Do que ris?
Este vosso sorriso
Está tão distante da felicidade...
Ris por que não sabes
Os caminhos
Que me trouxeram a teus braços
Ávidos, trêmulos

Teu riso ignora
Que aqui estou pela via da miséria
Da pobreza extrema, da fome
Atraída por teu dinheiro
E não, não por teu riso
Fabricado, em um divã pernicioso

Ris, sim, teu riso ecoa...
Zomba da dor de meu pai, da minha mãe
Que de vergonha se calam
Enquanto nas ruas vagueio

Ah, e agora ris... que foste descoberto
Do próprio crime
Na certeza da impunidade...
Ris, nervoso, lembrando favores
Que fizeste aos poderosos

E sobre o meu sangue de menina
Teu riso zomba
Da sociedade
Que finges
Querer
Mudar.
Poema de André Koehne - Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003 - Direitos do Autor
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