Como Mercedes conheceu Alejandro
Mercedes está distraída na janela de sua casa, olhando o movimento na rua.
- Por favor, onde fica o Armazém do Augustin? - pergunta um moço que está passando na calçada.
Mercedes continua com os olhos longe e nem escuta
- Ei moça! Ei! Eu fiz uma pergunta pra vc! Acorda moça! - e dá um beliscão em seu braço.
- Ai!! O que é isso??? Quem vc pensa que é para me beliscar assim?
- Eu sou um pobre mortal que apenas quer uma informação.
- E eu tenho cara de balcão de informações, por acaso? Ah, meu filho! Eu tenho mais o que fazer!
E fecha a janela na cara do moço, que fica transtornado com a situação:
- Sua grossa! Estúpida! Vá para o diabo que te carregue! Humpf!
Em seu quarto, Mercedes continuava pensativa.
- Filha! Filha! - Dona Isabelita grita.
- Ai, mãe... O que foi dessa vez?
- O que foi? É que seu irmão saiu para comprar açúcar e cenouras, e até agora não voltou... E eu preciso fazer um bolo!
- E o que a senhora quer que eu faça, mãe?
- Vai atrás dele para mim, por favor filha!
- Ah, mãe....
- Vai, filha! Tô fazendo o seu bolo preferido, de cenoura!
- Ah.... então vou! Eu não resisto a esse bolo de cenoura que a senhora faz!
Mercedes dá um beijo na Dona Isabelita e sai. Na calçada, ela olha para o céu, dá um suspiro e diz:
- Nossa! Como o dia tá lindo! E eu trancada naquele quarto... Tsc..Tsc..
Logo, o mesmo moço que queria informação estava virando a curva da calçada e resmunga:
- Droga! Onde fica o Armazem do Augustin? Eu preciso encontrá-lo ainda hoje!
Nisso, Mercedes está virando a curva e os dois dão de encontro.
- Perdão moça! - responde o moço.
Quando ele olha para ela, repara que a moça que pediu informação na janela.
- Ah, não.. Vc de novo, não! Já trocou a ferradura?
- Olha aqui, eu não suporto gente que se acha, viu! Vê se não torra a minha paciência pois não respondo por mim!
- Vá para o inferno! Vá!
- Eu não... não pretendo te encontrar por lá.
E cada um vai para um lado. Mercedes chega ao Armazém de Augustin.
- Tim-Tim! Tudo bem? O Manolo passou por aqui?
Augustin dá um suspiro por Mercedes e reponde:
- Mercedes! Que surpresa! Sim... o seu irmão passou por aqui e comprou algumas cenouras. Agora, o que ele vai fazer com as cenouras eu não sei.. Ehehehehe
- Ah, então ele já foi para casa! E eu tb vou!
- Espera, Mercedes! Fica mais um pouco, vamos conversar... E a propaganda do tal sabonete, deu certo?
- Ah, Tim-Tim! Deu sim! O pessoal da agência avisou que amanhã já estará circulando por aí o panfleto com a propaganda dos Sabonetes Cheiro do Campo
- Ah, que bom! Estou até ansioso para ver esse panfleto... - e dá um suspiro.
Daqui a pouco, um moço, é aquele moço que deu de encontro com Mercedes, entra esbaforido:
- Augustin! Até que enfim te encontrei! Vc mudou de endereço e nem pra me avisar, Augustin? Faz horas que estou andando nessa cidade e...
Nisso, vê que Mercedes, a moça grossa, está lá tb.
- Ah... Eu devo ter jogado pedra na cruz!
- E eu devo ter dado dó nas barbas de Móises! Tim-Tim, vc deveria selecionar melhor os seus clientes! - diz Mercedes já irritada.
Augustin dá um pigarro.
- Hum... Quer dizer que vcs já se conhecem... Nem preciso fazer as apresentações, então?
- Ah, Tim-Tim! Eu não conheço esse cavalo não!
- Nem eu conheço essa grossa! - responde o moço.
- Então tá... finjo que acredito. Mercedes, esse é meu amigo Alejandro. Alejandro, essa é Mercedes, a menina mais bonita do país!
- Que é isso, Tim-Tim! Assim fico toda sem graça!
- Faltou tb dizer que ela é a mais má-educada de Kubanacan!
- Grrrrrrrrrr! - Mercedes olha com raiva para Alejandro.
- Calma Mercedes! Calma Alejandro!
- Quer saber de uma coisa? Eu é que não fico aqui ouvindo desaforo de um chato que nem conheço! Humpf! Tchau, Tim-Tim! Depois a gente conversa!
- Tchau, Mercedes.... Vê se volta, viu!
- Vá pela sombra! - diz Alejandro irônico.
E Mercedes sai toda brava.
- O que vc quer, Alejandro? - pergunta Augustin.
- Como o que eu quero, Augustin? Então eu fico um tempo fora do país, e quando volto não posso matar a saudades do meu melhor amigo?
- Acredito... Vamos ser direto, então...Quanto vc quer?
- Pará com isso, Augustin! Que tipo de pessoa vc pensa que eu sou?
Alejandro vira para a rua, se faz de pensativo e diz:
- Cem mil dólares acho que tá bom!
- O que Alejandro? Cem mil dólares? Vc ficou todo esse tempo fora e ficou doido, foi?
- Mas Augustin! É para uma boa causa!
- Isso aqui é um simples armazém e não um banco, Alejandro!
- Tá bom, tá bom! Eu sei que se vc tivesse esse dinheiro, me emprestaria!
- O que vc quer fazer com esse dinheiro todo?
- Outro dia eu conto... outro dia....
E Alejandro vai embora.
No dia seguinte, Alejandro está caminhando pela cidade quando começa uma ventania. Um papel bate no rosto dele.
- Ai, o que é isso? Que saco!
Quando ele vai ver que papel é esse, tem uma surpresa. É o panfleto da propaganda do sabonete, feito por Mercedes.
- O que? Essa mulher de novo! Mas o que é isso, hein? Perseguição? Não é possível!
Uma tempestade chega em Kubanacan. Alejandro corre para procurar algum abrigo e acaba guardando o panfleto no bolso de sua calça. Mercedes está perto da pracinha central e tb corre para procurar um esconderijo. Ela entra em uma fábrica abandonada para se esconder da chuva e dá de cara com Alejandro. Os dois se olham.
- Ah... claro... tinha que te encontrar novo. - fala Mercedes.
- Olha, eu nem vou falar nada, viu... Vc está me perseguindo, eu sei disso.
- Como? O que? Eu te perseguindo? - e solta uma gargalhada irônica.
Alejandro dá aquele risinho sarcástico.
- Me deixa em paz! Seu... seu... Quer saber de uma coisa? Prefiro ficar na chuva do que ficar aqui, com vc!
E sai apressada. Nisso, ouve-se um trovão muito forte lá fora. Assustada, Mercedes volta correndo para a fábrica, tropeça no degrau e acaba caindo em cima de Alejandro. Eles se olham assustados e acabam se beijando. Mercedes não diz nada e corre no meio da tempestade. Alejandro grita:
- Não! Espera! - e vai atrás dela.
Ele a alcança e a segura pelo braço. Mercedes vira e eles acabam se beijando na chuva. Alejandro sorri:
- É... parece que o destino quer nos pregar uma peça.
- Isso não pode mais acontecer. Eu mal lhe conheço e vc vem me beijando assim?
- Eu que beijei?
- É! Eu nem mexi a boca! Vc que colou esse seus lábios nos meus!
- Ah, tá! Nem mexeu a boca, né? Vc quase engoliu minhas amídalas!
- Tá bom... tá bom.. Não dá pra negar, né? Tá...eu gostei do beijo, mas apenas do beijo.
- Sei... - Alejandro sorri novamente.
Mercedes o agarra e beija-o.
- Ai... esses seus olhos verdes... Estão me deixando zonza! Eu não posso fazer isso! Não posso!
- E pq não, Mercedes?
- Pq não pode! Não pode!
E sai correndo em direção de sua casa. Mercedes entra toda encharcada na sala e sua mãe preocupada, diz:
- Onde vc estava, Mercedes? Essa chuva e vc na rua!
- Calma, Madressita! Calma! Eu já estou aqui, não estou?
- Vai tirar essa roupa antes que vc pegue um resfriado!
Naquela noite, Mercedes não conseguiu dormir pensando naquele homem misterioso que tanto mexeu com ela.
- Como isso foi acontecer? Um homem que surgiu no meu caminho e acabou me deixando louca. - suspira.
Na manhã seguinte... Alguém bate na porta.
Mercedes, sonolenta ainda, levanta e resmunga:
- Arre! Que nem dormir em paz eu posso? Onde a Madressita e o Manolo foram?
E é obrigada a abrir a porta. É um entregador de flores. Olha para o buquê que está com um cartão: "As 10 da manhã estarei te esperando naquele mesmo lugar que nos beijamos pela primeira vez". Ela acaba sorrindo e sem pensar muito, vai ao encontro de Alejandro.
- Sabia que vc viria! - exclama Alejandro.
- Vim! Mas não deveria... - e corre beijá-lo.
Alejandro e Mercedes começam a se encontrar escondidos na fábrica velha. A cada encontro, Mercedes ficava cada vez mais apaixonada, sem saber o que o destino reservara para ela