Associação dos Geógrafos Brasileiros  Seção, Campina Grande - PB - AGBCG

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O EXÉRCITO DOS DESESPERADOS

                                               Lucivânio Jatobá


            A cena já se tornou corriqueira, nem comove mais. De súbito, a fila cresce numa progressão que é bem mais do que geométrica, uma progressão desconhecida da Matemática..


           São milhares de seres humanos, produtivos e com vontade de colaborar com a Nação brasileira, mas que fazem parte do “exército” dos sem-emprego, um “exército” de desesperados, que vagam pelas ruas das grandes , médias e pequenas cidades brasileiras. Estão nesse exército: o meu filho, o meu sobrinho, primos, filhos dos meus amigos, inúmeros alunos de Geografia, homens de meia-idade, velhos, negros, brancos, pardos, brasileiros  que amam loucamente esse País, que batem no peito e dizem: tenho orgulho de ser brasileiro!

           São pessoas honestíssimas, ordeiras e que foram às urnas , durante as últimas eleições e  votaram, acreditando em discursos de mudanças e de geração de milhões de empregos.  São homens e mulheres decentes, que querem se sentir úteis na construção de um Brasil Grande, que nunca acontece...

           Só no Estado de São Paulo, o mais rico e produtivo do País, a taxa de desemprego subiu neste ano para 19,8%  Desde 1985 que essa parte do coração brasileiro não via tamanha taxa de pessoas que estão sem trabalho, destruídas psicologicamente, sentindo-se como vermes...

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           Ao mesmo tempo que se expande essa “Geografia da Dor”, cresce uma indústria terrível, desumana, que vende pseudos salva-vidas a afogados. É a indústria dos concursos. A indústria que alimenta ilusões nesse “exército” de desesperados.

           O Metrô de São Paulo abriu 30 vagas. 133 mil “soldados” desse exército já se inscreveram para o emprego.  133 mil seres humanos, meus amigos para trinta vagas!!!!!   Entre esses estão pessoas formadas em Direito, Economia, Administração... e, o que é mais triste, jovens pobres, humildes que não freqüentaram bons cursos, excluídos que foram ( E CONTINUAM SENDO SOB O NOVO GOVERNO DA ESPERANÇA) do processo educacional  de boa qualidade.  Estes não têm chance de concorrer mesmo! Restam-lhes os caminhos tortuosos da marginalidade...


             Iniciamos mais uma década, que se mostra tão perdida quanto as anteriores. O País está com crescimento zero ( zero, amigos!) . Indústrias não são abertas. As lojas pedem concordata em massa.  Não há projetos governamentais para tirarem o País da mais absoluta inércia...  Nada! Nada é feito, a não ser reunismos inócuos e políticas de comadres espúrias e que causarão asco nas gerações futuras, quando lerem a história dessa época tão difícil e tão vergonhosa em que mergulharam o Brasil... 


A preocupação dos dirigentes é com a obediência extremada às determinaões de organismos financeiros internacionais. Há uma fixação , que chega a ser “freudiana” , em pagar uma dívida , mesmo que para isso a moeda seja a gente brasileira.

             Difícil entender que pessoas oriundas de classes pobres, que fizeram parte desse “exército”, que conheceram na pele o desespero que sofre o homem que não tem emprego, ao assumirem o Poder Central dessa nação extraordinária,  mostrem-se tão insensíveis e tão iguais àqueles vindos de berços de ouro, que durante tanto tempo dirigiram o País, dando as costas  para o povo, para os mais humildes...


              Difícil entender, dificílimo, que, numa crise de proporções gigantescas como essa, pense-se em pagar cento e tantos milhões de reais, extraídos, de impostos mais e mais crescentes, dos que ainda têm emprego, por um avião, um luxo que poderia muito bem esperar, como esperam por um trabalho os desesperados  da fila quilométrica da inscrições para o “concurso” de 30 vagas. Um avião que não gerou um único emprego para alguém desse “exército” de desesperados...

               Vejo a foto do negro, pobre e desempregado, na fila de candidatos  às “30 vagas” ao Metrô de São Paulo, estampada na primeira página da Folha de São Paulo, de 25/03/2004.  A foto retrata o desespero, a fome, a depressão. Sinto-me mal!


                 Olho para o Planalto Central e observo não 30 vagas, mas TRINTA MOEDAS!

             “Sobre a cabeça os aviões, sob os meus pés os caminhões!  "

Fonte.

De: listageografia@yahoogrupos.com.br
Data: 03/25/04 21:46:44
Para: listageografia@yahoogrupos.com.br
Assunto: [listageografia] O "Exército" dos Desesperados

 

 

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