História da Igreja na Idade Média

A partir do Século XI, começaram a surgir dificuldades para que os
peregrinos cristãos pudessem visitar a Terra Santa. ...No ano 1009, o
califa Haken destruiu a igreja do Santo Sepulcro e passou a perseguir
os cristãos e peregrinos.
As Cruzadas e a luta pela Terra Santa.
No apogeu do Papado, durante a Idade Média, aconteceram as Cruzadas. Esse movimento religioso-
militar, surgido na Europa Ocidental, tinha por objetivo reconquistar, a Terra Santa (Jerusalém, Belém,
Nazaré, etc.) das mãos dos infiéis muçulmanos. Ou seja, reconquistar os locais onde Jesus Cristo viveu,
onde a Igreja nasceu e que eram visitados por peregrinos cristãos.

Quem eram os muçulmanos e por que eles conquistaram a Terra
Santa?
Os muçulmanos são os seguidores de Maomé (570-632), fundador da religião muçulmana ou lslamismo
ou Maometismo. Essa religião nasceu a partir da experiência de Maomé, profeta de Alá (Deus) e iniciou
a sua expansão, no ano de 622, com a Égira, data da fuga de Maomé, de Meca para Medina. A religião
muçulmana tem seu núcleo de fé baseado nas seguintes doutrinas: fé num só Deus, Alá; fé no profeta
de Alá, Maomé; e fé no juízo de Alá que premia os bons e castiga os maus.
O Islamismo se expandiu de uma forma extraordinária através de várias conquistas: Damasco, em 635;
Jerusalém, em 638; Alexandria, em 643; assédios de Constantinopla, em 673 e 717; Cartago, em 698 e,
em 711, chegam à Espanha e ali se fixam após as derrotas para os franceses, em 732. Daí se percebe
que as antigas regiões cristãs do norte da África e do Oriente Médio passaram a ser dominadas por eles.
Inicialmente, os muçulmanos toleraram os cristãos mediante o pagamento de impostos. Depois, criaram
certas dificuldades em algumas regiões, mas não proibiram as peregrinações à Terra Santa.
A partir do século XI, começaram a surgir dificuldades para que os peregrinos cristãos pudessem visitar
a Terra Santa. Além dos problemas dos ladrões que roubavam os peregrinos — que se viram forçados a
viajar em grupos maiores e com a ajuda de pequenos exércitos —, temos de mencionar o ponto chave
da questão: no ano 1009, o califa Haken destruiu a igreja do Santo Sepulcro e passou a perseguir os
cristãos e peregrinos. Essa atitude foi um golpe terrível na Cristandade ocidental. Além disso, devemos
registrar os pedidos de ajuda militar que os imperadores cristãos, de Constantinopla, freqüentemente
faziam às lideranças ocidentais para que os ajudassem na luta contra as incursões militares
muçulmanas. Todos preenderá toda a luta movida pelos cristãos contra os vários tipos de infiéis.
O Papa Gregório VII (1073-1085) já tinha tentado, durante o seu pontificado, convocar uma cruzada para
ajudar, particularmente, aos gregos de Constantinopla. Envolvido, porém, nas lutas contra Henrique IV
da Alemanha, não pôde concretizar aquele objetivo. Assim, será o Papa Urbano II quem convocará a
primeira das oito cruzadas mais importantes.
1ª CRUZADA Convocada pelo Papa Urbano II, no Sínodo de CIermont, 1095.
Pedro, o Ermitão, foi encarregado de pregar a realização da Cruzada, que contou com a
participação de um exército com mais de 600 mil homens, da Alemanha, França, Inglaterra e ltália,
além de uns 18 mil aventureiros, colonos e mendigos. Esse número se deveu a muitos fatores: o
desemprego e a pobreza na Europa ocidental; a questão dos guerreiros medievais que com a

‘trégua de Deus’ (acordo temporário de paz), já não podiam lutar em várias épocas do ano; e,
principalmente, a promessa de que todo cruzado que permanecesse fiel à cruzada, teria o perdão
dos pecados e a garantia da salvação eterna. Os cruzados conquistaram Nicéia, Antioquia e
Jerusalém, em julho de 1099. Infelizmente, foram muito violentos com os sarracenos-
muçulmanos, inclusive judeus, matando adultos, crianças, violentando mulheres, etc. Após a
tomada da cidade, foi estabelecido o Reino de Jerusalém, tendo à frente o francês Godofredo de
Bulhões. Ele não quis ser chamado de rei, pois o único rei de Jerusalém foi Jesus Cristo e sim,
‘protetor do Santo Sepulcro’. Com o tempo, os cruzados foram retornando para a Europa.
Jerusalém voltou a ser ameaçada pelos muçulmanos, dificultando a vida dos governos do ‘Reino
de Jerusalém’.

2ª CRUZADA Convocada pelo Papa Eugênio III, 1144.
Causada pela queda da cidade de Edessa, Mesopotâmia (hoje Iraque),
caiu nas mãos do sultão muçulmano de Alepo. Teve dois grandes
pregadores: São Bernardo de Claraval e frei Rodolfo. Foi formado,
então, um exército com mais de 200 mil homens que chegou até
Jerusalém, reforçando a presença cristã na Terra Santa. Fizeram
algumas conquistas, mas sem muitas condições de resistir às
pressões dos muçulmanos. Assim, em 1187, o sultão do Egito,
Saladino, reconquistou Jerusalém, provocando grande apreensão na
Europa, que motivou a 3ª Cruzada.

3ª CRUZADA — Promovida pelos papas Gregório VIII e Clemente III,
1189.
Foi dirigida pelos soberanos Frederico Barbarroxa, Ricardo Coração
de Leão e Felipe II Augusto. Só conseguiram conquistar a cidade de
São João do Acre, em 1191. Ricardo Coração de Leão, antes de
retornar à lnglaterra, fechou um acordo com o sultão do Egito,
Saladino, que se comprometeu a não maltratar os peregrinos
cristãos.

4ª CRUZADA Convocada pelo papa Inocêncio III, 1202.
A condição era de que os legados papais a comandassem.
Infelizmente, desviou-se de seus objetivos e os cruzados se dirigiram
para Constantinopla, contra a vontade do Papa. Lá fundaram o
‘lmpério Latino de Constantinopla’, em 1204, aumentando, ainda
mais, a cisão entre as lgrejas latina e grega. Em 1261, os gregos
reconquistaram Constantinopla.

CRUZADA DAS CRIANÇAS
• No ano de 1212, aconteceu essa infeliz iniciativa, que teve como
ponto de partida a cidade de Marselha. Milhares de crianças
acabaram sendo vendidas como escravas, no norte da África.

5ª CRUZADA — Promovida pelos Papas Inocêncio III e Honório II, 1218.
Os cruzados conseguiram conquistar a fortaleza de Damieta, no
Egito, em 1219, perdida anos depois.

6ª CRUZADA Foi dirigida pelo Imperador Frederico II da Al emanha,
1229.
Esse imperador tinha sido excomungado pelo Papa Gregório IX. A
cruzada deu ótimos resultados. Por um tratado com o sultão
muçulmano do Egito, em 1229, as cidades de Jerusalém, Belém,
Nazaré, Tiro e Sidon passaram para o rei alemão. A condição foi que a
mesquita de Omar, em Jerusalém, ficasse nas mãos dos
muçulmanos.

7ª CRUZADA Convocada pelo Papa Inocêncio IV, 1245.
Após o Concílio de Lyon. No ano anterior, Jerusalém voltou a cair nas
mãos dos infiéis muçulmanos. São Luís da França foi seu grande
líder e conquistou Damieta, no Egito, junto ao Mar Mediterrâneo em
1249. Mas perdeu a batalha seguinte e teve de pagar um alto resgate.

8ª CRUZADA Novamente dirigida por São Luís de França, 1249.
Com a morte de São Luís, vitimado pela peste, em Túnis, na Africa do
Norte. Em 1270, a cruzada terminou.
Ronaldo Mazula é missionário claretiano, professor de História da Igreja.