Genética
 

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Genética (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 2000)

Genética: estudo científico de como se transmitem os caracteres físicos, bioquímicos e de comportamento de pais a filhos. Este termo foi criado em 1906 pelo biólogo britânico Willian Bateson. Os geneticistas determinam os mecanismos hereditários pelos quais descendentes de organismos que se reproduzem de forma sexual não se parecem exatamente com seus pais, e as diferenças e semelhanças entre pais e filhos que se reproduzem de geração em geração, segundo determinados padrões.
Origem da genética: a ciência da genética nasceu em 1900, quando vários investigadores da reprodução das plantas descobriram o trabalho do monge austríaco Gregor Mendel, que, apesar de ter sido publicado em 1866, havia, na prática, sido ignorado por muito tempo. Mendel, que trabalhou com a planta da ervilha, descreveu os padrões da herança em função de sete pares de traços contrastantes que apareciam em sete variedades diferentes desta planta (Leis de Mendel).
Bases físicas da hereditariedade: pouco depois da redescoberta dos trabalhos de Mendel, os cientistas perceberam que os padrões hereditários que ele havia descrito eram comparáveis à ação dos cromossomos nas células em divisão, e sugeriram que as unidades mendelianas de herança, os genes, se localizavam nos cromossomos. Os cromossomos variam em forma e tamanho e em geral apresentam-se em pares. Os membros de cada par, chamados cromossomos homólogos, têm grande semelhança entre si. A maioria das células do corpo humano contém 23 pares de cromossomos. Atualmente, sabe-se que cada cromossomo contém muitos genes e que cada gene se localiza numa posição específica, o lócus, no cromossomo. Os gametas originam-se através da meiose, divisão na qual só se transmite a cada célula nova um cromossomo de cada um dos pares da célula original. Quando, na fecundação, se unem dois gametas, a célula resultante, chamada zigoto, contém toda a dotação dupla de cromossomos. A metade destes cromossomos procede de um progenitor e a outra metade do outro.
A transmissão de genes: a união dos gametas combina dois conjuntos de genes, um de cada progenitor. Por isso, cada gene - isto é, cada posição específica sobre um cromossomo que afeta uma característica particular - está representado por duas cópias, uma procedente da mãe e outra do pai. Quando as duas cópias são idênticas, diz-se que o indivíduo é homozigótico para aquele gene particular. Quando são diferentes, ou seja, quando cada progenitor contribuiu com uma forma diferente, ou alelo, do mesmo gene, diz-se que o indivíduo é heterozigótico para o gene. Ambos os alelos estão contidos no material genético do indivíduo, mas se um é dominante, apenas este se manifesta. No entanto, como demonstrou Mendel, a característica recessiva pode voltar a manifestar-se em gerações posteriores (em indivíduos homozigóticos para seus alelos).

Cromossomo (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 2000 e de "Living With Ataxia")

Cromossomo, em citologia, nome dado a uma diminuta estrutura filiforme, formada por ácidos nucléicos e proteínas, presente em todas as células vegetais e animais. Contém o ácido nucléico, DNA, que se divide em pequenas unidades chamadas genes. O ser humano tem 23 pares de cromossomos. Um componente de cada um dos 23 pares de cromossomos vem do pai, e o outro vem da mãe.
Os seres humanos têm cerca de 100.000 pares de genes empacotados nos 23 pares de cromossomos. Assim, cada cromossomo contém 4.000 ou mais genes (os cromossomos maiores provavelmente tem mais, enquanto os menores cromossomos tem menos).
Os cientistas numeram os cromossomos de acordo com o seu tamanho: o cromossomo 1 é o maior par de cromossomos e o cromossomo 22 é o menor. Os primeiros 22 cromossomos, chamados autossômicos, são os mesmos em homens e mulheres. O 23º par de cromossomos apresenta-se diferente em homens e mulheres, e é fundamental na determinação do sexo da pessoa. As mulheres têm dois cromossomos X, enquanto os homens tem um cromossomo X e um cromossomo Y. Os cromossomos X e Y são chamados de cromossomos sexuais.

Gene (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 2000 e de "Living With Ataxia")

Gene: unidade de hereditariedade, partícula de material genético que determina a hereditariedade de determinada característica, ou de um grupo delas. Os genes estão localizados nos cromossomos no núcleo celular e se alinham ao longo de cada um deles.
O material genético é o ácido desoxirribonucléico, o DNA, uma molécula que representa a "coluna vertebral" do cromossomo. Como em cada cromossomo o DNA é uma molécula contínua, alongada, simples e delgada, os genes devem ser parte dela e exercem seus efeitos através das moléculas às quais dão origem, em sua maioria proteínas.
O gene é a seqüência de bases nitrogenadas de uma molécula de DNA que codifica uma proteína. Assim, os genes controlam a síntese de proteínas que, quando atuam no organismo, determinam as características fenotípicas dos seres vivos.
Cada gene ocupa um lugar certo no cromossomo e este lugar é chamado de lócus gênico (ou simplesmente lócus). Os genes que ocupam o mesmo lócus em cromossomos homólogos são denominados genes alelos.
Células, núcleos e cromossomos são todos suficientemente grandes para serem visto em microscópios. Os genes porém são muito pequenos para serem vistos com o mais poderoso microscópio.
Os genes são de importância vital - sem eles não haveria vida . Os genes provêem as instruções para as células produzirem as proteínas essenciais à vida e à saúde. Cada gene contém informações que ajudam a célula a saber quando e quanto de cada proteína produzir.
Embora cada célula do corpo contenha genes idênticos, alguns genes somente estão ativados ou "ligados" em certas células ou em certos momentos (por exemplo, não há necessidade de um gene responsável pela cor dos olhos estar ligado em uma célula do coração, mesmo que esse gene esteja presente na célula do coração). Alguns genes são somente ligados durante o tempo que um órgão ou tecido está sendo formado, ou somente durante a puberdade, ou somente durante períodos de stress. Outros genes estão sempre trabalhando porque sua função é necessária para a célula sobreviver ou para desempenhar suas obrigações.

Alelo (extraído do Guia Médico da Família - Editora del Prado)

Designa cada uma das duas variantes do mesmo gene, uma de origem materna e outra de origem paterna, localizadas no mesmo nível em um dos 23 pares de cromossomos homólogos, e com efeitos diferentes sobre o mesmo caráter (por exemplo, cor dos olhos). Quando um alelo é dominante, ele impõe ao indivíduo a manifestação do caráter que determina. O outro alelo, situado no cromossomo homólogo, não se manifesta, e se diz , então, que é recessivo. Um alelo recessivo somente pode manifestar-se quando está presente simultaneamente em dois cromossomos homólogos; fala-se, então, de homozigose. Quando dois cromossomos homólogos apresentam alelos diferentes do mesmo gene, fala-se de heterozigose.

DNA (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 2000)

Em 1944, o bacteriologista canadense Oswald Theodore Avere demonstrou que o ácido desoxirribonucléico (DNA) era a substância fundamental que determinava a herança. O geneticista norte-americano James Watson e o britânico Francis Compton Crick descobriram que a molécula de DNA é formada por duas cadeias que se enrolam, compondo uma hélice dupla, semelhante a uma escada em caracol. As cadeias, o corrimão da escada, são constituídas por moléculas de fosfato e carboidratos que se alternam. As bases nitrogenadas, dispostas em pares, representam os degraus. Para fazer uma cópia nova e idêntica da molécula de DNA, só é necessário que as duas cadeias se estendam e se separem por suas bases; graças à presença na célula de mais nucleotídeos, pode-se unir a cada cadeia separada bases complementares novas, formando duas duplas hélices. Desde que se demonstrou que as proteínas eram produto dos genes, e que cada gene era formado por frações de cadeias de DNA, os cientistas chegaram à conclusão de que deve haver um código genético através do qual a ordem dos trípletes (ou códons), define a ordem dos aminoácidos no polipeptídeo.
As duas cadeias do DNA se separam numa porção de seu comprimento. Uma delas atua como suporte sobre o qual se forma o RNA mensageiro (RNAm), num processo denominado transcrição. A molécula nova de RNAm se insere numa estrutura pequena chamada ribossomo, de onde se forma a proteína. Neste processo, denominado tradução, a seqüência de bases de nucleotídeos presentes no RNAm determina a ordem em que se unem os aminoácidos, para formar o polipeptídeo.

Exon e Intron

Exon: segmento de um gene que contém instruções para produzir uma proteína. Em muitos genes os exons são separados por intervalos de segmentos de DNA, denominados introns, que não codificam proteínas e são removidos por combinação para produzir o RNA mensageiro.
Intron: seqüência não codificadora do DNA que interrompe a seqüência contendo instruções para produção de proteínas (exons). Introns não são representados no RNA mensageiro, somente os exons são traduzidos em proteínas. A função dos introns está ainda sendo investigada.

Códon e Anticódon

Códon: trinca de bases nitrogenadas do RNA mensageiro que é traduzida, no ribossomo, em um aminoácido específico da proteína.
Anticódon: trinca de bases nitrogenadas específica de um RNA transportador, que se combina com um códon do RNA mensageiro no processo de síntese de proteínas.

Mutação Genética (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 1999)

Embora a replicação do DNA seja muito precisa, ela não é perfeita. Em raros casos, produzem-se erros e o DNA novo contém um ou mais nucleotídeos trocados. Um erro deste tipo, que recebe o nome de mutação, pode acontecer em qualquer área do DNA. Se acontecer na seqüência de nucleotídeos que codifica um polipeptídeo particular, este pode apresentar um aminoácido trocado na cadeia polipeptídica. Esta modificação pode alterar seriamente as propriedades da proteína resultante. Por exemplo, os polipeptídeos que distinguem a hemoglobina normal da hemoglobina das células falciformes diferem em apenas um aminoácido. Quando se produz uma mutação durante a formação dos gametas, esta se transmitirá às gerações seguintes. Diferentes formas de radiação, como os raios X, assim como as temperaturas elevadas e vários compostos químicos, podem induzir a mutações.
A substituição de um nucleotídeo por outro não é o único tipo possível de mutação. Algumas vezes, pode-se ganhar ou perder por completo um nucleotídeo. Além disso, é possível que se produzam modificações mais óbvias ou graves, ou que se altere a própria forma e o número dos cromossomos. Uma parte do cromossomo pode se separar, inverter e depois se unir de novo ao cromossomo no mesmo lugar. Isto é chamado de inversão. Se o fragmento separado se une a um cromossomo diferente, ou a um fragmento diferente do cromossomo original, o fenômeno se denomina translocação. Algumas vezes, perde-se um fragmento de um cromossomo que faz parte de um par de cromossomos homólogos, e este fragmento é adquirido por outro. Então, diz-se que um apresenta uma deficiência e o outro uma duplicação.
Outro tipo de mutações produz-se quando a meiose erra a separação de um par de cromossomos homólogos. Isto pode originar gametas - e portanto zigotos - com cromossomos demais, e outros onde faltam um ou mais cromossomos. Os indivíduos com um cromossomo a mais são chamados trissômicos, e aqueles nos quais falta um, monossômicos. Ambas as situações tendem a produzir incapacidades graves. Por exemplo, as pessoas com síndrome de Down são trissômicas, com três cópias do cromossomo 21.

Hereditariedade Humana (extraído da Enciclopédia Microsoft Encarta 2000)

Hereditariedade: estudo de todas as características de um organismo que estão determinadas por certos elementos biologicamente ativos que procedem de seus progenitores. Embora o estudo científico e experimental da hereditariedade, a genética, tenha se desenvolvido no início do século XX, as teorias sobre este campo datam da Grécia antiga.
A maioria das características físicas humanas recebe influências das múltiplas variáveis genéticas e também do meio. Algumas, como a altura, possuem forte componente genético, enquanto outras, como o peso, têm um componente ambiental muito importante. No entanto, parece que outros caracteres, como os grupos sangüíneos e os antígenos que atuam na rejeição dos transplantes, estão totalmente determinados por componentes genéticos. Os biólogos têm grande interesse no estudo e na identificação dos genes. Quando determinado gene provoca uma doença específica, seu estudo é muito importante, do ponto de vista médico. O genoma humano contém entre 50.000 e 100.000 genes, dos quais cerca de 4.000 podem estar associados a doenças.
A redescoberta, em 1900, dos escritos de Gregor Mendel do ano de 1866 sobre os padrões de hereditariedade nas ervilhas promoveu uma abordagem importante do problema da hereditariedade.
Uma das conquistas mais importantes para o desenvolvimento dos estudos sobre a hereditariedade em geral, e os princípios mendelianos em particular, foi a separação entre genótipo e fenótipo, estabelecida pelo botânico dinamarquês Wilhelm Johannsen em 1911. O genótipo refere-se aos genes que o organismo possui e é capaz de transmitir à geração seguinte. O fenótipo refere-se à aparência (em termos de caracteres) que mostra um organismo. A importância desta distinção está no fato de que a única forma de determinar o genótipo é através de experiências de reprodução, não simplesmente através do exame do fenótipo de um organismo.
Depois de vários anos de experiências com Drosophila melanogaster, Thomas Hunt Morgan ajudou a estabelecer a teoria cromossômica da hereditariedade. O grupo de Morgan propôs que os fatores mendelianos se disporiam de forma linear sobre os cromossomos, definindo deste modo a realidade física dos genes como partículas distintas.
Depois da II Guerra Mundial, o estudo da hereditariedade alcançou um alto grau de desenvolvimento, quando os biólogos começaram a aprofundar-se sobre a própria natureza do gene. Nas décadas de 40 e 50, confirmou-se que os ácidos nucléicos são as substâncias principais da hereditariedade e que atuam dirigindo a síntese de proteínas.

Código Genético (extraído do Guia Médico da Família - Editora del Prado)

Linguagem codificada universal, inscrita no DNA (às vezes no RNA) de todas as espécies vivas. O código genético consta de uma série de instruções que tornam possível a produção por parte de um organismo vivo das substâncias necessárias para seu desenvolvimento, seu crescimento e seu funcionamento. A linguagem genética é baseada nas seqüências ordenadas das diversas combinações possíveis dos quatro desoxirribonucleotídeos que compõem o DNA: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e uracila (U). Por exemplo: cada uma das proteínas fabricadas por uma célula é constituída por um encadeamento preciso e específico de aminoácidos. Cada um desses aminoácidos e a ordem de seu encadeamento tem sempre sua contrapartida codificada em forma de seqüências específicas de três desoxirribonucleotídeos no nível do DNA.

Engenharia Genética (extraído do Almanaque Abril 1999)

Engenharia genética é um conjunto de tecnologias baseadas em conhecimentos sobre as características hereditárias utilizadas para resolver problemas variados em medicina, agricultura, pecuária e outras áreas. A inseminação artificial é um tipo de engenharia genética tradicional. Outros processos mais modernos são a fertilização in vitro (encontro do óvulo e do espermatozóide fora do corpo, o que dá origem ao chamado "bebê de proveta"), clonagem de embriões ou genética molecular, principalmente por meio de técnicas de DNA recombinante. A melhoria de raças animais por cruzamentos selecionados é uma espécie de engenharia genética ou biotecnologia tradicional. Já a manipulação do código genético, constituído pelo DNA, é a forma mais recente dessas tecnologias.
A técnica de DNA recombinante consiste em retirar fragmentos de genes de um ser vivo e transplantá-los em outros. Ela foi descoberta em 1973, quando os bioquímicos norte-americanos Stanley Cohen (1935) e Herbert Boyer (1936) conseguiram unir um fragmento de DNA de uma pata de rã ao de uma bactéria.
Um vírus, por exemplo, pode receber um gene de outro ser vivo e transportá-lo até uma célula. A célula que recebe esse fragmento passa a ser uma pequena "fábrica" da proteína que o novo DNA codifica. O fragmento de DNA que reúne pedaços do ser doador e do transportador (o vírus) é a molécula de DNA recombinante. Essa técnica permite produzir, por exemplo, a insulina usada pelos diabéticos.

Clonagem (extraído do Almanaque Abril 1999)

Processo de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de um mesmo ser vivo - microrganismo, vegetal ou animal. A clonagem pode ser natural ou induzida artificialmente. Ela é natural em todos os seres originados a partir de reprodução assexuada, ou seja, na qual não há a participação de células sexuais (gametas), como é o caso das bactérias, dos seres unicelulares ou mesmo da grama de jardim. A clonagem natural também pode ocorrer em mamíferos, como no tatu e, mais raramente, nos gêmeos univitelinos. Nos dois casos, embora haja reprodução sexuada na formação do ovo, os descendentes idênticos têm origem a partir de um processo assexuado de divisão celular.
A clonagem induzida artificialmente é uma técnica da engenharia genética aplicada em vegetais e animais, ligada à pesquisa científica. No caso de vegetais, baseia-se na plantação de brotos e na criação de enxertos, nos quais são implantados brotos de plantas selecionadas em caules de outros vegetais. Essa técnica é utilizada em larga escala em muitas culturas comerciais, com a finalidade de aumentar a produção, melhorar a qualidade e uniformizar a colheita.
Em se tratando de animais, podem ser usadas como matéria-prima células embrionárias ou células somáticas (todas as células do corpo humano, com exceção das reprodutivas), que são introduzidas em óvulos anucleados (sem núcleo) artificialmente. Em 1952 é realizada a primeira experiência do gênero, a clonagem de rãs a partir de núcleos de células somáticas. Em 1970 são feitas pesquisas com embriões de rato e, nove anos depois, com ovelha. Em 1993, cientistas norte-americanos clonam embriões humanos, mas posteriormente destroem as sementes.
Em fevereiro de 1997, um grupo de cientistas escoceses, liderado pelo escocês Ian Wilmut, anuncia a realização da primeira cópia genética (clonagem) de um mamífero adulto a partir de uma célula somática: a ovelha da raça finn-dorset batizada de Dolly. Na experiência, os pesquisadores usam uma célula da glândula mamária, cujo núcleo (onde está armazenado o material genético) é retirado e transferido para um óvulo anucleado. Essa nova célula formada com o auxílio de uma corrente elétrica é então implantada no útero de uma terceira ovelha, na qual Dolly foi gerada. Em teoria, ela é geneticamente idêntica à ovelha da qual se retirou o núcleo da célula mamária. A novidade é que Dolly é clonada a partir de uma célula de um animal adulto, e não de um embrião.
Entretanto, em fevereiro de 1998 cientistas colocam em dúvida o experimento, pois nenhuma outra equipe, nem a do próprio Wilmut, conseguiu gerar outro clone a partir de células adultas. Outro ponto questionado é que o pesquisador escocês utilizou células congeladas da "mãe" de Dolly - que já estava morta - e, entre elas, podia haver alguma célula embrionária, o que tira a novidade da descoberta.
Há duas diferenças básicas entre a clonagem induzida em animais feita a partir de células embrionárias e a realizada com células não reprodutivas. Os clones obtidos a partir de células embrionárias são limitados, pois cada ovo oferece somente de oito a 16 células capazes de gerar embriões. Além disso, como o embrião-clone deriva de um ovo, não se pode saber qual é o resultado final, pois ele é o produto de uma fecundação que contém uma combinação gênica desconhecida, que ainda não manifestou suas características. Quanto aos clones obtidos a partir de células não reprodutivas, o resultado é certo, pois já se conhece o ser adulto que vai originar os clones. Nesse caso pode ser feito um número ilimitado de cópias.
O desenvolvimento e a expansão da técnica da clonagem e da própria engenharia genética abrem a possibilidade para a reprodução de órgãos humanos vitais para transplantes, a melhora genética de vegetais e raças animais e a multiplicação de animais de espécies em extinção, como o urso panda e o rinoceronte branco. Ao mesmo tempo dá início a uma discussão sobre os limites éticos e científicos da clonagem. No decorrer de 1998, os que ainda estavam céticos sobre a clonagem da ovelha Dolly ficaram definitivamente convencidos. Primeiro porque em maio a experiência foi examinada cuidadosamente por uma equipe independente, concluindo que não havia possibilidade de erro. Em julho, afinal, a proeza foi repetida, dessa vez com nada menos que 50 ratos adultos. Eles foram clonados com sucesso por John Burns, da Universidade do Havaí, em Honolulu.

Terapia Gênica (The Institute for Gene Therapy - University of Pennslyvania)

A terapia gênica é uma nova concepção de tratamento de doenças baseada na modificação da expressão genética de uma pessoa com objetivos terapêuticos. A terapia gênica tem sido discutida para tratamento de doenças letais e incapacitantes, embora também com potencial na prevenção de doenças. A terapia gênica está ainda em estágio de desenvolvimento, sendo investigada em laboratórios de pesquisas básicas. Vários experimentos clínicos humanos preliminares foram iniciados para testar conceitos importantes que emergiram nesses estudos de laboratório.
A lógica da terapia gênica apoia-se na compreensão das bases genéticas da doença humana. É provavelmente seguro afirmar que os genes que nós herdamos de nossos pais influenciam virtualmente todas as doenças humanas. Uma combinação de aproximadamente 150.000 genes individuais constitui um ser humano. Há vários anos atrás, um esforço internacional foi lançado para identificar todos os genes humanos. Este esforço, chamado Projeto Genoma Humano, está bem desenvolvido e deverá ser completado na virada do século. O conjunto das variações na estrutura dos genes de uma pessoa definem características individuais como a altura e a cor dos olhos. Infelizmente, algumas dessas variações genéticas conduzem ao desenvolvimento de doenças. Muitas doenças genéticas são passadas de uma geração para outra através da herança de um único gene. Um exemplo é a doença de Huntington. Muitas outras características pessoais e doenças são influenciadas por uma conjunto de genes.
A premissa básica da terapia gênica é corrigir a doença na sua raiz - os genes anormais. Existem essencialmente duas formas de terapia gênica, uma das quais é chamada terapia gênica somática, a qual envolve a manipulação da expressão genética de células que serão corrigidas no paciente, mas não em seus descendentes. Este é o tipo de terapia gênica que está sendo investigada atualmente no Instituto de Terapia Gênica Humana, como também em outros laboratórios do mundo. A outra forma de terapia gênica é chamada terapia gênica "germ line", abrangendo a modificação genética de células germes, as quais passarão a mudança para a próxima geração. Muito poucas pesquisas de "germ line" estão sendo conduzidas atualmente, devido principalmente a razões técnicas e éticas.
O desafio básico em terapia gênica é desenvolver meios para conduzir o material genético às células apropriadas do paciente, de maneira específica, eficiente e segura. Esse problema de "droga condutora", onde o gene é a droga, é particularmente desafiador para genes amplos e complexos que necessitam atingir os núcleos das células. Se os genes forem conduzidos adequadamente eles podem contribuir para a vida da célula e potencialmente levar a uma cura.
A tecnologia disponível da terapia gênica está baseada nas estratégias de condução de genes. Para fazer isso foram desenvolvidos veículos de entrega de genes, chamados vetores, os quais encapsulam genes terapêuticos para conduzir até as células. Muitos dos vetores atualmente em uso são baseados em versões atenuadas ou modificadas de vírus. Em bilhões de anos de evolução os vírus desenvolveram modos extraordinariamente eficientes de atingir as células e entregar genoma, que infelizmente conduzem às doenças. Nosso desafio é remover do vírus o componente que causa a doença e inserir genes recombinantes que sejam terapêuticos para o paciente. Os vírus modificados não podem se reproduzir no paciente, mas devem conservar a habilidade para conduzir o material genético eficientemente. Outra estratégia baseia-se em vetores sintéticos nos quais complexos de DNA, proteínas ou lipídios são formados de partículas com capacidade para transferir genes eficazmente.
As primeiras tentativas humanas de terapia gênica começaram em 1990 usando uma estratégia de terapia gênica ex vivo. Nessa aproximação, as células do paciente eram colhidas e cultivadas em laboratório e incubadas com vetores para modificar os genes. As células eram então colhidas e transplantadas de volta para o mesmo paciente. Os primeiros experimentos terapêuticos utilizando essa aproximação tentaram tratar duas desordens genéticas, incluindo crianças com uma forma de deficiência hereditária auto-imune, e também com crianças e adultos com níveis extremamente altos de colesterol. A especialidade tem evoluído rapidamente com aproximações mais práticas para a condução de genes baseada na assim denominada terapia gênica in vivo, na qual o vírus é administrado diretamente ao paciente. O primeiro modelo de terapia gênica in vivo foi baseado em uma versão atenuada do adenovirus no tratamento de fibrose cística. Os adenovirus têm um tropismo natural em pulmões associados com doenças respiratórias. Atualmente estão sendo investigados vários tipos de doenças como candidatos para a terapia gênica, incluindo doenças cardiovasculares, doenças infecciosas como AIDS, e câncer.

Projeto Genoma Humano

O Projeto Genoma Humano, coordenado por várias instituições, com uma previsão de durabilidade de 15 anos, iniciou-se formalmente nos Estados Unidos em 1990. Em seguida, vários outros países, incluindo o Brasil, passaram a participar desse projeto. Seus objetivos básicos são o mapeamento dos genes humanos e o seqüenciamento de todo o nosso genoma. O Projeto Genoma Humano tem se desenvolvido muito rapidamente e algumas das metas propostas, como o mapa genético de marcadores, já foram atingidas. Igualmente, estão sendo observados os efeitos dos novos conhecimentos adquiridos pelo projeto no diagnóstico de doenças genéticas, bem como na identificação de novos genes.

Genética na Internet (sites para aprendizado virtual)

Introdução à Genética (site em português da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP, contendo detalhes sobre cromossomos, hereditariedade e doenças genéticas).
The Biology Project (curso interativo para aprendizado básico de biologia e genética; site em inglês com versão parcial também em espanhol).
Blazing a Genetic Trail (site do Howard Hughes Medical Institute sobre a pesquisa genética de doenças; texto bastante acessível e instrutivo).
Educational Courses on the Web (uma lista variada de links para diversos cursos virtuais na Internet).


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