Kubanacan - Fanfics

León Calderón, um pacato professor de história?

Lisa Garber

Leon

Certo dia, em uma escola pública da Costa Rica... Leon entra na sala de aula, tropeça numa cadeira e derruba vários papéis no chão. Os alunos riem. Ele se abaixa e recolhe apressadamente os papéis. Uma aluna vai ajudá-lo.

- Brigado, Beatriz, num precisa, já tô terminando de pegar.

- Imagina, professor, num custa. Tá aqui, ó - diz ela sorridente, enquanto entrega um maço de papéis a Leon.

- Eh... brigado... bom... e então, terceiro ano? Vamos começar a aula? Onde a gente parou semana passada?

- Naquele treco lá de Fênix... té parece que ela existiu de verdade, conversa fiada - grita um aluno do fundo.

Beatriz faz cara feia:

- Não liga pro Felipe não, professor. O senhor tava falando de como o presidente de Kubanacan da época usou a Fênix pra atacar outros países.

- Ah tá, Beatriz, já lembrei, obrigado. Então, senhor Felipe? O senhor acha que a poderosa Fênix não passa de um

"treco", uma "conversa fiada"? Pois eu posso provar que ela realmente existiu e que causou muito estrago.

- Professor, é verdade que o presidente Alejandro teve a ajuda do filho pra construir essa bomba? - pergunta um aluno.

- Não, Pedro. Isso não é verdade. Muita gente fala isso, mas eu sei que Esteban, o filho de Alejandro, fez de tudo pra impedir o pai de cometer essa monstruosidade.

- Como o senhor sabe disso? - pergunta Beatriz, admirada.

- Simples, Beatriz. Eu pesquisei muito, entrevistei pessoas que conheceram Esteban em carne e osso.

- Puxa! Que legal, professor! - exclama a aluna.

- É! E tem mais! Esteban Maroto era um super agente secreto, treinando em artes marciais e mestre na arte dos disfarces.

- Nossa! Ele era melhor que James Bond? - desdenha Felipe.

A classe ri.

- Aí eu não sei, senhor Felipe. Mas em se tratando de mulher, ele deixa pra trás qualquer personagem de cinema - diz Leon com ironia.

- Puxa! O senhor sabe tudo sobre esse Esteban, hein, professor? - Beatriz se espanta ainda mais.

- É... Deu trabalho, mas valeu a pena. Aliás, esse é o tema da minha tese.

- O senhor gosta mesmo desse assunto, né? - derrete-se Beatriz.

- É... pois é... ele se tornou meu ídolo. De alguma forma eu me identifiquei com o Esteban. É engraçado... - diz Leon com um olhar perdido.

- E como ele não impediu o Alejandro de usar essa Fênix ?- pergunta Pedro.

- Isso eu não sei... ele morreu antes de conseguir isso... alguma coisa deve ter saído errado... - fala Leon confuso.

- O que interessa é que esse Esteban não era lá tão bom assim, e que o tal Alejandro desintegrou um monte de gente... TSSSSSSS - brinca Felipe, apontando uma arma imaginária para Pedro.

Os alunos riem. Leon olha bravo para Felipe:

- Não, senhor. O "tal" Alejandro não desintegrou ninguém. Ele reduziu as pessoas às cinzas, o que é diferente. A Fênix é uma bomba de neutrôns que só funciona em pessoas e animais. Ela usa a gordura como agente de combustão e a pessoa pega fogo até virar cinza. Tudo ao redor fica intacto, casas, plantas...

- Ai, professor! Que coisa horrível! Como é que um monstro desse podia ser pai desse Esteban, que parece que era uma boa pessoa? - pergunta Beatriz assustada.

- Pois é... nem sempre se tem o pai que merece... ou que se conhece...

- Como, professor?

- Eh... nada, nada... deixa pra lá...

Toca o sinal.

- Podem sair, pessoal. E... senhor Felipe, o senhor trate de pesquisar sobre os efeitos da Fênix. Quero o trabalho pronto pra semana que vem.

- Pô, professor... - diz Felipe desanimado.

- É isso mesmo.

Todos saem, menos Beatriz. Leon vai sair, quando tropeça na mesma cadeira e derruba os papéis de novo.

- Pode deixar que eu ajudo, professor.

- Brigado, Beatriz. Você é um anjo.

Ela fica sem graça:

- Eh... professor, eu sei que o senhor tem esse trauma de não ter conhecido o próprio pai, o senhor já contou essa história uma vez...

- É, Beatriz, é isso mesmo. A minha mãe nunca me falou nada sobre ele, de como eu nasci...

- Puxa, isso é muito triste...

- É.. é sim... mas deixa pra lá, é melhor não falar de coisas tristes, né? - desconversa Leon.

- Tudo bem, professor. Ahn... eu queria te entregar uma coisa...

- O quê? A pesquisa sobre a ditadura? Já? - admira-se ele.

- Não, professor, eu ainda não terminei. Eh... é a letra de uma música linda que eu vi num disco da minha mãe. É um bolero, eu penso no senhor quando escuto ela - diz a aluna timidamente, tirando um papel rosa da pasta.

- Um bo-bo-bolero? Você pensa em mim? Mas Beatriz... - gagueja Leon.

- Ai, que vergonha! Eu não devia ter falado nada... - diz ela, enquanto se levanta rapidamente, joga os papéis no chão e sai correndo.

- Espera, Beatriz!

Ele repara no papel cor-de-rosa no chão, o apanha e lê o título da música: "No me platiques mas".

- Puxa! É tão linda! Eu conheço esse bolero. Mas... peraí! Será que a Beatriz... Ah não...

Um tempo depois, Leon está voltando para casa de ônibus, porque o carro havia quebrado novamente. Ele está segurando a letra da música que Beatriz lhe dera, e cochila. Sonha que está fugindo da polícia, encontra uma linda moça na rua e a beija. Ao fundo ouve o bolero tocando.

Nisso, escuta uma voz que o desperta. Olha em volta e vê o ônibus vazio, de longe o motorista grita:

- Moço! Já é o ponto final! Acorda!

- Hã? O que... Meu Deus! Que loucura!

Olha pela janela:

- Vou ter que voltar a pé... - diz, desanimado.

No caminho, começa a pensar:

- Ah... Esteban Maroto! Como eu queria ser seu filho, como eu queria ser como você...

Nisso, ouve gritos. Na esquina, uma senhora idosa está sendo assaltada. Leon corre e derruba o ladrão com um golpe. O bandido se levanta e foge apavorado. A mulher se vira para Leon:

- Obrigada, meu filho!

Ele olha aterrorizado para ela:

- Mas eu não...

A senhora vai embora, deixando Leon atônito:

- Meu Deus! Como é que eu fiz aquilo? Eu não sei lutar, nunca bati em ninguém na minha vida. Quando eu era criança, me chamavam de quatro-olho e me batiam, e eu nunca revidava...

Mais tarde, chegando em casa...

- Já chegô, filho? Qué comê alguma coisa? - pergunta uma voz vindo da cozinha.

- Não, mãe. Já comi lá na escola... - balbucia Leon.

Rubi aparece:

- Credo! Que cara é essa? Parece até que viu fantasma!

- Pior... ô mãe, por acaso meu pai sabia lutar?

- Ihhh... de novo essa história? Já num te falei que num sei nada do teu pai? E num adianta insistir.

- Mas, mãe... e quando a Fênix...

- Ai ai ai.... que é que tem essa tal da Fênix? Meu Deus do céu, num gosto de falar disso não, perdi minha família por causa desse negócio, só me sobrou você, me filho, você é a minha única família.

- Eu sei, mamãe. Desculpa, tá? Dá um abraço. - Leon abraça carinhosamente a mãe.

- Hum... que abraço bão! Quando ocê me abraça assim eu se esqueço das coisa ruim que aconteceu na minha vida... Ah! Já tava se esquecendo, aquele tal de cientista maluco ligô procê.

- O doutor Cristobán? E o que que ele quer?

- Num sei... só falô que é procê ir lá hoje à noite.

- Hoje? Será que ele conseguiu? - entusiasma-se Leon.

- Conseguiu o quê, meu filho?

- Nada não, mãe, nada não...

Ele volta a abraçar Rubi e sorri misterioso.



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