Nota: Os personagens não são meus, o grupo CLAMP criou todos eles. Eu só escrevo como fã. A única personagem que eu inventei aparece nesta parte, mas não vou dizer ainda quem é. Fora isso, não me processem, que eu não estou ganhando dinheiro com isto. Este aviso é necessário. Fiquei sabendo que uma autora de um fanfic de Harry Potter esqueceu de fazê-lo em um só capítulo e foi expulsa do Fanfiction.net. Não sei se é verdade, mas não quero correr risco nenhum...

Divirtam-se! ^_^


Hesitação e Desejo - Parte 2

 

Aquela voz. Suave. Gentil. Confortante. Inconfundível.

Sakura não disse mais nada. Virou-se para trás e encontrou Syaoran de pé, sorrindo para ela com os mesmos olhos cor-de-âmbar. Pouco mudara nele.

- É... é você mesmo, Syaoran? - perguntava, enquanto levantava e o olhava nos olhos dele.

- Estar aqui é bem melhor do que um sonho. Eu disse que você saberia quando eu chegasse, não disse?

E Sakura deixou as lágrimas fluirem pelo rosto, levemente corado de emoção, enquanto ele se aproximava e a abraçava lenta e ternamente.

- Não me solta mais... - ela susurou.

- Você já me pediu isso uma vez, lembra? Acho que agora eu vou pensar no seu caso. - ele disse, dotado de uma segurança incomum para ele. - Por que não damos uma voltinha no jardim?

Ela simplesmente não acreditava. Nem parecia Syaoran falando. Mas era. Ele era um garoto corajoso, quando realmente queria.

- Ah, é claro que sim!

Ela disse, eufórica, soltando-se dele por causa do entusiasmo. Foi só então que, por detrás daquela coragem toda, ela enxergou o mesmo garoto de sempre, rubro de nervosismo. Ou seria de ansiedade? Afinal, ela também sentia-se corar só pela emoção do momento.

Ambos foram andando, e Sakura, já recuperada da surpresa inicial, o levava para todo lugar. E ele, claro, seguia com todo gosto, contente de ver a garota feliz com sua presença. Falaram de tudo, quando na verdade, não sabiam o que dizer.

Depois de muita caminhada sem destino, os dois acabaram parando em um belo jardim de cerejeiras, completamente deserto, a não ser por Sakura, Syaoran, e pelas árvores. A maioria das flores ainda não passava de botões, que em breve presenteariam a primavera com sua beleza. Mas dentre tantas sakuras, apenas uma, a mais bela de todas, ao seu lado, bastava para que Syaoran não se arrependesse de estar ali.

Eles pararam debaixo de uma das árvores mais bonitas, quase que por impulso. A espontaneidade de Sakura ficou tímida diante da ausência de vozes, do som da brisa e, principalmente, da situação: os dois, sozinhos, num lugar cuja beleza superava alguns de seus melhores sonhos.

Os corações batiam forte. A sensação das mãos dadas e da proximidade dos corpos enchiam ambos de uma ansiedade quente que corria-lhes pelas veias. Já estava tudo dito, estava tudo perfeito. A única coisa que faltava era...

- Sakura... - ele chamou docemente. O rubor na face da garota tornou-se ainda mais intenso. O próprio Syaoran também corava. Nem a brisa fresca era capaz de afastar o furor daquele estranho sentimento.

Sakura voltou-se de frente para ele, olhando intensa e nervosamente em seus olhos. Syaoran parecia sério, mas no fundo também estava inseguro, enquanto olhava nos olhos da menina.

Ele, então, colocou suas mãos sobre os ombros de Sakura e os segurou com firmeza, no intuito de trazê-la para junto de si. O que ele esperava dali para a frente, nem ele sabia direito. Estava disposto a provar seu amor da forma mais tradicional. É, ele queria um beijo. Sentia-se curioso, ansioso. Mas ele não sabia bem por onde começar. Tudo dependia da reação de Sakura.

A garota, por outro lado, refletia com temor. Ela percebeu que o garoto buscava por ela. Ele queria alguma coisa... e ela provavelmente adoraria retribuir. Mas será que era isso mesmo? Eles tinham passado bastante tempo separados. E se ela tomasse alguma atitude precipitada e Syaoran não gostasse? E se não fosse isso que ele queria?

Obviamente, não havia como um ler os pensamentos do outro. Nenhum deles se mexia. Ao ver Sakura imóvel e apreensiva, Syaoran hesitou. Ele próprio não estava seguro de que Sakura aprovaria essa sua vontade. Por isso, ele a soltou devagar.

- Estou muito feliz de estar aqui com você, sabia? - Syaoran falou.

- Eu também estou - disse Sakura, sorrindo. - Mas tem certeza mesmo de que isto não é um sonho?

Ele a abraçou novamente. Trouxe-a para aquele abraço que sempre a livrava das dúvidas. Ou, pelo menos, da maioria delas.

- Absoluta - ele sussurou para a menina em seus braços.


Mal sabiam os dois que, longe dali, um grande ritual de magia acontecia. Sobre os céus do mundo, um raio vermelho cruzava o globo em direção ao Japão.

"Parece que alguém precisa de uma 'ajudinha'... terei prazer em ajudar e ver o que acontece", pensava o mago.


Três dias depois, Sakura e Syaoran resolveram sair para passear. Com total apoio de Tomoyo, tudo foi arrumado num instante. Curiosamente, no entanto, a amiga de Sakura nem sequer mencionou filmá-la ou vesti-la desta vez.

O passeio a pé foi calmo e bem aproveitado. Eles estavam aproveitando juntos do jeito que podiam.

Sakura, de repente, parou na vitrine de uma loja de trajes de noiva. Syaoran sabia que as meninas adoravam olhar essas coisas, então ele esperou pacientemente que Sakura sonhasse à vontade, ali, coladinha na vidraça. Um belo vestido branco, cheio de fitas e laços, com um decote que caía aos ombros, enfeitava a vitrine e chamava a atenção pela riqueza de sua confecção. Até Syaoran ficou curioso. Olhou para o vestido, depois para Sakura, e sem nem perceber quando, começou a imaginá-la dentro do traje, mais linda do que nunca. Quando ela olhou para o lado e viu o rapaz fitando-a, sentiu o rosto muito quente. Syaoran corou, como alguém que é pego fazendo algo escondido.

- Que roupa linda, não é mesmo? - ela tentou começar assunto.

- É mesmo. Os vestidos de noiva são muito elegantes.

- Os vestidos brancos transmitem uma sensação muito especial. Será que eu vou vestir um desses um dia?

E Syaoran corou de novo. Ninguém pede para pensar em coisas como: "Claro, do meu lado, com todo mundo assistindo...".

- Er... claro, Sakura, se você quiser mesmo.

- Eu quero sim!

E ela deu mais um de seus sorrisos radiantes. Syaoran adorava isso. Ele a fitou e também sorriu.

De repente, uma sensação estranha tomou conta dos dois. Eles sentiram alguma coisa estranha se aproximar.

- Sakura! Isto é...

- Eu sei... uma presença mágica. E parece ser bem forte. De onde vem?

- Parece vir de dentro da...

Syaoran nem teve tempo de terminar a frase. De dentro da loja para noivas, uma mulher saiu correndo, com um vestido branco de mangas compridas, com várias pessoas correndo atrás dela.

- Ah, que lindo! - ela gritava, com ares de felicidade. - Eu sempre quis usar um destes!

Syaoran e Sakura se entreolharam e concordaram quando perceberam a mesma coisa: a energia vinha daquela mulher.

- Use a carta Sono, Sakura! Temos que alcançá-la!

- Está certo!

E Sakura fez seu ritual de sempre para libertar o báculo e a carta. Sono voou sobre aquela rua e as ruas vizinhas, fazendo todos adormecerem. Assim que a mulher com o vestido caiu no chão dormindo, uma energia vermelha fluiu ao redor de seu corpo e saiu em direção ao céu.

- Você faz idéia do que seja? - perguntou Sakura.

- Não, não faço. De qualquer forma, não sabemos o que é aquilo. Vamos seguir aquela energia antes que ela machuque alguém.

- Vamos!

E o rastro de energia vermelha seguiu pela rua, com Sakura e Syaoran atrás. Quando ela começou a ter vantagem sobre os dois, Sakura usou Alada, e os dois jovens voaram, continuando a perseguição. A energia virava esquinas, pulava prédios, mas não parava. Saiu da área comercial da cidade e foi em direção a um parque.

Os raios de luz vermelha iluminavam uma das árvores do parque gramado. Os dois pousaram perto da árvore e foram ao encontro daquela energia. Pararam debaixo da árvore para tentar vê-la, mas ela havia sumido.

- Para onde ela foi?

- Não sei!

Até que a luz brilhou novamente, na copa da árvore, acima deles. Foi só passar-se o tempo deles olharem para cima, a energia desceu e tomou o corpo de Sakura.