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VIAGEM
INTERIOR |

Na plena Luz da sua
consciência, sem deixar de ser você,
imagine que você é um
asceta tibetano,
que vai iniciar o
ritual, morte renascimento.
Você esta saindo do
mosteiro a cavalo.
Cavalgando... cavalgando
nas estreitas pistas e
subindo a montanha gelada, coberta de neve.
À direita, o abismo.
A vertigem abismal do
precipício, da neve e do gelo.
Desce do cavalo.
Na beira da ribanceira,
você chama os demônios.
Chamando os espíritos
feios e maldosos que atormentam os humanos,
os espíritos das
doenças, dos crimes, das dores,
das traições, da
loucura.
Eles vêm.
Com as suas facas,armas
cortantes,
eles vêm
e fazem muito barulho.
Você oferece seu corpo a
eles.
Entregando-se.
Muito felizes, os
demônios jogam você no chão gelado de neve.
Cortam suas mãos, seus
pés, cortam seus braços, suas pernas.
Com um só golpe, cortam
sua cabeça.
Colocam sua cabeça em um
caibro,
para que ela possa ver o
espetáculo, a festa, a alegria.
Abrem o seu peito.
Tiram o seu coração,
arrancam com voracidade
seus intestinos, o estômago, o fígado.
Os demônios dançam de
alegria e de sangue.
Sua cabeça os olha
dançar, se alegrar, comer, brincar.
Os demônios estão
felizes.
Eles têm fome,
alegram-se de fome. Devoram, devoram.
Vomitam, vomitam os
intestinos, os pés, pedaços, braços, outros pedaços.
Estão tão felizes, que
se tornam seus amigos, seus aliados.
Esses demônios agora são
seus amigos, prontos a apoiar e a avisar você.
Prontos a curar doenças
para você.
Prontos a curar para
você doenças do corpo,
da alma e do destino.
Juntam os pedaços
decepados.
Reconstituem.
Agora você tem um corpo
mágico, invulnerável,
um corpo que nunca mais
poderá ser destruído,
nem no além poderá ser
destruído.
E você focaliza sua
consciência para o Templo do Sol,
embaixo da grande
cachoeira de Luz que vem das alturas.
Comentário:
Não
existe diferença nenhuma entre o ritual tibetano e a aventura de
Sereptie.
Tendo amizade com os demônios, eles deixam de ser demoníacos, de
atuar de maneira cega.
Um
defeito nada mais é do que uma qualidade atuando de maneira
cega, mas atuando conscientemente se torna uma qualidade.
Se eu tiver medo de um violento aspecto da minha natureza,
vou rejeitar essa parte de mim. Essa parte não vai deixar de existir,
apenas a rejeito para meu inconsciente, e na noite do meu inconsciente
vai agir de maneira cega, corrompendo minha percepção, minha
inteligência, meu destino.
Agora, se a reconheço, vou usá-la de maneira consciente, luminosa.
Longe de ser violência, será coragem, energia, decisão, entusiasmo.
No
Universo, nada é uma coisa, tudo é um ser, uma inteligência.
Tudo é feito de consciência, até o vento, os pássaros, as plantas e as
pedras.
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