POVO MINEIRO
Como disse o artista :
"-
Se eu tivesse, um dia,
que pintar o povo mineiro, eu pintaria uma noite de seresta.
- Mas...como é que se pinta
uma noite de seresta?
- Não sei...mas também não
sei como se pode pintar o mineiro."
Onde li isso?
-
já se perdeu
no tempo e no espaço!...
Vi-me, entretanto, reportada
à seresta, a mais legítima manifestação da sensibilidade mineira:
Quando se ouve seresta,
ouve-se Minas Gerais
é o ser-sensível mineiro
feito notas musicais.
Música triste, chorosa;
às vezes, suave, jocosa
- tudo é só contradição.
Choram-se amores perdidos,
recordam-se tempos já idos
e momentos bem vividos
numa total devoção.
Solidários, de mãos dadas,
passamos noites inteiras.
Assim, ouvindo serestas,
vivemos noites mineiras.
Chega um momento em que a dor
e a tristeza, tudo se
esvai -
momento do pão-de-queijo,
que ninguém é de ferro,
uai!
Me deu, então, uma vontade
de mostrar minha
cidade -
Belo Horizonte é assim:
tão tímida, tão
sorrateira,
dentre todas a primeira,
igreja, praça, jardim;
nas montanhas, se escondendo
como criança querendo
sorrir, brincar,
divertir!...
(envergonhada de si?...)
Mas as belezas que eu sinto,
que vêm daqui para mim,
são só belezas de Minas,
são só belezas infindas,
são só, confesso, meninos,
confesso, assim nunca vi,
pois as belezas de Minas
existem somente aqui.