Os discípulos acompanhavam o Guru, em silêncio, na direção do monastério.
As exigências morais eram estritas, severas.
Proibiam-se falar em demasia, comer em excesso, dormir sem necessidade.
Canalizar as forças sexuais a benefício do equilíbrio físico, emocional e psíquico constituía regra fundamental de comportamento.
Não se devia tocar, nem permitir-se ser tocado por mulher alguma.
Todos conheciam os seus deveres e o único direito permitido era o da obediência.
Quando chegaram a pequeno rio, que deveriam transpor, uma jovem rogou-lhes auxílio para alcançar a outra margem.
Sem nada dizerem todos se escusaram. Menos um aprendiz que a ergueu nos braços e deixou-a tranqüila no lado oposto.
Houve um espanto geral sem palavras.
Três dias depois, em uma pausa propiciadora para edificante conversação, os monges indagaram ao Mestre por que este não censurara o companheiro desatencioso, após o erro e a desobediência cometidos.
O sábio fitou-os sereno e respondeu-lhes:
"- Acima da ação está o pensamento, apresenta-se a intenção.
A mulher, que pedia ajuda, não surgiu à mente do infrator como uma tentação para ele, portanto, transferindo- a de lugar, lá deixou-a. No entanto, aqueles que o desejam punir, inocente como ele se encontra, trouxeram-na, perturbadora, na mente e não a abandonaram ainda.
A verdadeira pureza é natural; não tem subterfúgios; é tranqüila. A formal, no entanto, apresenta-se com esmero externo; porém se demora intranqüilizadora, infeliz.".