Ataxias Dominantes
 

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As ataxias dominantes são mais conhecidas como ataxias espinocerebelares (SCA - spinocerebellar ataxia) e são caracterizadas por problemas com a coordenação que freqüentemente afetam as pernas, os braços e a fala. Existem 14 tipos de ataxias espinocerebelares identificadas, aos quais são dados números de 1 a 14, excluindo o 9, e a DRPLA (atrofia dentato-rubro-palido-luisiana). SCA1 foi o primeiro tipo de ataxia espinocerebelar a ser relacionado a um cromossomo específico, SCA2 foi o segundo e assim por diante. Atualmente, testes genéticos estão disponíveis para vários tipos de SCA (tipos 1, 2, 3, 6 e 7).
Outros nomes usados para as formas de SCA são ataxia cerebelar dominante autossômica (ADCA) ou atrofia olivopontocerebelar (OPCA). Para informações mais precisas e detalhadas consulte classificação de ataxias (Centro de Doenças Neuromusculares da Escola de Medicina da Universidade de Washington).

Classificação de Harding

A classificação das ataxias dominantes tem originado muitas controvérsias ao longo da história da neurologia, e são muitas as propostas de vários autores. Nenhuma delas chegou a ser totalmente satisfatória; hoje sabemos que isto era impossível com os dados de que se dispunham. A última classificação, anterior aos atuais conhecimentos de genética molecular, foi a de Harding. Esta autora, propôs em 1983 uma classificação das ataxias e paraplegias hereditárias que teve em pouco tempo uma aceitação generalizada. Nesta classificação as ataxias dominantes foram incluídas em separado com a denominação "ataxias hereditárias de início tardio".
Entretanto, nos últimos anos, com a aplicação das novas técnicas de genética molecular, produziu-se uma mudança radical neste panorama. Foram precisos 19 anos para passar da ligação de uma família afetada por uma OPCA dominante, no cromossomo 6 (gene SCA1), até a identificação e clonagem deste primeiro gene. A descoberta da expansão de repetições de trinucleotídeos CAG, como mecanismo de mutação responsável pelo surgimento de diversas desordens neurológicas, incluindo todos os genes das ataxias dominantes descobertos até agora, desencadeou um volume importante de investigações. Nas ataxias dominantes, a expansão CAG se encontra dentro da região codificante do gene.

SCA2 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 2 (extraído de "Living With Ataxia")

Ë uma doença autossômica dominante (cromossomo 12) com início na idade adulta e com sintomas similares a SCA1 e SCA3. As pessoas com SCA2 tem freqüentemente, além da ataxia, neuropatia e movimentos muito lentos dos olhos. Cãibras musculares e tremores são os primeiros sintomas em muitas pacientes. O gene foi identificado por pesquisadores na Califórnia - EUA, França e Japão, em 1996, já existindo agora um teste genético clinicamente disponível.

SCA4 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 4 (extraído de "Living With Ataxia")

É uma doença autossômica dominante (cromossomo 16) com início na idade adulta, cujos sintomas principais são a ataxia, a rigidez e a lentidão de movimentos e a neuropatia envolvendo a maioria dos nervos sensoriais. Os movimentos do olhos são descritos como normais. O gene não foi ainda identificado, pelo que sua comprovação genética não é possível.

SCA5 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 5 (extraído de "Living With Ataxia")

Também conhecida como ataxia de Holmes, devido ao fato do Dr Gordon Holmes ter sido o primeiro a descrever a enfermidade, em 1907, ou ainda ataxia de Lincoln, porque o presidente norte-americano Abraham Lincoln tinha um parente com essa condição. A SCA5 é uma forma de ataxia autossômica dominante (cromossomo 11). Seus efeitos parecem ser muito mais limitados ao cerebelo do que em outras ataxias dominantes. O gene responsável pela SCA5 ainda não foi identificado, assim não existe ainda comprovação genética para essa enfermidade.
O início dos sintomas na SCA5 pode chegar mais tarde que em outras ataxias, em geral depois dos 50 anos de idade. Os sintomas da SCA5 geralmente se restringem a falta de coordenação das mãos, braços e pernas, dificuldade de equilíbrio ao caminhar e disartria. Desde que a mente, a deglutição, a digestão, o controle urinário e a força física geralmente não são afetados, as pessoas com SCA5 normalmente continuam vivendo de forma independente

SCA6 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 6

É uma doença autossômica dominante (cromossomo 19) com teste genético já disponível.

SCA7 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 7 (extraído de "Living With Ataxia")

Também denominada ataxia cerebelar autossômica dominante tipo 2 ou ataxia com retinose pigmentar, é uma forma de ataxia autossômica dominante (cromossomo 3) na qual os primeiros sintomas em geral se relacionam com a visão. As pessoas afetadas notam mudanças na acuidade visual e na visão das cores. Além dos sintomas de ataxia, podem ser perceptíveis movimentos lentos dos olhos e leves modificações sensoriais ou de reflexos. Os sintomas parecem começar um pouco mais cedo neste tipo do que em algumas outras ataxias de início na idade adulta, com uma média de início entre os 20 e 30 anos. Algumas vezes o início dos sintomas ocorre na infância (foram relatados casos de início aos 4 anos de idade). A pronta identificação desta enfermidade pode ajudar os pacientes a adaptarem-se melhor às modificações de visão e de mobilidade. A prova genética através de teste de DNA já é possível porque o gene já foi identificado.

SCA8 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 8

É uma doença autossômica dominante (cromossomo 13).

SCA10 - Ataxia Espinocerebelar Tipo 10

É uma doença autossômica dominante (cromossomo 22).

DRPLA - Atrofia Dentato-Rubro-Palido-Luisiana (extraído de "Living With Ataxia")

DRPLA é uma enfermidade rara cuja denominação provém das partes do cérebro mais afetadas pela enfermidade. O gene responsável pela DRPLA foi identificado por uma equipe de pesquisadores no Japão, em 1994. DRPLA faz parte de um grupo de desordens neurológicas (que inclui SCA1, SCA2 e SCA3) causadas por uma espécie particular de gene alterado conhecida como repetição expandida de trinucleotídeos. Não se sabe porque os genes que são importantes para o sistema nervoso tendem a apresentar esse tipo de mutação, ou como exatamente estas mutações causam as enfermidades. Mas, sendo as mutações gênicas similares, algumas das respostas para SCA1 e SCA3 podem surgir dos investigadores que estudam DRPLA.
A maioria dos pacientes com DRPLA não se queixam de ataxia, porque outros sintomas são mais proeminentes que a ataxia. De qualquer forma, a ataxia pode ser visível, particularmente a falta de coordenação ou o tremor das mãos e dos braços. DRPLA geralmente conduz a muitas outras anormalidades de movimentos dos membros, incluindo movimentos involuntários (coréia e distonia), tremor e rigidez. A epilepsia (de acesso mioclónico) pode estar presente particularmente naqueles com início dos sintomas na infância ou na adolescência. A presença de epilepsia distingue a DRPLA de outras ataxias.
DRPLA é uma enfermidade autossômica dominante (cromossomo 12). Uma prova genética pode determinar se a mutação gênica está presente ou não. Ainda que nenhum tratamento possa deter a evolução dos sintomas, os medicamentos podem ajudar a controlar ataques, tremores e rigidez.

EA1/EA2 - Ataxia Episódica Tipos 1 e 2 (extraído de "Living With Ataxia")

Existem dois tipos diferentes de ataxia episódica; ambas desordens autossômicas dominantes com sintomas em geral começando na adolescência. Os sintomas mais destacados usualmente são episódios de ataxia e disartria (alteração da fala). Em geral na EA1 os episódios são muito breves, com duração de segundos a minutos, e são freqüentemente associados com convulsões musculares. Na EA2 os episódios duram muito mais tempo (horas), não estão associados com convulsões musculares e, com freqüência, o nistagmo (movimento involuntário dos olhos) pode ser observado mesmo entre os surtos. EA2 pode ser tratada e os surtos controlados com acetazolamida, mas esta droga parece não ajudar nos episódios de EA1.
O gene responsável por EA1 (cromossomo 12) foi identificado em 1994 por uma equipe de pesquisadores no Oregon - EUA. Sendo a enfermidade pouco comum e devido a cada família com a doença apresentar uma mutação gênica diferente, a prova genética não é clinicamente disponível. O diagnóstico é usualmente baseado na história do paciente, na história familiar, no exame neurológico, nos resultados de EMG (para caracterizar a convulsão muscular) e na reação a acetazolamida.
Como o gene responsável pela EA2 (cromossomo 19) ainda não foi identificado, ainda que não é possível uma comprovação genética.


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