Análise de Marcha
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   Marcha Normal 

 

Marcha é uma seqüência repetitiva de movimentos dos membros inferiores que move o corpo para frente enquanto simultaneamente mantém a estabilidade no apoio. Na marcha um membro atua como um suporte móvel, em contato com o solo enquanto o membro contralateral avança no ar, o conjunto de movimentos corporais se repetem de forma cíclica e os membros invertem os seus papeis a cada passo. (Perry,1992).

A seqüência simples do apoio e avanço de um único membro é denominada ciclo de marcha. O ciclo então é o período compreendido entre o primeiro contato do pé com o solo até o próximo contato deste mesmo pé com o solo. O ciclo de marcha é dividido em duas fases: apoio - pé encontra-se em contato com o solo e balanço - pé é elevado do solo para o avanço do membro. (Perry,1992).

A fase de apoio é subdividida em três períodos, segundo Rose e Gamble (1998):
o Duplo apoio inicial (primeiro duplo apoio) - início da fase de apoio com os dois pés no solo. Nesta fase ocorre o toque do pé no solo até o desprendimento do pé oposto. Corresponde de 0% do ciclo da marcha.
o Apoio simples - um único membro deve suportar todo o peso corporal que avança sobre o pé que está apoioado no solo (Rose e Gamble 1998).
o Duplo apoio final (segundo duplo apoio) - toque do pé oposto no solo até o final da fase de apoio. Corresponde a 100% da fase de apoio. 

As durações das fases e períodos do ciclo de marcha variam de acordo com a velocidade. Na velocidade 130 centímetros por segundo, (padrão de normalidade em uma marcha madura), a fase de apoio compreende 62% do ciclo e a fase de balanço 38% do ciclo. Considera-se que dentro da fase de apoio cada período de duplo apoio compreende 12% e o apoio simples é de 38% (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). Segundo os mesmos autores quanto maior a velocidade da marcha, menor são os períodos de duplo apoio e maior o período de apoio simples. Quando os períodos de duplo apoio desaparecem e são substituídos por breves períodos em que ambos os pés estão fora do solo, períodos de duplo balanço, a marcha passa a ser corrida. (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

No primeiro duplo apoio ocorrem dois eventos importantes. O exato momento em que o pé toca o solo é chamado de contato inicial (0 a 2% do ciclo). O contato inicial é prontamente seguido pelo que denominamos de resposta à carga que se prolonga até o desprendimento do pé oposto do solo (0 a 10% do ciclo). Estes dois eventos têm como objetivo: absorção do choque e estabilidade para a recepção do peso corporal, pois a transferência de carga de um membro inferior para o outro, ocorre de forma muito rápida e cerca de 95% do peso corporal é transferido para o membro que inicia a fase de apoio em dois centésimos de segundo (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). O objetivo do primeiro período da fase de apoio é a aceitação da carga e do segundo período é garantir continuidade do deslocamento anterior do corpo sobre o pé apoiado. O médio apoio (10 a 30% do ciclo) tem início com a saída do pé contralateral do solo e continua até que o peso corporal esteja exatamente sobre a região anterior do pé apoiado. O apoio terminal (30 a 50% do ciclo) tem início com a elevação do calcanhar do pé apoiado e se estende até o contato inicial do pé oposto (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). 

No segundo duplo apoio ocorre o evento pré-balanço (50 a 60% do ciclo), que se inicia com o contato inicial do pé oposto e se estende até o desprendimento do pé apoiado. Neste período, ocorre a diminuição brusca da carga do membro apoiado e sua preparação para a fase de balanço (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).

A fase de balanço é dividida três eventos:
o Balanço inicial (60 a 73% do ciclo) tem inicio quando o pé é desprendido do solo e se prolonga até quando o pé em balanço se encontra em oposição ao pé em apoio. 
o Balanço médio (73 a 87% do ciclo) inicia com o pé em balanço exatamente oposto ao pé em apoio e termina com o membro inferior em balanço à frente do membro inferior em apoio com tíbia verticalizada em relação ao solo. 
Observação: o balanço inicial e médio objetivam o avanço do membro inferior e a liberação do pé do solo (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998).
o Balanço terminal (87 a 100% do ciclo), tem inicio com a tíbia verticalizada em relação ao solo e continua até o novo contato inicial. 

Neste momento, o avanço do membro é completado, com o movimento anterior da perna em relação à coxa para a conclusão da progressão do membro e preparação para se iniciar um novo ciclo de marcha (Perry, 1992; Rose e Gamble 1998). A descrição da marcha, sempre se refere aos acontecimentos que ocorrem dentro destes períodos específicos de um único ciclo, supondo-se que os ciclos sucessivos são todos semelhantes.


Autores:

:: Parte da dissertação de mestrado de:

Paulo Roberto Garcia Lucareli
Mestre em Ciência pela Faculdade de Medicina da USP
Fisioterapeuta do Laboratório de Marcha da AACD
Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista e Centro Universitário São Camilo - São Paulo

:: Orientado por:

Dra Julia Maria D'Andrea Greve
Médica Fisiatra
Livre Docente e Professora da Faculdade de Medicina da USP.

 
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