Contrastes

 

 

 

 

É preciso que vos desnorteie a paixão,

para que possais encontrar o rumo do amor.

 

Como é necessário o frio da noite, para que valorizeis o calor do sol.

 

Necessitais do sofrimento, para conhecer a felicidade. Ou da sede, para que possais descobrir o sabor da água.

 

A vossa vida é feita de contrastes.

 

 

E antes vos perdeis nos extremos, que buscais a sabedoria do meio. Assim, saltais das lágrimas para o riso; e, sempre agitados pelas emoções, não chegais a conhecer a paz.

 

 

Exercitais o amor e o ódio, o desejo e a ternura, o apreço e o desdém. E vos comportais como se cada um destes sentimentos existisse isoladamente; como, se muitas vezes, não se mesclassem em vosso íntimo.

 

Eu, entretanto, vos digo que os sentimentos são parte de vós. E se misturam em vossos corações, para o aperfeiçoamento do vosso verdadeiro Eu.

 

Assim sois, a um só tempo, o bem e o mal, a pureza e a malícia, a verdade e a mentira. Espalhais, ao vosso redor, o sofrimento e a alegria; e colheis os frutos da vossa semeadura.

 

É assim que sois. E me espanta o ainda não o haverdes descoberto.

 

Pois, se desejais colher determinado fruto, plantais a árvore que o irá produzir. E, entretanto, ao espalhardes os vossos sentimentos não atentais para a lei da colheita.

 

Acreditais que, oferecendo desprezo, podeis colher o amor? Ou que, espalhando o medo, recebereis o respeito? Credes, acaso, que alguém vos oferecerá algo diferente do que lhe ofertais?

 

Semelhantes a gotas d’água são os vossos irmãos. E, ao vos debruçardes sobre o lago que formam, nada vereis senão a vossa própria imagem. Ou a imagem que podem refletir, do que aparentais ser.

 

Eu vos convido à reflexão.

 

Eis que de contrastes sois formados. E as vossas metáforas sobre Deus e o demônio não fazem senão simbolizar o bem e o mal que existem em vós.

 

Sois o vosso próprio Deus e o vosso próprio demônio. E os sois, também, para aqueles que vos amam. Ou não sabeis que de vós depende a sua alegria ou o seu sofrimento?

 

Harmonizai os vossos contrastes.

 

Pois só assim encontrareis a paz. E, ao distribuí-la entre os que vos cercam, a sentireis retornar multiplicada.

 

Para o vosso verdadeiro Eu.