Seis: Coração partido

 

Harry ficou paralisado, incrédulo, simplesmente não podia ser verdade. Tinha que estar errado.

-Diga que é mentira... – balbuciou – por favor...

As lagrimas faziam força para sair, mas ele tinha que ser forte.

-Não é mentira – afirmou Hermione. Também travava uma batalha, a terrível batalha contra o impulso de beijar-lhe apaixonadamente – não podemos continuar, não é você que eu quero.

Quando as lágrimas finalmente encheram o rosto de Harry, ela o deixou, passou pelo buraco do retrato e não disse mais uma palavra. Provavelmente ia para a aula.

Harry ficou lá. Sentia um punhal em seu coração, como Hermione tivera coragem de tal ato?

Subiu vagarosamente as escadas para o dormitório e deixou que as lágrimas escorressem livremente.

                ***      ***

-Cadê o Harry? – perguntou Rony quando ele e Hermione subiram para sala comunal depois de uma tarde de aulas trabalhosas – ele não apareceu.

-Eu não sei – disse Hermione numa voz chorosa.

-Como não sabe? – indagou Rony – você é a namorada dele!

-Não sou mais – anunciou Hermione cabisbaixa.

-O quê?

-Eu terminei com ele – continuou a menina deixando uma lágrima escorrer.

Rony parou. Encostou Mione na parede ao lado do buraco do retrato.

-Porque? – perguntou – o que aconteceu?

-Eu não posso te contar... – Hermione chorava, sua voz estava fraca e ela queria sair dali, mas Rony a segurava com força nos braços.

-Hei! Cuidado irmãozinho! – zombou Fred, de passagem.

-Ela já tem dono sabia? – continuou Jorge. Os gêmeos entraram na sala comunal da Grifinória rindo.

Rony olhou para si mesmo e depois para Hermione. Realmente parecia que estavam fazendo algo impróprio.

Soltou Hermione e desceu as escadas correndo. Ela entrou devagar na sala comunal e seguiu para seu dormitório esperando não ser percebida. Mas foi seguida por alguém.

-Mione?! – era Gina, ela vira a garota entrar chorando e resolveu ajudar. Só que Gina não sabia que a última pessoa que Hermione queria encontrar no momento era ela.

-Gina? – perguntou entre soluços – o que você está fazendo aqui?

-Vi você chorar e – tentou Gina chegando mais perto e sentando na cama – resolvi ajudar, você sempre me ajuda.

Hermione olhou fixamente para Gina e disse:

-Não é a mim que você deve ajudar. Ajude o Harry, com certeza ainda está no dormitório.

-Mas...

-Mas nada! – cortou Hermione – eu sei me cuidar sozinha. Dê ao Harry todo o amor que você sempre quis dar, ele vai retribuir...

Gina não entendeu, mas sabia que não adiantava discutir com a amiga e partiu.

 

            ***      ***

 

Harry ainda estava no dormitório, como Hermione prevera.

Sentia um frio na barriga e uma dor enorme no coração. O que estava acontecendo? Pensou em usar o “Avada Kedavra” em si próprio mas ainda mantinha esperanças de recuperar Hermione.

-Harry, você está ai? – Gina entrou cautelosamente; viu uns cabelos incrivelmente pretos e desarrumados atrás da cama, foi juntar-se a eles.

Harry mantinha a cabeça baixa e os joelhos dobrados.

Gina sentou ao seu lado no apertado espaço entre duas camas, e alisou seus cabelos. A idéia de Harry retribuir seus carinhos era maravilhosa então seguiu as dicas de Hermione.

-Harry, o que aconteceu? – perguntou carinhosamente ainda alisando os cabelos dele.

Harry se deteve para não levantar dali. Apenas levantou o rosto e olhou fundo nos olhos de Gina, tinha uma expressão de raiva.

Aqueles olhos verdes fixos em si com uma raiva incondicional assustaram Gina. Ela chegou um pouquinho para o lado e soltou os cabelos dele.

Harry se manteve olhando para Gina. Seu olhar repentinamente mudou de raiva para uma espécie de piedade e gratidão.

-Ela... ela... – gaguejou. Devia contar para Gina? – ela acabou comigo.

Gina fez cara de surpresa, estava mesmo surpresa, mas por dentro, não sabia porque, pulava de alegria.

-Ela fez o quê?

-É isso mesmo que você ouviu – disse Harry friamente. Mas as lágrimas ainda escorriam por seu rosto – é o fim.

-Não é o fim, Harry – falou Gina passando a mão no rosto dele – só é o fim quando chega a morte.

Talvez Gina tivesse razão. Talvez não fosse o fim. Mas Harry não teria mais Hermione.

Instantaneamente Harry abraçou Gina. Passados os primeiros segundos de susto ela gostou muito.

 

Os dias foram passando com dificuldade para Harry. Hermione se mantinha sempre na compania de Rony. E Harry agora vivia com Gina que estava sempre pronta para escutar seus problemas.

Ainda para dar ênfase a esquisitice da situação Draco Malfoy veio falar com Harry uma tarde.

-Eu... eu... – ele gaguejava meio a contra gosto – eu queria agradecer por você ter me falado sobre... sobre Cho.

Silêncio.

-Eu estava procurando o seu amiguinho Weasley, você sabe... pra nós termos aquela conversinha com ela...

Ele deu uma risadinha abafada e encarou Harry.

-Eu... eu não sei Malfoy – disse Harry lutando contra as palavras. Quando não pôde mais se conter acrescentou – deve estar se agarrando com a Hermione por ai!

Draco realmente parecia surpreso. Isso animou Harry, a noticia de seu rompimento ainda não tinha se espalhado.

-Hermione? A sangue ruim? –a raiva subiu a cabeça de Harry, mas antes que ele pudesse falar algo Draco continuou – ela não era sua namorada?

A raiva de Harry esvaziou-se de seu corpo e ele foi tomado de súbita tristeza e ele respondeu cabisbaixo:

-Não, não mais.

-Quer dizer então que ela te largou pelo Weasley? – Draco parecia sarcástico – eu não sabia que ele estava com essa bola toda! A Cho... agora a Granger...

Harry não respondeu.

-Até que eu posso dizer que não foi tão ruim conversar com você Potter – finalizou Draco. Depois, com relutância na voz acrescentou – se... se precisar de alguma coisa... chama.

-Hum hum – assentiu Harry mesmo pensando se algum dia precisaria do Malfoy para alguma coisa.  

 

            ***     ***

 

Rony e Hermione estavam sentados na beira do lago observando a lula gigante.

-Hermione – começou Rony hesitando em tocar no assunto. Mas já passava uma semana e sua curiosidade necessitava saber – por que... por que voc~e termioneou com o Harry?

Só a menção daquele nome já fazia Hermione ter um calafrio, seu coração bateu mais rápido, a respiração ficou irregular e uma dor continua a incomodavam desde os dedos dos pés até o último fio de cabelo.

-Ah Rony... eu não sei... acho que me desinteressei... Talvez ele não fizesse o meu tipo.

-Ele ta arrasado – comentou Rony.

-Eu sei.

-Hei Weasley! – Draco apareceu ao longe – precisamos resolver aquele assunto...

Rony concordou e se levantou, deu tchau a Hermione e nem deixou ela perguntar o que ele ia fazer com o Malfoy.