TRADEWINDS

PROJETO ILÍADA
"As flores que um amante de Deus colheu em seu jardim de rosas e que quis dividir com seus amigos subjugaram de tal forma sua mente por sua fragância, que caíram do seu regaço e murcharam". Poesia Sufi
PROJETO ILÍADA

Autor: Homero(século VIII a.c.)
Adaptação:R of B(século XXI d.c.)

Texto em XXIV cantos

A GUERRA DE TRÓIA

Era o ano de 1880 antes de Cristo.Tíndaro, rei de Esparta e pai de Helena, a mulher mais bela de toda a grécia fez com que todos os príncipes fizessem um juramento com o qual todos concordaram:

-Deveis jurar ser sempre fiel a quem minha filha escolher por esposo e prestar-lhe toda ajuda em caso de rapto.

Todos os príncipes juraram, acreditando no íntimo que seria o escolhido. Mas a bela Helena já havia escolhido o príncipe Menelau, filho de Atreu e irmão de Agamenon.

Quando o pai de Helena morreu, Menelau tornou-se o rei de Esparta.

Ele e Helena foram felizes até o dia em que o jovem Páris, filho de Príamo, rei de Tróia raptou a bela Helena e ainda levou muito ouro e pedras preciosas.

Menelau e Agamenon, convocaram então todos os príncipes da Grécia e lhes relembraram o juramento.

- Deveis agora, cumprir vosso juramento e ajudar-nos a trazer a bela Helena de volta.

Dirigiram-se então numerosos guerreiros em muitos navios para o porto de Áulis. Juntamente com eles foram outros amigos que não haviam prestado o juramento: Diomedes,chefe da armada; Ajax o grande; Ajax o pequeno, o mais valente depois de Aquiles; Teucro, o aqueiro, irmão de Ajax o grande; Nestor, sábio e o homem mais velho do mundo; Ulisses, o mais astuto; Aquiles o mais bravo e Pátroclo seu melhor amigo.

Realizaram um cerco a Tróia durante nove anos mas nunca haviam conseguido penetrar na cidade. Cansados, famintos e sem roupas, iniciaram saques às cidades vizinhas em busca de alimentos e agasalhos.

E foi assim que começou a guerra de Tróia.

CANTO I:

AQUILES SE RETIRA DA LUTA
:

Ao saquearem a cidade de Crises, todos levaram o que queriam. Agamémnone tomou para si Crisa, a filha do sacerdote de Apolo.

Crises então ajuntou ouro para a compra da liberdade da filha, e foi até as naus gregas onde suplicou que lhe entregassem a filha em troca de grande quantidade de ouro:

-Os deuses vos permitirão destruir as muralhas de Príamo e voltar para casa se minha filha devolverem.

Todos os chefes concordaram, menos Agamémnone que ameaçou ao velho matar caso ali retornasse novamente:

- Retira-te velho. Tuas insígnias de nada valem. Não na liberto, e a levarei para casa comigo após a destruição de Tróia.

O velho afastou-se triste e apavorado até o mar, onde dirigiu fervorosa prece à Apolo que lhe ouviu atento e aceitou seu pedido.

Indignado, Apolo iniciou a lançar dardos que espalharam a morte, primeiro entre as mulas e os cães, e depois entre os homens.

Durante nove dias, a peste dizimou inúmeros guerreiros. Assim, no décimo dia, Aquiles inspirado pela deusa Hera convocou uma assembléia, e quando todos estavam reunidos discursou:

- A peste a cada dia dizima nossos guerreiros. Quero saber se entre vós encontra-se profeta que possa advinhar os sonhos e descobrir a causa de tamanha ira de Apolo contra nós.

O advinho Calcante primeiro pediu a proteção de Aquiles para o que ia revelar, com o qual concordou em protegê-lo de qualquer mal que alguém lhe pudesse infligir, e só então falou:

- A causa da ira de Apolo se deve a ofensa de Agamémnone feita ao sacerdote de Apolo quando veio resgatar a filha. Desse modo, sugiro devolvermos Crisa a seu pai.

Ao ouvir tal declaração, o rei Agamémnone irritado respondeu:

- Profeta de vaticínios maléficos! que só o mal sabe advinhar. Devolverei a filha do velho, mas ficarei com os lucros.

Aquiles então sugere a Agamémnone que tenha paciência, que ao vencerem os troianos poderão ficar com os lucros, mas Agamémnone se irrita novamente e responde que não ficará sem lucros e que os tomará à força de um dos chefes dos guerreiros se privado for dos seus, mesmo que seja de Ajaz, Ulisses ou do próprio Aquiles.

Aquiles indignado diz que retornará para casa e que não lutará mais por ter sido humilhado e roubado.

- Vá Aquiles, e leve seus guerreiros juntos. Saiba que a jovem escrava filha de Brises, presente teu de guerra, será tomado por mim.

Furioso Aquiles começou a desembainhar a espada com a intenção de matar Agamémnone, mas eis que Hera havia enviado Atenas que aparece invisível aos olhos dos outros por trás de Aquiles e com os seus cabelos o impede de retirar a espada e cometer assassinato de Agamémnone.

- Contenha a tua ira, Aquiles e não faças isso. Agamémnone pagará por qualquer mal que fizer a tí.

-Aquele que ouve os deuses, por eles será ouvido, respondeu Aquiles. E recolocou a espada na bainha, enquanto Atenas voltou para o Olimpo. Virando-se para Agamémnone, falou

-Bêbado, que tens a vista do cão e a coragem do veado, escuta-me. Tão certo como este cetro que tenho na mão já foi um galho verde e hoje um rei o carrega, os gregos sentirão a minha falta. E jogou o cetro ao chão.

O velhor Nestor, logo em seguida, de cuja boca fluiam palavras mais doces que o mel, tentou reconciliar os dois, dizendo que os antigos chefes a quem ninguém ousaria enfrentar sempre o ouviram. Pediu ao rei Agamémnone que não retirasse a Aquiles o presente que lhe fora concedido pelos gregos, e a Aquiles que respeitasse o rei. Nenhum dos dois o ouviram e desfez-se a assembléia.

Agamémnone enviou dois arautos a Aquiles para buscarem a formosa escrava Briseide. Temerosos não falaram a Aquiles, que advinhara suas intenções, o que vieram fazer. Aquiles diz a Pátroclo que entregue a jovem, que parte sempre olhando para trás.

Aquiles foi até a praia e soluçou para Tétis, deusa do mar. Narrou-lhe todos os fatos e pediu que ela intercedesse junto a Zeus a quem prestara tantos favores para que ele ajudasse aos troianos a fim de que os gregos compreendessem que não poderiam lutar sem ele. Tétis concordou que falaria com Zeus quando ele voltasse do banquete de doze dias ao qual tinha ido.

Enquanto isso, o velho sacerdote Crises que havia recebido a filha de volta, novamente fez prece a Apolo, desta vez para que suspendesse a peste imposta aos gregos, pedido no qual foi atendido.

E Aquiles atormentado voltou a sua tenda, pois não concebia a vida sem batalhas.

O PEDIDO DA DEUSA TÉTIS

Mal raiou a manhã do décimo segundo dia, Tétis emergiu das ondas do mar e subiu ao olimpo. Na mais alta montanha encontra Zeus sentado e assenta-se a seu lado, pondo o braço esquerdo em torno dos seus joelhos, e afagando-lhe a barba com a mão esquerda lhe suplica:

- Pai, se algum dia já lhe fui grata conceda-me o pedido, pois o rei Agamémnone tomou o prêmio de Aquiles e o humilhou. Que faça aos troianos vencerem por um determinado tempo para que os gregos compreendam que não podem combater sem Aquiles ao seu lado.

Zeus a ouviu em silêncio e ao ouví-la reiteirar seu pedido respondeu:

- O que me pedes deixará Hera muito descontente, pois pensará que favoreço aos troianos, mas para dar um sinal do meu empenho prometo inclinando minha cabeça para demonstrar minha decisão irrevogável. Em seguida, Zeus inclinou sua cabeça e todo o olimpo estremeceu. Separaram-se então, e Tétis saiu do olimpo retornando às ondas marinhas.

Zeus retornou ao palácio. Os deuses todos se levantaram em sinal de reverência, e ao sentar-se encontrou Hera descontente.

- Que planos misteriosos tratam com outros deuses, visto que tomaste uma decisão irrevogável, pois todo o olimpo estremeceu.

- Hera, que a tudo quer sondar. Não me faças ficar irritado, pois se tal acontecesse nem todos os deuses do olimpo juntos poderiam conter a minha ira contra ti.

Hera calou-se assustada e logo chegou Héfesto procurando consolar a mãe:

- Hera nobre de braços reluzentes procura acalmar-te e fazer as pazes com o pai dos deuses, pois árdua é a luta contra Zeus. Certa vez em teu auxílio saí, e Zeus por um dos pés me pegou e atirou-me do olimpo. O dia todo caí e no ocaso do sol em Lemnos fui ter.

Hera sorriu e aceitou a taça que Héfesto lhe trouxe e os deuses se alegraram com o festim embalados pela música da lira Apolo e o canto das musas e o incidente foi esquecido. Mais tarde cada um dos deuses se retirou para sua morada, construídas pelo ferreiro Héfesto e adormeceram. Zeus potente e Hera também se retiraram, mas Zeus permaneceu acordado pensando em um plano para atender o pedito de Tétis.

CANTO II:

Pensou então em enviar para Agmémnone um Sonho falso que o faria pensar que poderia vencer os troianos sem a ajuda de Aquiles.

Chamou o sonho e lhe disse:

- Vá Sonho falso até as céleres naus dos aquivos e diga a Agamémnone que sem perder tempo reinicie a luta contra os troianos pois conseguirão penetrar na cidade e vencê-los.

O Sonho partiu imediatamente e tomou a aparência do mais velho e sábio Nestor.

Ao chegar às velozes naves dos aquivos encontrou Agamémnone dormindo e lhe deu o recado de Zeus.

- Não perca tempo. Reinicie o combate imediatamente, pois conseguirá penetrar na cidade e vencer os troianos.

Agamémnone acreditou no sonho.

No dia seguinte iniciam-se os preparativos para o combate. Agamémnone convocou todo o exército e os troianos por sua vez se preparam para a defesa. Somente Aquiles e seus guerreiros não tomaram parte nisso.

CANTO III:

O DUELO

Assim que os dois exércitos ficaram defronte um do outro, Páris, avançou, com sua pele de leopardo sobre os ombros, a espada na cintura e uma lança em cada mão, em direção às tropas gregas:

- Enviai o seu mais bravo guerreiro para que possamos travar um terrível duelo.

Menelau ficou exultante e pulou do carro, avançou para a linha de frente a fim de castigar o inimigo.

Mal o avistou, Páris ficou tomado de pânico e recuando desapareceu entre os seus soldados.

Heitor, filho de Príamo, irmão de Páris e o mais valente dos troianos ao ver a atitude de Páris o critica duramente:

- Páris indigno!. Tiveste a coragem de atravessar o mar e raptar Helena, e agora foge como um covarde. Isso nos envergonha. Páris respondeu:

- Estás certo Heitor; Tens um coração duro como o aço. Proponho um duelo entre eu e Menelau. O que provar ser o mais forte e vencer o adversário terá a bela Helena e levará consigo os tesouros. Os gregos e troianos porão fim à guerra e farão as pazes novamente.

Heitor alegrou-se com a idéia. Montou rapidamente em seu cavalo e partiu em direção às tropas gregas. Trazia a lança bem próximo ao peito em sinal de que não iria atacar. Os gregos, no entanto atiravam flechas e pedras contra ele, mas Agamémnone os deteve:

- Parai. Não façais nenhum movimento contra o grande Heitor, pois deseja somente nos falar.

Os gregos atenderam e então falou Heitor:

- Guerreiros escutai-me. Páris o causador desta guerra propõe um duelo entre ele e Menelau somente. Aquele que vencer o adversário terá a bela Helena de volta e os tesouros. O restante de nós fará um juramento para que a paz duradoura se estabeleça novamente.

Todos permaneceram em silêncio. Somente Menelau, o primeiro marido de Helena, falou:

- O caso me diz respeito. Aceito o duelo. Firmemos a paz através de um sacrifício feito a Zeus, para que nenhum dos lados rompa o acordo. Proponho que o Rei Príamo esteja presente ao sacrifício.

Ambos os exércitos aplaudiram o combinado, e Heitor enviou mensageiros até Príamo e para que trouxessem os carneiros para o sacrifício.

Enquanto isso, a bela Helena bordava, em um manto, cenas de combate que os guerreiros travavam por sua causa, quando uma deusa, Íris, que havia tomado a forma de sua cunhada falou-lhe do fim da guerra. Ficou comovida ao lembrar da sua terra, de seus filhos e do primeiro marido. Irís dos pés velozes convidou-a a ir até as muralhas contemplar os guerreiros, pedido que atendeu, acompanhada de suas duas criadas.

Chegaram às muralhas da torre e encontraram o rei Príamo e alguns velhos guerreiros já isentos da guerra mas de grande eloqüência. cochichavam sobre a beleza de Helena e sua relação com a guerra.

- Venha cá, minha filha - chamou-a Príamo. Senta-te aquí para que reveja teus primeiro marido, amigos e parentes. Diga- me quem é aquele guerreiro corpulento, de aspecto tão imponente?

- É Agamémnone, o rei poderoso e soldado valente. Já foi meu cunhado.

Logo depois, divisando a Odisseu, pergunta-lhe:

- E quem é aquele outro de estatura menor que Agamémnone e de espáduas mais largas.

Disse-lhe Helena:

- Aquele é Odisseu, guerreiro astucioso e prudente, da ilha de Ítaca.

O velho Antenor então lhe disse em resposta:

- Dizes a verdade. Certa ocasião, Ulisses e Menelau vieram à Tróia e hospedaram-se em meu palácio, onde reunimos o conselho. Em pé, Menelau parecia imponente. Mas quando sentaram-se, Odisseu parecia mais nobre. Menelau sabia muito bem discursar, mas quando era Odisseu quem falava, não se podia encontrar paralelo.

O rei perguntou novamente à helena:

- Quem é aquele guerreiro corpulento, de estatura e espáduas bem mais largas que os outros?

- Aquele é Ajaz, o grande. Consigo reconher muitos guerreiros e nomeá-los, só não consigo divisar meus dois irmãos: Castor, domador de cavalos e Polideuces, o pugilista. Será que se envergonharam da desonra que fiz e não vieram combater?

Helena ainda não sabia que seus dois irmãos haviam morrido e enquanto os procurava, entrarem os mensageiros e lhes deram a mensagem do acordo feito e do duelo a ser travado.

Príamo alegrou-se, e rapidamente tomando a carruagem junto com Antenor foram até as fileiras, onde seria feito o sacrifício.

Realizado o sacrifício, Príamo retorna ao palácio dizendo faltar-lhe a coragem para assistir o duelo. Em seguida, Heitor e Odisseu astucioso medem o terreno. Logo após, duas pedras são colocadas em um capacete; uma representando Páris, a outra Menelau. Procede-se ao sorteio, e a primeira pedra a saltar do capacete dirá quem primeiro deve jogar a lança. Salta a pedra de Páris. Assim os guerreiros vão para o espaço demarcado e Páris joga sua lança de sombra comprida que acerta o escudo de Menelau. Menelau, por sua vez, após curta prece, joga sua lança que vem alojar-se no escudo do filho de Príamo. Menelau sacou da espada e atingiu o elmo do oponente quebrando a espada em quatro pedaços. Então, arrasta Páris pelo elmo cujo pescoço ficou apertado pela tira e o estrangularia se Afrodite não tivesse aparecido e rompido a correia. Menelau tenta atirar novamente a lança em Páris mas Afrodite o envolveu em uma neblina, ocultando-o e o conduziu até o palácio. Menelau em vão procurou o guerreiro e não o encontrando, pensou que algum troiano o houvesse ocultado, coisa que nenhum deles faria, pois todos odiavam Páris. Agamémnone então proclamou:

- É incontestável que a vitória coube a Menelau. É necessário, agora que cumprais vossa parte no trato e devolvam Helena e os tesouros. Ao terminar seu discurso, foi muito aplaudido pelos guerreiros.

CANTO IV:

MENELAU É FERIDO

A deusa Palas Atena desce do olimpo e penetra nas fileiras troianas sob a forma de Laódoco, um jovem lanceiro, filho de Antenor, com a intenção de fazer a guerra prosseguir. Encontra o príncipe Pândaro, filho do rei da Lícia e lhe diz:

- Mui prudente Pândaro. Se atirardes uma flecha ligeira em Menelau obterás a glória dos troianos e magníficos brindes de Páris, o divo Alexandre.

Sem mais demora, Pândaro preparou seu arco feito de chifre de veado e pontas com argolas de ouro, e escondido pelos companheiros entesou a corda até que o arco adquirisse a forma de um grande círculo, disparando a flecha certeira.

A mesma Atena fez a flecha desviar, desta forma trespasssando o cinto de dupla couraça de Menelau e sua malha que também servia de anteparo, indo ferir-lhe a pele, sem no entanto matá-lo.

Ao ver o sangue jorrar, Agamémnone não se conteve e disse:

- Os troianos quebraram o acordo e violaram os juramentos feitos aos deuses; por isso serão castigados. Mas que vergonha será voltarmos para casa e abandonarmos Tróia, Príamo, e Helena, motivo de toda essa guerra. O túmulo de meu irmão, que aquí ficará será motivo de zombaria.

- Ânimo, irmão, o ferimento não é grave, respondeu Menelau.

Agamémnone mandou chamar Macáone, o médico, que tratou do ferimento e prognosticou a cura.

E Agamémnone percorreu as fileiras para preparar os guerreiros para a batalha iminente. Enquanto isso, do outro lado dos troianos ouvia-se movimento igual.

CANTO V:

O GRANDE HERÓI

Travou-se terrível batalha entre gregos e troianos. Mas nenhum chefe demonstrou tanta valentia quanto o grego Diomedes, no qual Atena infundira força e coragem sem par. Avançava de tal modo pelas fileiras troianas que não se conseguiria dizer em que lado combatia.

***