUA NO MUNDO ATUAL
A água está presente em múltiplas atividades do Homem e, como tal, é utilizada para finalidades
muito diversificadas, em que assumem maior importância o abastecimento doméstico e público, os
usos agrícola e industrial e a produção de energia elétrica.
Até um passado recente, as necessidades de água cresceram gradualmente acompanhando o lento
aumento populacional.
A era industrial trouxe a elevação do nível de vida e o rápido crescimento da população mundial:
1000 milhões em 1800, 2 000 milhões em 1930, 4 400 milhões em 1980, 6 200 milhões em 2000
(previsão).
A expansão urbanística, a industrialização, a agricultura e a pecuária intensivas e ainda a produção de
energia elétrica - que estão estreitamente associadas à elevação do nível de vida e ao crescimento
populacional - passaram a exigir crescentes quantidades de água.
Assim, a satisfação das necessidades de água põe na atualidade sérios problemas às Comunidades.
Para além das grandes quantidades exigidas, algumas das utilizações prejudicam fortemente a
qualidade da água que, se restituída aos meios naturais sem tratamento prévio, para além de não
poder ser utilizada, é nociva ao próprio ambiente.
É bem conhecida a poluição provocada pelos usos domésticos, públicos e industriais. A refrigeração
de centrais termoeléctricas exige grandes volumes de água, de que só uma percentagem muito
pequena é perdida por evaporação; origina, no entanto, poluição térmica.
Os adubos e os pesticidas utilizados intensamente na agricultura atual são prejudiciais à qualidade da
água, mesmo quando se não pratica a rega. Com efeito, aqueles produto são transportados pelo
escoamento resultante da precipitação, para os aqüíferos ou para os rios e lagos naturais ou
artificiais. Os pesticidas em geral são nocivos em si próprio e os adubos originam um excesso de
substâncias nutrientes nas massas de água (eutrofização), que produz a proliferação de algas e
plantas aquáticas. Associada a este fenômeno verifica-se freqüentemente a decomposição da matéria
orgânica e a conseqüente carência de oxigênio.
Dificuldades crescentes na satisfação das necessidades de água, em conseqüência das elevadas
quantidades exigidas e também da alteração da qualidade de água resultante dos seus usos,
começaram a ser sentidas com inquietação nos países industrializados na década de cinqüenta.
Com a finalidade de diminuir os volumes de água captada, têm sido adotadas novas tecnologias
industriais requerendo menores quantidades da água ou menos poluidoras e tem-se procedido à
reutilização e reciclagem da água. Também na rega se têm desenvolvido técnicas que requerem
menores quantidades de água.
Para além dos problemas de satisfação das necessidades de água, põem-se problemas do domínio
do excesso de água, que pode causar, como já se referiu, níveis freáticos prejudicialmente elevados,
submersão, erosão dos solos e efeitos da corrente nos leitos de cursos de água e zonas marginais.
Na resolução de variados problemas decorrentes da satisfação das necessidades de água e do
domínio da água em excesso, surgem freqüentemente interesses antagônicos.
Tome-se, como exemplo, o caso de uma represa destinada ao fornecimento de água para a produção
de energia hidroelétrica e para rega e ao amortecimento das cheias a jusante.
Para um mesmo volume da represa, quanto maior for a parcela reservada para amortecer as cheias,
menor será o volume disponível para regularizar o caudal, e, consequentemente, menor o volume de
água que é possível utilizar para a produção de energia e para a rega. Além disso, os caudais ao
fornecer pela represa para serem utilizados na rega não se distribuem no tempo de uma forma
compatível com a maior valia da produção hidroelétrica.
As crescentes necessidades de água, a limitação dos recursos hídricos, os conflitos entre alguns
usos e os prejuízos causados pelo excesso de água exigem que tanto o planejamento como a gestão
da utilização e do domínio da água se façam em termos racionais e otimizados devendo integrar-se
na política de desenvolvimento econômico-social dos territórios.
Assim, governos e instituições internacionais têm-se preocupado desde um passado relativamente
recente com os aspectos científicos e educacionais do planejamento e da gestão dos recursos
hídricos e com as estruturas institucionais para a respectiva implementação, a nível nacional, regional
e autárquico.
A concretização dos objetivos do planejamento e da gestão da água passa pela adesão geral das
comunidades a esses objetivos e aos princípios a eles subjacentes, pelo que se torna imprescindível
a consciencialização para os problemas da água, de políticos, desde o nível mais elevado ao nível
autárquico, de técnicos e da população em geral.