Dom Quixote
Cavaleiro da triste figura

.Dom Quixote

A tarde, já se deixava dominar.
Enfraquecendo sua luz, pouco a pouco e melancólica, mas sem aparentar tristeza.
Era o sol deixando vez a luz das avenidas, que tal qual contas de pérolas enfileiravam-se.
O calor da tarde, convidava a um chopinho.
Perdidos no transito vínhamos, eu e Dom Quixote de lá Mancha, ou de outro lugar qualquer, que não me atrevi a perguntar.
A vontade porém, não era de ir o de vir, pois tudo convidava a vadiar.
Buscávamos os dois aventuras perigosas, onde poderíamos mostrar nossa bravura e cavalheirismo, e entramos em um Super Mercado.
Eu e ele, indo e vindo no cenário, cavalgando pelas dunas e entre as gôndolas.
Buscamos neste local grandes contendas, ganhando umas, perdendo outras, porém sempre com muita dignidade e lealdade ás normas ditadas pelas leis da Santa Irmandade dos Cavaleiros da Triste Figura.
Desbravamos desertos e vales, cruzamos com civilizações distintas, através das geleiras onde habitam os peixes e aves abatidas, deitadas ao lado dos sorvetes e conservas de camarão.
Derrubamos as barricadas de aço montadas em pilhas de óleo e vidros de palmitos
Até que cansados, íamos já nos entregando aos chineses da lanchonete...quando avistei Dulcinéa...
Em seus cabelos ainda luziam os raios de sol que durante o dia, pousaram e esqueceram-se de sair.
Em seus lábios estava a porta do paraíso, onde se chega e nunca mais se quer voltar.
Como duas lanças, nossos olhares se chocaram em uma contenda, onde qualquer dos perdedores há de vencer.
Bela Dulcinéa, colhendo no campo de batalhas seu sustento, recolhendo em seus braços frágeis e perfumados, as iguarias deixadas pelos alemães e suíços.
Foi então que percebi Dom Quixote dobrar seus joelhos e deita-los ao chão, soltando de sua garganta um som invisível e desnecessário, declamando e dedicando a Dulcinéa esse soneto.

Oh! Bela dentre todas as mais belas,
aparte dos meus olhos os sofrimentos,
e traga em seus lábios,um sorriso.
Sorriso, que meu sonho vem e vela,
Que me ampare em todos meus tormentos
deixando-me em eternos paraísos.

Meu sonho, é o sagrado momento,
de quem dera, pudesse estar contigo,
e lutar para galgar da vala
maior premio que a no firmamento
Defender-te do mais cruel dos inimigos
a timidez .... que ao te ver me cala.


Caia dos meus olhos uma gota de água marinha, ao ouvir o soneto que partia de dentro do peito, sem passar pela garganta.
Um soneto mudo que falava somente com os olhos, mudo como a gota que agora me rolava pela face.
Fingindo nada ouvir, partiu Dulcinéa com seu motorista particular, pelas avenidas de pérolas e rubis.
Quixote e eu também partimos, na certa esperança do destino nos por novamente em frente de Dulcinéa, entre milhares e milhões de Quixote desta tão imensa terra.


Soneto para Dulcinéa

Formosura encarnada no corpo de mulher,
que dentre milhares e milhões~se sobressais.
Com classe no olhar, no andar,
No sorrir e no saber o que realmente quer.
Queira-me um pouco neste teu caminhar
Queira-me pois é sublime amar.

Soneto para Dom Quixote

Gentil cavalheiro, e cavaleiro andante
teu caminhar errante, só te trouxe glórias
pois tu venceste até em tuas derrotas
Mesmo perdendo fostes a vitória

Nunca me deixes, meu melhor amigo
pois é contigo que me sinto bem
Neste teus sonhos, vejo meus delírios
em seus martírios vejo os meus também.

Busquemos juntos Dulcinéa cansada
Talvez indiferente e passada
Pois cavalheiros que não fazem corte
que não cantam versos
Só entristecem o seu despertar.


Asterix ...Ari