Sabendo que a força mental é energia atuante e que os
pensamentos são recursos objetivos, é imperioso reconhecer que a experimentação
nos domínios do psiquismo exige noção de responsabilidade, perante a
vida, para que o êxito seja a resposta justa às indagações sinceras.
Um lavrador bem avisado investiga o solo, plantando com
devoção e confiança. Não se ri do pedregulho. Afasta-o, atencioso. Não
ironiza o espinheiro. Remove-o, a benefício da lavoura que lhe é própria. Não
goza com o duelo entre os grelos tenros e os vermes destruidores.
Combate os insetos devoradores com vigilância e serenidade, defendendo o
futuro do bom grão.
Não acontece assim, na Terra, com a maioria dos pesquisadores
da espiritualidade.
A pretexto de se garantirem contra a mistificação, espalham
duros obstáculos sobre a gleba moral onde operam com a charrua da
observação e, por isso, muitas vezes inutilizam seus próprios instrumentos de
trabalho, antes de qualquer resultado.
Transformam companheiros em cobaias, exigem dos outros
qualidades que eles mesmos não possuem, tratam com deliberado desprezo o
pequenino embrião da realidade e acabam, habitualmente, na negação,
incapazes de penetrar o templo do espírito.
Importa reconhecer que o fruto é sempre a vitória do esforço
de equipe. Sem a árvore que o mantém, sem a terra que sustenta a árvore,
sem as águas que alimentam o solo e sem as chuvas que regeneram a
fonte, jamais ele apareceria.
Sem trilhos, não corre a locomotiva.
O avião não prestaria serviço ao homem, sem campo de
aterrissagem.
As revelações do Céu reclamam base para se fixarem na Terra.
Geralmente, quem procura notícias da vida invisível integra-se
num círculo de pessoas, com as quais se devota ao cometimento. Quase
sempre, no entanto, espera a colaboração alheia, sistematicamente, sem
oferecer de si mesmo senão reiteradas reclamações.
A natureza, todavia, revela a necessidade de colaboração em
suas mais humildes atividades.
Um simples bolo pede ingredientes sadios para materializar-se
com proveito. Se diminuta porção de veneno aparece ligada à farinha, o
conjunto intoxica ao invés de nutrir.
Quem deseja inundar-se de claridade espiritual traga consigo o
combustível apropriado.
Não adquirimos a confiança, usando o sarcasmo, nem compramos a
simpatia, distribuindo marteladas, indiscriminadamente.
O grande rio é a reunião de córregos pequeninos.
A cidade não se levanta de improviso.
Todas as realizações pedem começo com segurança.
Um erro quase imperceptível de cálculo pode comprometer a
estabilidade de um edifício.
A experimentação psíquica, realmente, não caminha com firmeza,
sem os alicerces morais da consciência enobrecida.
Cada espírito humano - microcosmo do universo - irradia e
absorve. Emitir a leviandade e a cobiça, o ciúme e o egoísmo, a vaidade e a
ferocidade, através da atitude menos digna ou da crítica destruidora, é
amontoar trevas em torno dos próprios olhos.
Ninguém fará luz dentro da noite, estragando a lâmpada, embora
o centro de força continue existindo.
Ninguém recolherá água pura num poço terrestre, trazendo à
tona o lodo que descansa no fundo.
Não se colhe a verdade, na vida, como quem engaiola uma ave na
floresta.
A verdade é luz. Somente o coração alimentado de amor e o
cérebro enriquecido de sabedoria podem refletir-lhe a grandeza.