Na década de 1970, a gente tinha acesso às primeiras tvs do sertão. A Tupi, depois a Globo, eram os canais que, vez por outra, davam o "ar da graça" de aparecer.
   Lembro-me do folclórico caso de um prefeito da Lapa, que declarara, sobre a tv, "quando mageia não proseia, quando proseia não mageia"...
   Em plena ditadura militar, todo programa antes de começar trazia a imagem dum papel, e o locutor dizia: "este programa foi liberado pela Censura Federal para exibição neste horário"...
   Como não havia muito o que mostrar, as imagens de esportes eram repetidamente mostradas. E, então, nos deliciávamos com as apresentações de ginástica olímpica, sem entender ao certo se não seriam truques. Mas, como eram invariavelmente de "comunistas", a gente se orgulhava, e usava-as como argumento de que aquele regime, sim, era capaz de proezas como as dos ginastas romenos. Nádia Komaneci (sei lá como escreve) era um fenômeno indescritível!
   Ah, e o Brasil, terra amodarçada pelo crime ditatorial, aquilo era um sonho inatingível! Quando iríamos ter algum brasileiro ali?
   Aí, caiu a farsa comunista, vieram técnicos de além da "Cortina de Ferro" e treinaram uma menina, negra, baixinha, e ela se tornou um fenômeno de graça, força, beleza, e foi a maior.
   Princesa brasileira, Daiane, não a duquesa bretã, Daiane escrita como se fala, legítima e nossa!
   Mas, pequenina, ainda não lhe deram o que merece: a glória, o reconhecimento. Não há, como nos programas dos anos 70, uma hora apenas para louvar-lhe... Por que?!
   Onde um governo democrático que não faz selos - uma série - em vossa homenagem? Por que este País não reconhece que é gigante vossa conquista, tal como lá fora fizeram, ao batizar de "Do Santos" ao passo magistral que inventou e executou?

   Doce semente que ainda não dá frutos. Daiane há de figurar nos manuais de nossa história, como a Nádia Sei-lá-o-que fulgura mundo afora.
   DAIANE DOS SANTOS, pequena deusa de ébano, a romper as barreiras num país que ainda teme construir heróis, em reconhecer os seus verdadeiros heróis, em lutar por eles...
   Este nome, que me conduz às lágrimas, à torcida por um esporte tão pouco popular, traz em si todo um peso que, sobre tanta mediocridade, alça vôo pelo infinito espaço do tatame azul, e rodopia em saltos vitais, em luz sobre uma conquista que é, sim, de um Brasil ainda injusto, ainda pobre sobre sua riqueza verdadeira: a sua gente!
   Na década de 1970, a gente tinha acesso às primeiras tvs do sertão. A Tupi, depois a Globo, eram os canais que, vez por outra, davam o "ar da graça" de aparecer.
   Lembro-me do folclórico caso de um prefeito da Lapa, que declarara, sobre a tv, "quando mageia não proseia, quando proseia não mageia"...
   Em plena ditadura militar, todo programa antes de começar trazia a imagem dum papel, e o locutor dizia: "este programa foi liberado pela Censura Federal para exibição neste horário"...
   Como não havia muito o que mostrar, as imagens de esportes eram repetidamente mostradas. E, então, nos deliciávamos com as apresentações de ginástica olímpica, sem entender ao certo se não seriam truques. Mas, como eram invariavelmente de "comunistas", a gente se orgulhava, e usava-as como argumento de que aquele regime, sim, era capaz de proezas como as dos ginastas romenos. Nádia Komaneci (sei lá como escreve) era um fenômeno indescritível!
   Ah, e o Brasil, terra amodarçada pelo crime ditatorial, aquilo era um sonho inatingível! Quando iríamos ter algum brasileiro ali?
   Aí, caiu a farsa comunista, vieram técnicos de além da "Cortina de Ferro" e treinaram uma menina, negra, baixinha, e ela se tornou um fenômeno de graça, força, beleza, e foi a maior.
   Princesa brasileira, Daiane, não a duquesa bretã, Daiane escrita como se fala, legítima e nossa!
   Mas, pequenina, ainda não lhe deram o que merece: a glória, o reconhecimento. Não há, como nos programas dos anos 70, uma hora apenas para louvar-lhe... Por que?!
   Onde um governo democrático que não faz selos - uma série - em vossa homenagem? Por que este País não reconhece que é gigante vossa conquista, tal como lá fora fizeram, ao batizar de "Do Santos" ao passo magistral que inventou e executou?

   Doce semente que ainda não dá frutos. Daiane há de figurar nos manuais de nossa história, como a Nádia Sei-lá-o-que fulgura mundo afora.
   DAIANE DOS SANTOS, pequena deusa de ébano, a romper as barreiras num país que ainda teme construir heróis, em reconhecer os seus verdadeiros heróis, em lutar por eles...
   Este nome, que me conduz às lágrimas, à torcida por um esporte tão pouco popular, traz em si todo um peso que, sobre tanta mediocridade, alça vôo pelo infinito espaço do tatame azul, e rodopia em saltos vitais, em luz sobre uma conquista que é, sim, de um Brasil ainda injusto, ainda pobre sobre sua riqueza verdadeira: a sua gente!
MARAVILHOSA DAIANE
MARAVILHOSA DAIANE
   Na década de 1970, a gente tinha acesso às primeiras tvs do sertão. A Tupi, depois a Globo, eram os canais que, vez por outra, davam o "ar da graça" de aparecer.
   Lembro-me do folclórico caso de um prefeito da Lapa, que declarara, sobre a tv, "quando mageia não proseia, quando proseia não mageia"...
   Em plena ditadura militar, todo programa antes de começar trazia a imagem dum papel, e o locutor dizia: "este programa foi liberado pela Censura Federal para exibição neste horário"...
   Como não havia muito o que mostrar, as imagens de esportes eram repetidamente mostradas. E, então, nos deliciávamos com as apresentações de ginástica olímpica, sem entender ao certo se não seriam truques. Mas, como eram invariavelmente de "comunistas", a gente se orgulhava, e usava-as como argumento de que aquele regime, sim, era capaz de proezas como as dos ginastas romenos. Nádia Komaneci (sei lá como escreve) era um fenômeno indescritível!
   Ah, e o Brasil, terra amodarçada pelo crime ditatorial, aquilo era um sonho inatingível! Quando iríamos ter algum brasileiro ali?
   Aí, caiu a farsa comunista, vieram técnicos de além da "Cortina de Ferro" e treinaram uma menina, negra, baixinha, e ela se tornou um fenômeno de graça, força, beleza, e foi a maior.
   Princesa brasileira, Daiane, não a duquesa bretã, Daiane escrita como se fala, legítima e nossa!
   Mas, pequenina, ainda não lhe deram o que merece: a glória, o reconhecimento. Não há, como nos programas dos anos 70, uma hora apenas para louvar-lhe... Por que?!
   Onde um governo democrático que não faz selos - uma série - em vossa homenagem? Por que este País não reconhece que é gigante vossa conquista, tal como lá fora fizeram, ao batizar de "Do Santos" ao passo magistral que inventou e executou?

   Doce semente que ainda não dá frutos. Daiane há de figurar nos manuais de nossa história, como a Nádia Sei-lá-o-que fulgura mundo afora.
   DAIANE DOS SANTOS, pequena deusa de ébano, a romper as barreiras num país que ainda teme construir heróis, em reconhecer os seus verdadeiros heróis, em lutar por eles...
   Este nome, que me conduz às lágrimas, à torcida por um esporte tão pouco popular, traz em si todo um peso que, sobre tanta mediocridade, alça vôo pelo infinito espaço do tatame azul, e rodopia em saltos vitais, em luz sobre uma conquista que é, sim, de um Brasil ainda injusto, ainda pobre sobre sua riqueza verdadeira: a sua gente!
voltar