Women Rulez. [27/04/2001]
Nada como começar a coluna exaltando
o sexo forte. Está para entrar na minha turma uma
feminista como eu, então vou aproveitar o espaço
e deixar meu manifesto contra a porcoimundisse dos homens.
Quanto mais você liga pra eles, meu
bem, mais eles vão sumir. Quanto mais você
se importa com eles, mais eles vão ser descuidados.
E quanto mais isso machucar você, mais vai acontecer.
Muitas defendem o advento do homem objeto,
mas eu não acho que seja a solução.
Os homens tem que ser educados para não serem mais
porcos-imundos e valorizados quando não o são.
O problema é que temos sempre a mesma queda pelos
canalhas. E ainda! É atrás deles que mais
corremos. Temos então que comecar a mudanca por
nós mesmas. Não ligar, não se magoar,
não correr atrás, não ser tolerante,
não achar que seu namorado é o último
do mundo, e que não existe homem fora desses padrães.
Eles fazem a gente entrar no jogo deles. Somos a fonte
e o encorajamento desse porca-imundagem!
Quando assisti a peça Joana D'ark,
com a Christiane Torloni, ano passado no Rio, me senti
em uma ode ao feminismo. Ai que delícia! E dessa
peça eu guardei uma coisa que nada mais é
que a pura verdade, escrita, encenada e patente a 200
anos: homens são seres dependentes de nós,
mulheres, mas com uma fraqueza de ego tão grande
que não podem admitir isso, e para tanto tentam
virar o jogo, e afirmar o contrário.
Todo mundo já ouviu falar que sozinhas
(sem parceiros) nós prosperamos, e eles murcham,
não produzem. Já ouvimos dizer que atrás
de um grande homem tem sempre uma grande mulher, mas acreditar
e colocar essa sabedoria na cachola a grande maioria das
mulheres não faz.
Para nos dominar, os homens treinaram por
séculos. Primeiro éramos impuras ou a fonte
de todo pecado. Nos colocaram em roupas que cobriam completamente
nosso corpo, nos circuncizaram (e isso ainda acontece
em pleno seculo XXI), nos proibiram de sair de casa ou
eramos obrigadas a andar sempre atrás do nosso
"senhor". As que se rebelavam eram chamadas
de bruxas, queimadas em fogueiras. Era a ditadura cultural
para esconder a sua propria fraqueza. Tinham medo do nosso
sexo e do poder que ele exercia neles mesmos.
Quando isso parou de funcionar e o mais
importante foi o dinheiro, o conhecimento, a expressão
politica, nos tiraram o direito à propriedade,
ao conhecimento da leitura e da escrita, ao voto. Foram
praticados todos os atos possiveis e imagináveis
para nos manter sem voz.
O principal continua até hoje: o
machismo e a cultura onde tudo é permitido aos
homens e às mulheres resta o preconceito e o julgamento.
Essa expressão cultural entra tanto na nossa cabeça
que acontece o descrito no incio da coluna: nos apaixonamos
pelos machos mais proeminetes entre os machos pelas regras
machistas da sociedade. Aqueles que conseguem sacanear
mais as mulheres e que recebem a admiração
dos outros machos por parecerem estar isentos da "influência
maligna das mulheres malvadas".
Usando duas técnicas bem semelhantes
eles quebram nosso espirito para nos tornar vulnerável.
Quando se sentem ameaçados atacam nosso corpo,
como aqueles comentarios: "Você vai sair com
ESSA roupa hoje?!", ou com a eterna olhada para a
menina peituda que passa do outro lado da rua. Se isso
não funcionar eles atacam nossa mente, dizendo
que somos incapazes, incoerentes (malucas!), que isso
é coisa de mulher e ainda perseguindo nosso erro,
tirando nossa auto confiança, falando pelos cantos,
comentando com os amigos.
Eu acho que daqui uns 100 anos (mudanças
levam tempo!) o jogo vai estar mudado, e se a gente não
tomar cuidado nós mesmas seremos os machos do futuro.
Assumiremos a posição porco-imunda que hoje
eles praticam. Não podemos ser hipócritas
a esse ponto. Reclamar e nos tornar o que reclamamos.
Não sou a favor (mais!) das atitudes
de feminismo agressivo, mas da auto valorização
intrinseca. Não acho que os homens devem somente
ser usados para reprodução (ou nem pra isso!),
mas do equilibrio de uma relação saudavel
e cheia de respeito. Não voto pela atitude cachorra
semelhante aos galinhas que tanto odiamos, mas pelo assedio
suave e sincero. Não prego que todas as mulheres
devem virar lésbicas, mas acredito que elas devem
ser respeitadas e não tratadas como objeto sexual
(o proibido é sempre melhor, né homens?!),
porque a preferência sexual não nos torna
promíscuas ou menos dignas.
Voto pela educação daqueles
meninos que um dia serão, inevitavelmente, nossos
filhos, sobrinhos, netos e amigos. Quero respeito, e quero
me orgulhar do meu parceiro, minha escolha. E ainda defendo
reeducação das meninas que insitem em se
manter burras e siliconadas, porque é assim que
vão casar com um rapaz rico. Afe!
Por fim, adoro a diversão entre
as meninas, festas do travesseiro, e vinho nas sextas
feiras. Afinal, às vezes é bem legal ver
um filme e todo mundo entender porque você está
chorando quando rola o beijo do casal principal (mas eu
não choro em filme ok!).
Por anapaa
*dedicada
as mulheres que eu sei que estão sempre pensando
como eu: Val, Sam e Hellow.
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