Livro enfoca estratégias empresariais e formação de competências

Afonso Fleury
Maria Tereza Leme Fleury

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Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira é uma publicação que objetiva elucidar, analisar e discutir o processo de reestruturação produtiva por que passa a indústria brasileira. Elaborada pelos professores Maria Tereza Leme Fleury, da FEA/USP, e Afonso Fleury, da Escola Politécnica, a obra discute como as empresas, ao definirem suas estratégias, precisam identificar as competências essenciais e a partir destas rever suas estratégias, gerando um círculo virtuoso, impulsionado pelo processo de aprendizagem. Os autores pesquisaram o desenvolvimento de competências em diferentes arranjos empresariais: redes, cadeias, clusters e também nas relações entre empresas transnacionais e suas subsidiárias.

A publicação está estruturada em duas partes. A primeira delas apresenta conceitos básicos sobre competência e a dinâmica existente no processo de aprendizagem organizacional. Segundo definição dos autores, "competência é um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo". O processo de aprendizagem é definido pelos mesmos como sendo um "processo de mudança, provocado por estímulos diversos, mediado por emoções que podem vir ou não a manifestar-se em mudança no comportamento da pessoa".

Os processos de gestão do conhecimento também são destacados na primeira parte do livro. Os autores ressaltam que apesar de as organizações não terem cérebros, elas são compostas por sistemas cognitivos e memórias, desenvolvem rotinas e contam com procedimentos relativamente padronizados, para lidar com problemas internos e externos. "Essas rotinas vão sendo incorporadas, de forma explícita ou inconsciente, na memória organizacional", defendem.

A aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências podem, segundo os autores, ocorrer por processos pró-ativos ou por processos reativos. Entenda-se por processos pró-ativos a experimentação e a inovação responsáveis pela geração de novos conhecimentos e metodologias, e também pela geração de novos produtos ou serviços, o que, segundo Maria Tereza e Afonso Fleury, acontecem com base em situações não rotineiras. Já os processos reativos podem ser representados pela resolução sistemática de problemas, experiências realizadas por outros e contratação de pessoas.

Para facilitar a compreensão das estratégias e processos de gestão de competências, o leitor encontrará na segunda parte da obra um amplo diagnóstico sobre o assunto, com análises de exemplos práticos aplicados em diferentes setores empresariais. Através de um mapeamento da cadeia de transformação do plástico, os autores analisam outros setores envolvidos nesse processo, como o automobilístico, eletrônico, de embalagens, de utilidades domésticas e de material para construção civil.

O estudo também analisa a cadeia de insumos necessárias para essa transformação, caso do fornecedores de resinas, equipamentos e moldes. Para tanto, foi realizada uma pesquisa inicialmente com 18 empresas e, com base em indicações dessas empresas, formou-se um cadastro com aproximadamente 100 empresas de transformação do plástico, entre as quais 40 foram estudadas mais detalhadamente. Os critérios de escolha desse último grupo foram o tipo de cliente/mercado, o tamanho e a localização geográfica.

O estudo aponta padrões que já são relativamente conhecidos, como por exemplo o fato de as empresas grandes e as subsidiárias demonstrarem maior preocupação com a formação de competências por meio de investimentos na formação de recursos humanos. Mas, a análise dos dados só revelaram padrões consistentes para os autores quando foram introduzidas estruturas de novos arranjos empresariais, sejam as cadeias produtivas e redes, seja em termos das relações matrizes-subsidiárias, no caso das empresas estrangeiras.

Essa nova leitura mostra que o acesso e a posição de cada empresa nesses arranjos empresarias dependem de suas competências adquiridas e é essa inserção que vai determinar o tipo de estratégia a ser adotada. Para que o processo de reestruturação das empresas caminhe na direção do desenvolvimento sustentado, Maria Tereza e Afonso Fleury defendem que, para o plano estratégico da empresa, se faz necessário o entendimento de requisitos de competitividade, das opções de inserção nos diferentes arranjos e da relação dinâmica entre estratégia e formação de competências.

Já no âmbito das associações de classe, eles ressaltam a necessidade de reequacionamento dos critérios de associatividade e a formação de atuação dessas entidades. E, finalmente, no plano macro das políticas públicas, "é fundamental que os novos requisitos da competitividade sejam levados em consideração para a formulação de políticas". Segundo os autores, a definição dessas políticas não pode ser feita apenas nos gabinetes governamentais, mas exige o envolvimentos de todos -empresas, associações, sindicatos, universidades- para gerar a criatividade, o suporte e o comprometimento necessário para sua implantação".

A obra, publicada pela editora Atlas, é recomendada para estudantes de pós-graduação e graduação em Administração de Empresas, Engenharia de Produção e Economia. Relevante também para participantes de cursos de educação continuada e formação de executivos na área de Planejamento Estratégico, Gestão de Pessoas e Organização Industrial.


Estratégias Empresariais e Formação de Competências
Autores: Afonso Fleury e Maria Tereza Leme Fleury
Editora Atlas, SP, 169 pp, 2000.

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