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Vindo
das terras do sul, precisamente Santa Catarina,
abro espaço para uma das hordas mais extremas do
nosso Black Metal Scene! Sobre o rótulo de
Barbarian Black Metal, o Great Vast Forest lança
o seu debut "Battletales and Songs of Steel"
pela Evil Horde Records e para aproveitar o gancho
converso aqui com o guitarrista Iconoclastor, que
além do debut debatemos o nosso underground,
extremismo, a participação deles no "Fuck
The Bastard Chil I", o maior festival de
Black Metal do Brasil, entre outros... Quer saber
mais guerreiro, empurre o portão e entre para o
calabouço bárbaro do Great Vast Forest... Boa
leitura...
por
Vinícius Botti Vidal
B.O.H.M.)
O Great Vast Forest é uma horda que existe desde
1995, desde a sua criação até os primórdios,
como tem ocorrido todos os planos que se tinha no
início do GVF, os objetivos principais, quais
eram, mudaram ou vocês conseguiram tudo que
haviam planejado?
RES
(Iconoclastor): Sobre a Great Vast Forest, sempre
seguimos o fluxo natural das coisas, realizamos
uma etapa por vez, pensando unicamente na situação
que nos encontramos em determinado período. Traçamos
objetivos e lutamos incansavelmente até alcança-los.
O objetivo principal é e sempre foi o mesmo:
lutarmos por nossas crenças, as custe o que
custarem... Cada um dos guerreiros que compõem a
Great Vast Forest pode possuir alguns pensamentos
divergentes, mas quando nos unimos, a horda Great
Vast Forest sempre fala mais alto, e o objetivo
comum é posto em evidência. Sobre o fato de
conseguirmos todos os objetivos que traçamos no
início de nossa união, eles estão se
concretizando, sim. Estamos ainda na luta, e vamos
conseguir atingir a todos, cada um há seu tempo.
B.O.H.M.)
Em um breve resumo, comente sobre a história da
banda, sua ideologia e som...
RES
(Iconoclastor): A horda Great Vast Forest iniciou
suas atividades em 1995, com Surgath nos vocais e
E. LordWizard na bateria, mais um membro que tocou
por um breve período as guitarras da horda. Isso
se deu em Lages-SC.
Devido a problemas internos, ocorre a saída
da banda do guitarrista e então une-se a horda o
guitarrista Iconoclastor (Porto Alegre-RS), e o
guitarrista Goat Perversion (Caxias do Sul-RS), além
do section-member no baixo Molestus Necrovastor
(Caxias do Sul-RS). A partir daí a Great Vast
Forest inicia uma serie de composições e shows
no sul do país, criando a base do que ela se
tornou hoje em dia. Mais tarde, em 1997, entra o
baixista oficial da horda Devilish
(Farroupilha-RS), que assume o backing vocal também,
e entra também o tecladista A.Lordgrimm
(Garibaldi-RS). A união dos guerreiros se torna
completa e
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essa
sólida união perdura até os dias de hoje. Lançamos
juntos nossa oficial DT “Where the warriors
ride...” em 1998, e após uma maciça divulgação
da mesma no underground, recebemos propostas de
alguns selos nacionais e optamos por aquele que
melhor se adaptaria a proposta da Great Vast
Forest.
Em termos de ideologia, a Great Vast Forest
baseia-se sua crença no barbarismo propriamente
dito. Abordamos em nossas letras temas como a
honra de guerreiros que lutam em prol de uma
causa, usando para isso as virtudes que
acreditamos serem essenciais, tais como lealdade,
orgulho, bravura, coragem e honra. Além disso, a
majestosa natureza sulista é uma constante em
nossos espíritos, que geram a elaboração de
hinos de euforia.
Com relação ao trabalho sonoro, recomendo
fortemente que conheçam nossa horda, pois
acredito que falar não basta, é preciso ouvir.
B.O.H.M.)
O Great Vast Forest se utiliza do termo Barbarian
Black Metal, na sua opinião, qual é a importância
da denominação do estilo praticado, como
Vampiric, Folk, Gothic, etc. ou isto não é
importante e se banalizou demais nos dias atuais?
RES
(Iconoclastor): A utilização de subclassificações
para denominar hordas é interessante na minha
opinião, pois isso ajuda a agrupar e diferenciar
cada uma que possue características semelhantes.
Afinal, hoje em dia chamar uma horda de Black
Metal deixa uma vasta gama de possibilidades que
está pode seguir, e a utilização destes rótulos
diminui esta amplitude.
B.O.H.M.)
Agora seco e direto, nas suas palavras, o que é o
Barbarian Black Metal praticado pelo Great Vast
Forest?
RES
(Iconoclastor): Barbarian Black Metal para a Great
Vast Forest é a completa mescla que realizamos em
nosso trabalho lírico e sonoro.
Em termos de letras, o barbarismo é uma
constante, relacionamos em toda a nossa essência
o que os povos bárbaros relacionavam em suas
vidas. Abordamos temas com o mesmo impacto que o
mais bárbaro povo geraria. Em termos sonoros, é
realmente necessário você ouvir para sentir o
que a Great Vast Forest carrega e a sua relação
com o barbarismo. Isso você não vê, mas sente!
B.O.H.M.)
Vocês estão para lançar o debut cd
“Battletales and Songs of Steel” agora em
fevereiro de 2002 pela Evil Horde Records, porém
o CD foi gravado em fevereiro de 2001, porquê
esta demora no lançamento e como foi este
contrato com a Evil Horde Records?
RES
(Iconoclastor): Sobre o contrato da Evil Horde, o
mesmo ocorreu no final do ano 2000. Após 2 anos
do lançamento e divulgação de nossa DT,
recebemos neste ano de 2000 propostas de selos
nacionais para o lançamento de nosso CD de estréia.
Optamos pela Evil Horde Rec. Com relação ao
atraso, isso se deu por que a gravadora possuía
outras prioridades. Mas hoje em dia, estamos
trabalhando intensamente na elaboração de nosso
material, temos a capa e a parte sonora
finalizada. Estamos agora esperando a elaboração
do encarte, e o mais rápido lançamento. Mas se
quiserem explicações mais específicas pelo
atraso, o mais fácil é perguntarem diretamente a
Evil Horde.
B.O.H.M.)
Sobre a mesma Evil Horde Records, ela e a Chaos
666 Records, ambas de Curitiba-PR organizaram
e bancaram o festival black metal “Fuck
The Bastard Child Festival I”. Como foi para vocês
participarem deste grandioso evento (que na minha
opinião, um fudido evento, porém as revistas
especializadas, ou que dizem especializadas,
simplesmente ignoraram o evento, e isto é lastimável) e qual a sua opinião sobre este
fortalecimento de dois selos/gravadoras nacionais
especializados em Black Metal?
RES
(Iconoclastor): Sobre a participação da Great
Vast Forest neste evento, com certeza foi um
grande prazer para nós mostrarmos todas as nossas
artes às pessoas que tiveram interesse em
presenciar um espetáculo da GVF. A Evil Horde e
Chaos 666 são realmente selos nacionais que estão
se destacando cada vez mais e mais pela seriedade
que lidam com o underground. Isso é uma coisa
extremamente positiva, saber que podemos contar
cada vez mais com pessoas sérias que não estão
por ai para perder tempo ou denegrir a imagem do
underground. Sobre o desleixo das revistas
“especializadas” em metal neste festival,
sinto muito, mas para mim isso não faz a menor
diferença mesmo, visto que não acompanho nada
nas mesmas...
B.O.H.M.)
Eu não sei nada à respeito, porém há várias
acusações sobre o Great Vast Forest sobre cunho
político espalhadas na net, principalmente em
grupos de e-mail. Sobre o assunto como você
comenta tais declarações? Qual a importância da
política no Black Metal?
RES
(Iconoclastor): Realmente este assunto é um tanto
delicado. A horda Great Vast Forest não tem
nenhuma ligação a nenhum segmento político.
Somos unicamente uma horda de Barbarian Black
Metal! Estão havendo muitos comentários,
acusando-nos de assumir uma posição extremista,
o que na verdade não ocorre. Basta acompanhar em
nossas musicas, letras e shows. Não existem
nenhuma apologia de cunho político dentro da
Great Vast Forest, seja ele qual for... Em minha
opinião, lugar de política é fora do Black
Metal! Se alguém quiser alguma postura, assuma em
sua comunidade. É preciso diferenciar as
coisas...
B.O.H.M.)
Quais são as influências musicais de bandas no
Great Vast Forest?
RES
(Iconoclastor): Eu particularmente gosto muito dos
clássicos de Black Metal, tal como Bathory, Venom
e Hellhammer/Celtic Frost, logicamente os antigos
álbuns dos mesmos. Além disso, gosto muito de
hordas, tipo Nokturnal Mortum, Graveland, Dark
Funeral, War, Frostmoon, Ensiferum, Isengard,
Mithotyn, Desaster, entre muitas outras. Mas o que
posso lhe dizer é que a Great Vast Forest não
sofre influência direta de nenhuma banda. Quando
realizamos nossas musicas, não buscamos sermos
iguais nem parecidos a ninguém. Temos nosso próprio
estilo e nossa própria linha...
B.O.H.M.)
Quais argumentos vocês se utilizam para escrever
vossas letras, livros, contos, escrituras, etc?
RES
(Iconoclastor): O responsável pela elaboração
de nossas letras contidas no nosso CD é nosso
vocalista Surgath, e agora estamos com nosso
tecladista A.Lordgrimm também elaborando
materiais para nosso próximo opus. Sobre a forma
com que eles escrevem, não poderei lhe informar.
Mas sobre a temática, abordamos temas como
misantropia, paganismo, grandes valores do homem
de uma era pré-cristã, onde honra e coragem eram
com orgulho defendidas. Além de visões mais
abrangentes sobre o que circunda em nossos
pensamentos. Todas as nossas letras estão disponíveis
em nosso website, e se alguém possuir interesse
em conhece-las, basta visitar: www.greatvastforest.cjb.net
.
B.O.H.M.)
A cena Black Metal no Brasil tem crescido
ultimamente, pois o que parece é que ela esteja
sendo conduzida por pessoas fortes e que realmente
vivem o real espírito guerreiro tanto dito e
pouco praticado. Na vossa visão, como vêem o
nosso cenário e as acusações entre bandas e
black metallers de falsidade, entre outros? Para
que se possa crescer, ou melhor, fortalecer, qual
seria a solução à buscar?
RES
(Iconoclator): Realmente meu amigo, palavras vão
e vem, mas a atitude realmente era algo que
faltava em nosso cenário. Creio que já vivemos
situações piores, onde a qualidade e o
profissionalismo eram muitos menores, mas hoje em
dia me sinto muito satisfeito vendo que há
pessoas que vêm valorizando seu trabalho, agindo
com forte seriedade no que condiz com suas crenças.
Mas isso não é uma regra ainda, visto que muitíssimos
mais vêm se preocupando muito mais com os outros
do que consigo mesmo e no que luta. Creio que a
maioria das richas e queixas sobre falsidades de
hordas provém de onde as hordas se encontram,
através de desentendimentos locais, e muitas
vezes sem um fundamento rígido... Mas sabe-se lá.
Para mim, quem age com falsidade nunca terá uma
segunda chance. Mas espero para tirar as minhas próprias
conclusões, pois não vou tomar partido de ninguém
sem saber ao certo o porquê.
B.O.H.M.)
Do nosso cenário quem vocês citariam como
grandes e forte nomes?
RES
(Iconoclastor): Em termos nacionais, creio que
temos o Murder Rape e Evil Horde Rec, Dark
Celebration, Posthumous, Malefactor, Pactum e
Chaos 666, Nocturnal Worshipper e muitas outras
hordas...
B.O.H.M.)
Desde a roupa utilizada, passando pelas
maquiagens, pregos, fogo, sangue, a simbologia e
todos os artifícios utilizados, o que é mais
importante no real e bárbaro Black Metal, a
atitude ou o som? Ou tem de se equilibrar as
coisas, pois um não vive sem o outro?
RES
(Iconoclastor): Em minha opinião, creio que o som
não vive sem a atitude e a recíproca também é
verdadeira! De que adianta montar uma horda, se
apenas se tem atenção em suas idéias? Qual a
moral de criar a banda? É muito mais fácil e lógico
criar, ao invés disso, somente um grupo ativista.
E o contrario também é necessário, pois ao
criar uma horda, é necessário ter um forte
motivo e uma luta a travar... A música única e
exclusivamente pela música não é nada. A
ideologia é o diferencial entre o Black Metal e
as outras vertentes musicais (ou a maciça maioria
delas)... O Black Metal não vive sem uma
ideologia, ele cai no banal e perde toda a essência
caso não possua uma temática forte e precisa.
Quanto ao visual, creio que estes acessórios são
utilizados pelo impacto e agressividade que eles
geram no público, completando o que a banda
pretende transmitir na agressividade musical e temática.
B.O.H.M.)
Qual a vossa opinião sobre os atuais nomes do
Black Metal, enfim esta nova leva de bandas que
vieram do meio da década de 90 que começaram a
se utilizar de artifícios novos como o uso em
demasia do teclado, sinfonias de ópera e
orquestra, vocais líricos, violinos, eletrônico
entre outros e que constantemente são alvos da
ira dos tradicionais blackmetallers que bradam
pelas bandas clássicas como Venom, Bathory,
Celtic Frost, etc...?
RES
(Iconoclastor): Realmente este não é o estilo
que mais me atrai. Até escuto algumas poucas
bandas de metal que utilizam algumas destas
características, mas o meu preferencial é pelo
tradicional e clássico Black Metal. Realmente sou
um grande admirador de todos os clássicos de
Venom, Celtic Frost/Hellhammer e Bathory. Sobre o
fato do crescente número de bandas que vem
utilizando novos elementos em seus trabalhos, isso
realmente me gera um certo receio sobre o
resultado. Prefiro
músicas mais diretas, e ríspidas, com o predomínio
da guitarra sobre os demais instrumentos.
B.O.H.M.)
Dessa atual fase, quem vocês recomendariam, ou não
recomendariam nenhum?
RES
(Iconoclastor): Na verdade não recomendo nenhuma
destas novas bandas que se utilizam de
“modernismos” no Black Metal. Mas entre as
bandas novas (década de 90), algumas que vem me
chamado a atenção são Cirith Gorgor, Nokturnal
Mortum, Forefather, Windir (old), Menhir, Forsth,
e muitas outras...
B.O.H.M.)
Atualmente, ou melhor constantemente, as bandas
nacionais de metal (nesta questão ignorando o
estilo) fazem o seguinte jogo (que foi visto na última
vez com o Krisiun), se lançam pela Europa afora e
voltam para o Brasil consagrados, modificados (às
vezes até perdem o real
espírito underground nacional e reclama pra
caramba do nosso cenário, visto que a facilidade
na Europa é bem maior) e com um contrato debaixo
do braço. Sobre estas ações, o que vocês
diriam? Dá pra encarar algo assim, ou se quiser
continuar forte tem de se encarar as turnês
internacionais, mesmo nos trancos e barrancos?
RES
(Iconoclastor): Realmente respeito as bandas que
pegaram e venderam tudo que tinham aqui para
tentar algo lá fora, visto que aqui no Brasil
ainda é muito grande a dificuldade com que as
bandas conseguem algum contrato ou algo mais sério
com uma gravadora. Não gosto do estilo do
Krisium, nem Rebaellium, bandas que se lançaram
para o estrangeiro e voltaram com contrato, mas
admiro sua atitude. Quanto a Great Vast Forest, já
havia lhe falado que para tudo tem seu tempo, e
assim que percebermos que teremos condições de
nos lançarmos para alguma turnê no exterior,
iremos fazer sem o menor receio. Somente sei que
neste preciso momento ainda não é nossa hora.
B.O.H.M.)
Aliás, falando em turnês, como anda a agenda do
Great Vast Forest, terá algum show de lançamento
do debut cd?
RES
(Iconoclastor): Já recebemos diversas propostas
para tocarmos neste ano, porém somente iremos
começar a marcar algo quando nosso CD estiver
sido lançado. Estamos ultimamente preparando
ainda materiais e ensaiando. Sobre shows, nada
confirmado ainda.
B.O.H.M.)
Na vossa opinião, qual é a importância de
zines, agora atacando na internet como o B.O.H.M.,
os web zines,
para o real underground nacional?
RES
(Iconoclastor): Acho que a única diferença entre
os novos webzines e os tradicionais zines, se da
unicamente na velocidade com que a informação
chega para o publico alvo. Apesar de termos
passados para a forma digital, a maioria dos zines
ainda continuam fiéis e compromissados ao Metal e
ao Underground.
Isso é muito importante, pois somente o
que alterou, em minha opinião foi a facilidade de
acesso ao material.
B.O.H.M.)
Enfim, terminando esta missiva, gostaria de
agradecer imensamente sua participação,
desejando ao Great Vast Forest um 2002 de car...!
Deixem aí uma mensagem aos seguidores do
Barbarian Black Metal praticado pelo GVF...
Obrigado!
RES
(Iconoclastor): Meu caro amigo Vinicius, muito
obrigado por ter cedido à Great Vast Forest este
valioso espaço em seu artefato, e pela força que
vossa pessoa tem dado ao underground! E para
aqueles que tenha a intenção de conhecer melhor
a horda Great Vast Forest, visitem nosso website
em: www.greatvastforest.cjb.net
ou entrem em contato, mandem um mail para gvforest@hotmail.com
. Hail War!!!
PS.:
Agradecimentos neste entrevista à Evil Horde
Records pelas fotos ao vivo.
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