* PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS *

 

        Sendo a musculação um método de treinamento desportivo, esta deve então respeitar os princípios científicos do treinamento desportivo. A seguir estão os de maior importância para o  treinamento de hipertrofia :

* Princípio da Individualidade Biológica *


        Também conhecido como Princípio das Diferenças Individuais. 
        Todos seres humanos resultam da associação do genótipo ( carga genética ) com o fenótipo (ação do meio ambiente sobre os seres humanos ). 

GENÓTIPO + FENÓTIPO =  INDIVÍDUO

        Podemos entender o genótipo como a carga genética transmitida à pessoa e que determinará diversos fatores como : composição corporal, biotipo, altura, força, entre outras.
        O fenótipo, pode ser entendido como tudo que é acrescido ao indivíduo a partir do nascimento, sendo responsável por fatores como : habilidades técnicas, consumo máximo de oxigênio, entre outras.
        Segundo DANTAS ( 1985 ) " pode-se dizer que os potenciais são determinados geneticamente, e as capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do fenótipo ".
Além desses caractéres individuais, algumas características coletivas influenciam a formação da individualidade. Assim, o sexo, a idade e a raça determinam fatores comuns para grupos de pessoas.
        Concluímos, então que um treinamento ministrado a homens negros, de terceira idade, será diferente do aplicado a meninas japonesas, por exemplo.

* Princípio da Adaptação *


        Para que o princípio da adaptação ( ou Princípio da Adaptabilidade ) seja entendido é preciso que se compreenda o conceito de homeostase. 
        Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.
        O objetivo do treinamento é, através de stress físicos, "quebrar" essa homeostase, desencadeando um processo denominado de Síndrome de Adaptação Geral ( SAG )
        Essa homeostase pode ser rompida por fatores internos ( geralmente oriundos do córtex cerebral ) ou externos como calor, variação da pressão, esforço físico, traumatismo. Assim, sempre que essa homeostase é rompida, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio. Tiramos então a conclusão que todo estímulo provoca uma reação do organismo acarretando uma resposta.
        Essa resposta será diretamente proporcional à intensidade do estímulo. E é com essa intensidade de estímulo que esse princípio se preocupa. 
        A Síndrome de Adaptação Geral pode ser dividida em três fases :

        1. Fase de Excitação
        2. Fase de Resistência
        3. Fase de Exaustão


        O treinamento tem por objetivo desencadear essa S.A.G. até a segunda fase, evitando os processos de "overtraining", ou seja, os excessos de treinamento.
        Pode-se resumir a intensidade desses estímulos e suas respectivas conseqüências da seguinte maneira :

   ESTÍMULOS       FASES DA S.A.G.       REAÇÕES DO ORGANISMO   
Fracos Não há resposta Não provocam alterações
Médios Excitação Apenas excitam o organismo
Fortes Adaptação  Provocam adaptações no organismo
Muito fortes Exaustão Provocam danos

        É desejável que o atleta, após uma sessão de treino, esteja cansado. Porém é imprescindível que, após um período de repouso, ele consiga recuperar-se totalmente e esteja em perfeitas condições físicas, bioquímicas e mentais para o treino seguinte.

* Princípio da Sobrecarga *


        Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma recuperação do organismo, visando a restabelecer a homeostase. Um treinamento de alta intensidade provocará a depleção das reservas energéticas orgânicas e o acúmulo de ácido lático e outros substratos.  A reposição destas reservas se faz em nível muscular nos primeiros 3 ou 5 minutos de recuperação ( Mathews e Fox , 1983 ). No entanto, em nível orgânico, somente o repouso prolongado e a alimentação suficiente possibilitarão a reposição total. Hegedus ( 1969 ) chamou esse fenômeno de "assimilação compensatória", que seria composta de um período de recuperação, no qual seriam recompostas as energias e substratos depletados, e de um período de restauração ampliada, no qual seria assimilada uma "overdose" energética. ( DANTAS, 1998 ).
        O equilíbrio entre o estímulo aplicado e o tempo de recuperação é que garantirá a existência da supercompensação de forma permanente.
        Resumindo, podemos definir os seguintes critérios para aplicação de sobrecargas.
        A aplicação de uma nova carga dependerá :
        1. da intensidade da carga anterior ;
        2. do período de recuperação ( anabolismo ) ;
        3. do período de restauração ampliada ( super-compensação )

* Princípio da Interdependência Volume X Intensidade *


        O aumento das cargas de trabalho é uma imposição para se obter uma melhora no performance. Um organismo submetido a trabalho muito intenso só poderá executá-lo por curto espaço de tempo. Por outro lado, se há necessidade de realizar um esforço de longa duração a carga será, necessariamente, moderada.
        A escolha da incidência de sobrecarga na intensidade ou no volume, respeitará dois critérios: a capacidade física visada e o período de treinamento.
        Entendemos sobrecarga no volume : quilometragem percorrida, número de repetições e séries, duração do exercício, horas de treinamento, etc...
Entendemos sobrecarga na intensidade : quilagem utilizada, velocidade, ritmo, redução de intervalos entre as séries, etc ...

 VOLUME   INTENSIDADE 
Maior número de séries Aumento dos pesos das anilhas
   Maior número de grupos musculares trabalhados         Aumento da velocidade de execução  
Maior número de exercícios     Diminuição do intervalo entre as séries   
Maior número de repetições   Aumento da amplitude do movimento 

 

* Princípio da Continuidade *


        Como já vimos nos princípios anteriores, o treinamento baseia-se na aplicação de cargas crescentes, progressivamente assimiladas pelo organismo. Assim, o fator que assegura essa melhora de rendimento é a continuidade do processo de treinamento, caracterizado pela alternância entre os estímulos e os períodos de recuperação.
        Para se obter resultados otimistas no desenvolvimento das capacidades físicas visadas, é necessário um mínimo de persistência nos exercícios, com o intuito de propiciar uma duração que permita ocorrer as alterações bioquímicas e morfológicas necessárias.

* Princípio da Especificidade *


        O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance esportiva em termos de capacidade física interveniente, sistema energético predominante, segmento do corpo e a coordenação motora ( técnicas ) requisitadas.
        Assim devemos verificar qual capacidade física é mais utilizada no esporte escolhido e treiná-la. Assim, realizar um treinamento de hipertrofia muscular com um maratonista seria desperdício de tempo e energia !

        Esses princípios não existem apenas por existir !  Cada um, considerado individualmente, possui seu valor e função próprios, entretanto, a integração entre todos adquire inestimável importância para o desenvolvimento dos objetivos. Além desses princípios, existe outro fator que influencia diretamente no sucesso do treinamento e que merece destaque : a alimentação