DUPLA POESIA

CHAMO-TE BAIXINHO



(Maria Hilda de J. Alão).



Falaste-me de amor com galanteio,
E nas palavras havia tanta graça,
Eram pássaros cantando ao sol da praça,
Cascata nascida de pequeno veio.

Acolhi-te sem pensar em desgraça,
Abri meu coração sem nenhum receio,
E não percebi que o futuro seria cheio
De tanta dor que não passa...

E nas noites escuras chamo baixinho
O nome que outrora foi meu orgulho,
Hoje é pedra na estrada em que caminho,

Na qual tropeço sem fazer barulho,
E sentindo forte dor eu definho
No mar de tristeza onde mergulho...

22/07/03.

 

 

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TRIÂNGULO



(Maria Hilda de J. Alão).



Ah, esse homem que chega em noite fria,
E esconde o rosto entre os seus seios,
Beija e versos de amor, ao ouvido, balbucia,
Sentindo-se senhor de reinos alheios.

Depois de um tempo só resta a melancolia
Que a faz recolher-se em tormentosos receios,
De que o esposo ausente saiba que deu,
A outro, carinhos com tanta ousadia...

Esse triângulo a desgraça proclama,
A queda moral da mulher que ama,
Que oculta as marcas deixadas nela
Por esse notívago que chega pela janela

E cria o paraíso entre os lençóis da cama;
Acende um lume de eterna chama,
Saboreia o fruto e deixa as cascas no chão
Partindo para outra com o mesmo chavão...

09/07/03.

 

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