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História e estórias do maior movimento musical brasileiro.

"Havia um hiato na música brasileira, e nós chegamos para preencher este hiato"
Roberto Menescal

            A história da Bossa Nova é a história de uma geração. Uma geração de jovens artistas brasileiros que acreditara no futuro e conseguira realizar o sonho de levar sua música aos quatro cantos do mundo. As primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como Bossa Nova ocorreram na década de 50, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados, amantes do Jazz americano e de música erudita, tiveram participação efetiva no surgimento do gênero, que conseguiu unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do Jazz americano. Todos eles, jovens músicos, compositores e intérpretes que, cansados do estilo operístico que dominava a música brasileira até então, buscavam algo realmente novo, que traduzisse seu estilo de vida e mais combinasse com seu apurado gosto musical.

            Impossível precisar quando a Bossa Nova realmente começou. Mas é certo que o lançamento, em 1958, dos discos "Canção do Amor Demais", com Elizeth Cardoso interpretando composições de Tom e Vinícius, e "Chega de Saudade" - um 78 rpm, com o clássico homônimo de Tom e Vinícius de um lado e Bim-Bom, de João Gilberto do outro - nos quais João surpreendeu a todos com a nova batida de violão foi o resultado de anos de experiências musicais. Experiências não só empreendidas por João, mas por toda a turma que se encontrava nas famosas reuniões na casa de Nara Leão.

            Após o lançamento, em 1959, do primeiro LP de João Gilberto, também chamado "Chega de Saudade", a Bossa Nova rapidamente se transformou em mania nacional e em poucos anos conquistou o mundo. Mas bem antes disso o Rio de Janeiro já vivia um raro momento de florescimento artístico, como pouquíssimas vezes se viu na história da cultura nacional.

            Não é à toa que os anos 50 são conhecidos como os "anos dourados". O Brasil vivia então um período de crescimento econômico que acabou se refletindo em todas as áreas. Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse na Presidência da República com o slogan desenvolvimentista "50 anos em 5". No mesmo ano, foram lançados os romances "O Encontro Marcado", do mineiro Fernando Sabino e "Grande Sertão, Veredas", de João Guimarães Rosa, dois importantes marcos na história na história da literatura brasileira. Paralelamente, surgia na poesia um movimento inspirado no concretismo pictórico, cuja maior característica foi a valorização gráfica da palavra e do qual participaram nomes como os irmãos Augusto e Haroldo Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, entre outros.

            Em 1957, estreava o filme Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos, um dos primeiros representantes do que viria a ser chamado Cinema Novo. Em 1958, a seleção brasileira de futebol conquistava sua primeira Copa do Mundo, derrotando a sueca por 5 a 2 e levando o povo brasileiro a cantar alegremente: "a copa do mundo é nossa/ com o brasileiro não há quem possa". Também em 1958, Jorge Amado lançava "Gabriela Cravo e Canela" e Gianfrencesco Guarnieri estreava no Teatro Arena de São Paulo "Eles Não Usam Black- Tie", um marco na linguagem do teatro brasileiro. Em 1959, era lançado o movimento neoconcreto nas artes plásticas. Em 1960, Juscelino Kubitschek inaugurava a nova capital do país, Brasília, que possivelmente teve a primeira música de Bossa Nova em sua homenagem, composta por Chico Feitosa. Billy Blanco havia feito um sambinha jocoso: "Não Vou. Não Vou prá Brasília", e Chico musicou uma letra que falava da vida na nova cidade. O tema, chamado "Paranoá", nunca foi gravado, mas encontra-se preservado numa gravação particular feita na época, com o próprio "Chico Fim de Noite" cantando.

            Foi neste contexto que surgiu o movimento que viria a revolucionar não só a música brasileira, mas toda a produção musical internacional.


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