Brasília, 01 de junho de 2006
Diante de tanta empolgação com a
Copa do Mundo, resolvi mudar um pouco o foco e falar sobre Português (nossa, que
assunto!).
Hoje terei prova de Gramática e, enquanto estudava, fui me lembrando da raiva
que alguns amigos têm da "última flor do lácio", dessa língua "inculta e bela",
o Português, lindo e tão fascinante, mas temido por alguns. Temido? E qual o
motivo?
Infelizmente, somos acostumados - e acomodados - àquilo que é fácil à "primeira
vista" o que, é claro, não acontece com a Gramática. Este, talvez, seja um
motivo para tanto temor. Clarice Lispector dizia o seguinte: "O processo de
escrever é difícil? Mas é como chamar de difícil o modo extremamente caprichoso
e natural como uma flor é feita". Como uma eterna apaixonada por poesias,
não poderia discordar de uma poetisa tão fabulosa e encantadora mas, mesmo se
ela assim não fosse, suas palavras continuariam denotando a delicadeza e a
beleza de algo que não é difícil por ser ruim ou complicado, mas por ser belo e,
portanto, dotado de uma complexidade encantadora, que fascina a todos que buscam
conhecê-lo mais profundamente.
Sei que a maioria dos que estão lendo o que escrevo (e nem são muitos) não
concordarão comigo, pois condenam tantas regras e "decorebas". Na realidade,
nunca fui a favor de tantas "leis" para uma determinada língua, pois imaginava
que elas eram inúteis. Entretanto, quando entendi o significado de cada uma (e
acreditem: as regras têm um significado), pude me maravilhar mais ainda com a
riqueza de linguagem deste país, que não é só do futebol, do carnaval e da
corrupção, mas de grandes homens e mulheres, lutadores e poetas em seu
cotidiano. Infelizmente, nem todo professor sabe mostrar tão incrivelmente a
grandeza de nossa linguagem, mas há uma esperança e a leitura, tão esquecida na
contemporaneidade, pode ser uma saída, não para um futuro melhor, mas para um
presente grandioso.
Anne Mendes