Quando era criança ...

Me disseram que havia um abismo,

Um vácuo dentro de cada um de nós.

Disseram também que não bastava estar vivo,

Que seria impossível viver só.

 

Me encheram de fábulas,

Descreveram-me um mundo encantado.

Ah, como era divertido aquelas aulas !!!!!

Mas será que devia ter escutado ????

 

Me deram a vontade de voar

E as asas foram-me negadas...

Quantas vezes fiquei a chorar,

Diante das falsas imagens pintadas ...

 

Aludiram sobre um ente,

Virtudes foram-lhes atribuídas.

Tão benevolente ...

Um verdadeiro altruísta.

 

Claro !!!!!

É justo e amoroso,

Seu amor que é tão raro.

Mas será que não é fantasioso?

 

Aí veio a tragédia,

O tempo passou e cresci.

Neste palco sem platéia,

Já nem sei o quanto vivi.

 

Hoje o ente já não me parece tão justo

Lembram-se de seu amor?

Ah, todo amor tem um custo

Preço justo meu senhor.

 

Essa é minha sentença

Ver, ouvir, sentir...

Quanta demência

É, mamãe tinha que parir .