INTRODUÇÃO

Não sei por se por vocação, por uma questão de oportunidade, ou por algum determinismo genético ainda não identificado, minha linha literária sempre foi preferencialmente orientada no sentido da prosa, como atestam os artigos e livros (de ficção ou não), que escrevi e publiquei, ao longo do tempo. Não obstante, desde a adolescência, quando em vez, emergia a veia poética e, pouco a pouco, poesias foram se acumulando e sendo arquivadas.

Mas, para quase tudo na vida, sempre chega um momento em que a mente diz: pronto, está na hora. E foi assim que, recentemente, surgiu a vontade de reunir e publicar aquelas poesias, há muito guardadas no baú das coisas postergadas.

Elas falam de recordações de fatos acontecidos e de fantasias idealizadas. Daí o título:

Recordações e Fantasias de uma Vida

São noventa e cinco títulos denominando trovas, sonetos, poemas de diversas composições, hai-kais, etc.

Na maioria clássicos, respeitando rima e metrificação, no velho estilo parnasiano. Sobre temas românticos, filosóficos e até eróticos. Mas nada que ferisse olhares pudicos. Nada proibitivo para menores...

Um porém, contudo: existem mais dois outros, completando um total de noventa e sete títulos, mas que não podem ser incluídos entre os demais. Vêm por último, antecedidos por uma advertência:

"Apenas para olhos que não se choquem com palavras obscenas."

A esse respeito, cabe uma explicação ao eventual leitor: após longos anos de um quase puritanismo literário, concedi-me, de repente, num repente liberal - ou seria libertino? - o direito a um pecadilho: alguns versos com conteúdo pornográfico.

Se me perguntassem a razão deste inédito e insólito impulso, teria apenas uma resposta honesta para dar:

"Fi-lo porque qui-lo".

Com a devida permissão da alma de Jânio Quadros, é claro. S

Não creio, pelo menos não desejo que, em virtude disso, venha a ter desmoralizada a minha imagem de escritor. Manoel Maria de Bocage, autor de tantos belos poemas, também exibe, entre seus mais famosos escritos, versos bem mais carregados de pornografia do que aqueles que eu ousei apresentar no final desta singela obra. E nem por isso deixou ele de ser considerado um dos maiores literatos da lingua portuguesa. Não que eu tenha, nem de longe, idêntica pretensão. Espero apenas não vir a ser vilipendiado pela minha audácia..