Outra evidência do caráter religioso inicial do grupo é o significado do termo "Mpungu" de Nzambi-a-Mpungu. Segundo vocabulário construído por Aires Machado Filho e reproduzido por Nei Lopes4 , a palavra "Mpungu" é provavelmente sinônima de "defunto". Yeda Pessoa traduz, por sua vez, "nzambi ampungu" como o grande espírito e "saami ampunga" como os grandes ancestrais. "Mpungu", "ampungu" ou "ampunga" são palavras bantos que se referem aos mortos, aos antepassados, o que evidencia a relação da origem do ZambiAPUNGA atual com a religiosidade Banto.
---------------Com o tempo o caráter religioso se perdeu e permaneceu uma bela manifestação da cultura popular. O Zambiapunga ficou inativo em Nilo Peçanha cerca de 20 anos ( entre as décadas de 1960 e 1980) sendo revitalizado em 1982 pela professora Lili Camardelli e seus alunos do Ginásio de 1o Grau Adelaide Souza. Após essa revitalização o Zambiapunga nilopeçanhense tornou-se uma das maiores manifestações folclóricas do Estado da Bahia. Sua importância é refletida na participação do grupo em eventos internacionais de peso ( como ECO 92 e PERCPAN); por ter sido capa de periódicos internacionais ( The New York Times) e por ter sido tema de diversos documentários e programas de TV ( "Brasil Legal", produzido pela Rede Globo e exibido em 01/07/1997; "Caretas e Zambiapunga", produzido pelo IRDEB; "Nilo Peçanha e o Zambiapunga", produzido pela TV Salvador e exibido em 05/2001; "Na Carona", produzido pela Rede Bahia e exibido em 2001, entre outros.).
* Texto de Alexandre Guimarães (especializando em História Regional pela Universidade do Estado da Bahia/UNEB-CAMPUS V e integrande do Grupo Folclórico Zambiapunga de Nilo Peçanha desde 1997.).
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1 Waltemar VALENTE, Sincretismo religioso afro-brasileiro, p.55.
2 Yeda Pessoa DE CASTRO, Falares africanos na Bahia, p. 25.
3 Bantos, malês e identidade negra, p.127.
4 Idem, p.173.