Capítulo 07

No outro dia, o telefone tocou na casa de Taylor.

Ange>> Taylor! - Antes mesmo que ele falasse 'alô'.

Taylor>> Oi. - Com a voz sonolenta.

Ange>> Você não vai acreditar no que eu descobri.

Taylor>> Diga..

Ange>> Ontem ninguém morreu.

Taylor>> Ahn?

Ange>> Logo na noite em que o Bryan foi preso, ninguém morreu.

Taylor>> Ah, saquei.

Ange>> Muito curioso, acho que esse cara não vai sair dessa. E, provavelmente vão fazer altas paradas com ele na prisão.

Taylor>> Credo, Ange..

Ange>> Mas ele merece, ora bolas.. sair matando assim a esmo?

Taylor>> Às vezes não é a esmo.

Ange>> Como assim?

Taylor>> Às vezes ele tem os motivos dele, nunca viu aqueles filmes de Serial Killer?

Ange>> Tá, e por que o cara não procura um psicólogo?

Taylor>> Porque psicólogo é coisa pra maluco. - Ela riu.

Ange>> Tay, quem faz uma coisa dessas é o quê? Normal?

Taylor>> E você acha que eu devo procurar um psicólogo pra resolver aquele meu problema?

Ange>> Sinceramente? Sim. Tay.. - Ele bateu o telefone na cara dela.

Ange ficou preocupada, terminou de se vestir correndo e foi para a casa dele. Bateu na porta, mas ninguém atendia.

Ange>> TAYLOR! COME ON, FALA COMIGO!! DEIXA EU ME EXPLICAR.. NÃO É BEM ASSIM.. VOCÊ ENTENDEU ERRADO!

Taylor>> ANGE, SAI DAÍ! - Gritando da cozinha.

Ange>> NÃO ATÉ VOCê ME DEIXAR ENTRAR.

Taylor>> ANGE EU NÃO QUERO TE MACHUCAR!! SAI! POR FAVOR! EU TE IMPLORO, VAI EMBORA... NÃO QUERO QUE VOCÊ ME CONHEÇA NERVOSO!!! - Tampando o rosto, com a cabeça encostada na mesa da cozinha.

Ange>> ABRE A PORTA PRA MIM! - Batendo na porta.

Taylor>> URRRRRRGHHHHHHH! - Batendo na mesa.

Ange>> EU VOU ENTRAR DE QUALQUER JEITO!

Taylor via tudo nublado, os olhos vermelhos de raiva, parecia que estava possuído. Ele foi até a sala, abriu a porta e puxou Ange pelo braço, não entendendo mais nada do que ela estava falando. Ele a olhou, sério, e a jogou contra a parede. Ange caiu no chão.

Ange>> Tay, para.. - Chorando. - Você tá me assustando.

Taylor a pegou pelo pescoço e a levantou, sem parar de encará-la. Encostou Ange na parede e ficou respirando forte.

Ange>> Tay.. cof cof.. - Ele apertava um pouco sua garganta. - Deixa eu falar. Você vai entender. Eu não estou contra você. Tay, aqui é a Ange. - Chorando.

Taylor>> Ange? - Fechou de leve os olhos, parecia que não a reconhecia.

Ange>> É.. sou eu.. - Pondo a mão nas mãos de Taylor, baixando-as devagar.

Taylor tocou o rosto dela, abraçando-a forte logo em seguida. Ele chorava, apertando-a forte.

Ange>> Tay.. - Acariciando seu cabelo. - Vamos ser fortes, ok? - Ele a olhou. - Vamos aprender a lidar com isso. - Acariciando o rosto dele. - Mas, acho que precisamos conversar um pouco, ok? Senta aqui. - Os dois sentaram no chão, ele com a cabeça apoiada no seio dela.

Taylor>> Eu te machuquei muito? Eu estraguei tudo.. - Aos prantos.

Ange>> Vamos devagar, ok?

Taylor>> Ok.

Ange>> Me perdoa se aquilo que eu te falei no telefone te magoou. - Ele fez que sim com a cabeça. - Mas, não foi a intenção. Eu já fui ao psicólogo e nem por isso sou maluca. A gente vai pra conversar sobre os nossos problemas para uma pessoa imparcial poder nos ajudar a resolver. - Ele levantou a cabeça para olhá-la.

Taylor>> Você acha que eu devo ir?

Ange>> Calma.. não se aborreça comigo. Mas, eu acho sim. Se você não tem coragem pra falar sobre os seus problemas pra mim, você tem que se abrir com alguém. E o psicólogo vai te ajudar a seguir um caminho mais certo. Às vezes quem está envolvido no problema não consegue enxergar uma solução, entende? E ele tem obrigação de não contar a ninguém nada sobre você. Nada mesmo. É ética profissional.

Taylor>> Uhum.

Ange>> A gente pode ir ao psicólogo?

Taylor>> Tá. Vou tentar.

Ange>> Outra coisa.. o que te fez agir do jeito que você agiu?

Taylor>> Você me forçou a fazer uma coisa que eu não queria e que estava me agredindo demais.

Ange>> Hmmm.. entendi. O lance da porta?

Taylor>> Isso. Quando eu ficar irado do jeito que eu fiquei, você me deixa sozinho. Eu preciso disso pra me acalmar.

Ange>> Taylor..

Taylor>> Sim?

Ange>> Você já matou alguém?

Taylor>> Ange..

Ange>> Tay, eu não vou deixar de estar ao seu lado se você me falar. Você pode confiar em mim, eu só quero te ajudar.

Taylor>> Eu não sou nada disso que você está pensando, Ange. Eu juro que não sou. Um dia você vai entender. - Ange respirou fundo.

Ange>> Ok.

Taylor>> Ange..

Ange>> Sim?

Taylor>> Tenta não me acordar de novo. - Com um sorriso no rosto, de quem não estava realmente chateado.

Ange>> Ahhh sim. É que eu achei a notícia muito importante.

Taylor>> Mulher é um bicho fofoqueiro, hein? Liga pra casa dos outros seis horas da manhã pra falar da vida alheia. - Ela fez cara emburrada.

Ange>> Tá, desculpa..

Taylor>> Tudo bem. - Acariciando o cabelo dela. - Cada vez eu te acho mais especial.

Ange>> Por quê? - Sorrindo de leve.

Taylor>> Porque eu nunca tinha conseguido controlar minha raiva, como eu fiz com você.

Ange>> Então você é do tipo briguento?

Taylor>> Hmm.. sei lá, você acha?

Ange>> Se você nunca se controla, sim..?

Taylor>> É, devo ser então.. - Riu de leve. - Mas isso vai acabar, você vai ver.

Ange>> E eu tô aqui pra te ajudar. - Pegando na mão dele.

Taylor>> Hoje é aniversário de uma pessoa..

Ange>> De quem?

Taylor>> Bah.. uma pessoa que não merecia ser lembrada.

Ange>> A sua mãe? - Taylor se levantou imediatamente.

Taylor>> Vou tomar um banho. Te vejo mais tarde na faculdade?

Ange>> Claro. - Sorrindo sem graça, não entendendo direito sua reação.

***

Muitas horas depois, às dez da noite..

Taylor estava sentado com os braços debruçados na mesa, ao seu lado tinha uma garrafa de rum pela metade. Às vezes, esfregava o rosto para tentar parar a dor de cabeça. Outras, coçava o pescoço e a nuca. Tudo rodava, mas mesmo assim não deixava de beber outro copo.

Perto daquela rua, Ange andava acompanhada de sua amiga Renata. Elas tinham acabado de sair do mercado, foram comprar coca-cola e pães para fazer um lanche na casa de Ange.

Renata>> Olha.. - Cutucando-a. - Aquele ali não é da nossa turma? - Ange estava com o olhar perdido entre as pessoas, sem achar Taylor. -Ali.. naquela mesa.. olha! Acompanha meu dedo! - Apontando.

Ange>> Nossa!! É o Taylor!! - As duas apressaram o passo até ele.

Taylor>> Ooo-oi Ange. - Caindo na gargalhada. - VooOo-cê por aqui?

Ange>> Me explica o porque disso?

Taylor>> Uma garrafa.. - Pegando a garrafa de rum. - Para um coração doído. Huuumm.. doído.

Ange>> Taylor! - Lamentando com a cabeça, olhando para Renata.

Renata>> A gente tem que levá-lo pra casa dele. Mas eu não sei onde ele mora.

Ange>> Eu sei.

Renata>> Então.. - Taylor caía na gargalhada.

Ange>> Tay. Pára. - Afastando a garrafa dele e voltando a olhar para Renata. Enquanto isso, ele se esticava tentando pegá-la de volta, mas caía na cadeira pois não tinha equilíbrio algum. - A gente faz o quê?

Renata>> Ué.. vamos levá-lo pra casa dele..

Ange>> Tá. Pega desse lado aí!

Cada uma o pegou de um lado, guiando-o até sua casa. Subiram as escadas e o deixaram na cama, em seguida se olharam.

Renata>> E agora? Eu não tenho intimidade alguma pra dar banho nele.. - Olhou para ele. - Mas, faço sem problema algum. - Riu logo em seguida.

Ange>> Deixa que eu cuido disso, sua boba.

Renata>> Tá. Você quer alguma ajuda?

Ange>> Não, tudo bem.. eu me viro aqui. Você se importa se a gente deixar nosso lanche e papo pra depois?

Renata>> Claro que não.. tá tudo bem. Boa sorte aí com o gato. - Piscando. - Vê se rola algo.. - Ela riu.

Ange>> Boba!! - Ange a acompanhou até a porta e voltou para o quarto. - É.. precisava me aprontar essa? - Acariciando seu cabelo. - Me conta, o que foi? O que te levou a perder a responsabilidade?

Taylor>> Ange?

Ange>> Aqui. - Sentando ele na cama. Ele estava tonto, com o ombro envolvendo o pescoço dela.

Taylor virou o rosto para olhá-la, vendo que sua boca estava bem próxima da dela. Segurou o rosto de Ange com a mão, alisando-o, trazendo para si. A boca dele estava quase colada na dela, a respiração dos dois estava forte, ela não sabia como agir. Tinha medo da reação de Taylor.

Taylor>> God.. como eu quero você agora. - Ela sorriu, fechando os olhos e respirando fundo.

Ele a puxou mais um pouco, encostando seus lábios nos dela. Só os manteve encostados, sentindo o cheiro da sua boca e o toque da sua pele com a mão ainda segurando seu rosto. Começou a ouvir a voz de sua mãe, atormentando-o novamente. Deu um pulo pra trás, a olhando sério.

Ange ficou calada, ainda estonteada pelo contato que tivera com ele. A incerteza se ia seguir ou não, e o próprio gosto dos lábios de Taylor fizeram com que seu coração quase pulasse pela boca. Percebeu que ele não estava bem.

Ange>> O que houve?

Taylor>> Várias coisas.. - Encarando-a. - Minha mãe não foi uma boa mãe.. - A voz ainda estava mole de bebedeira.

Ange>> Às vezes nossos pais fazem coisas necessárias que nós não gostamos.

Taylor>> Aquilo não era necessário, nunca foi. ARGH. Era uma piranha mesmo! - Olhou pra Ange. - Ange! Bêbado eu consigo falar sobre isso sem sair do controle!

Ange>> Ahn?

Taylor>> Sempre que falo sobre isso sóbrio, eu fico tonto..

Ange>> Deve ser porque você já está tonto.. - Rindo logo em seguida. Ele a olhou, sério.

Taylor>> Ange.. você não entende o avanço que estamos tendo! - Abraçando-a. - Como eu adoro você, você é minha amiga! - Ela caiu na gargalhada.

Ange>> Bêbado ama todo mundo, né? Que coisa.. - Lamentando. Ele caiu na gargalhada também.

Taylor>> Escuta.. - Segurando o braço dela. - Tá me escutando?

Ange>> Tay.. quem não tá te escutando é você mesmo.

Taylor>> Tá.. então.. eu bêbado consigo falar da puta da minha mãe sem perder o controle como da última vez que falamos dela.

Ange>> Hmm.. e você quer falar sobre ela?

Taylor>> Aquela vaca? Não. Quero falar sobre o que aconteceu aqui.

Ange>> E o que aconteceu aqui? - Com uma cara de desconfiada.

Taylor>> Foi a primeira vez que eu beijei uma mulher.

Ange>> Ah tá, você era gay então? Pô nem parece. - Taylor a olhou entediado, começando a rir logo depois.

Taylor>> Não!!! Foi o primeiro beijo da minha vida.

Ange>> Taylor, você tá dizendo coisa com coisa?

Taylor>> Olha, tô dizendo muuuitas coisas. - Fazendo cara de tarado. Ela não se agüentava e ria.

Ange>> Então você é virgem?

Taylor>> Não exatamente.. eu.. bom.. não quero explicar agora. - Levantando-se. Caiu logo em seguida.

Ange>> Taylor! - Levantando da cama, no susto, indo ajudá-lo. - Vem, eu vou te dar um banho.

Taylor>> Vai tirar minha roupa? - Ela a olhou, com uma cara de quem não havia entendido a pergunta. - Não faz isso não.

Ange>> Por quê?

Taylor>> Eu me sinto sujo. - Apoiado nela. Ange foi guiando-o até o banheiro. - Please, eu não quero ser visto...

Ange>> Ok.. então eu só vou te deitar e deitar ao seu lado, tudo bem?

Taylor>> Tudo bem.

'Eu não quero sofrer de novo
Eu não preciso chorar de novo
Não quero aprender do pior modo
Amor, olá e não adeus
Você me conquistou rápido como um foguete
É seu jeito de me amar
é esse sentimento
Movimento centrífugo
êxtase perpétuo
Momento decisivo
É...ah, impossível
Esse beijo, esse beijo
sem parar
esse beijo, esse beijo
de parar
Cinderella disse à Branca da Neve
Como o amor se desvia tanto
Eu só queria um cavalheiro de bom coração
Toque macio, cavalo ligeiro
Para me levar ao pôr do sol
Serei sempre sua
É seu jeito de amar
É esse sentimento
Movimento centrífugo
êxtase perpétuo
Momento decisivo
É...Ah, impensável
Esse beijo, esse beijo
Recusar
Esse beijo, esse beijo
Pode me beijar ao luar
ou sob o céu
Pode me beijar com a janela aberta
enquanto a chuva cai aqui dentro
Beije-me em câmera lenta
Deixemos tudo correr
Você me faz flutuar, você me faz voar
É esse sentimento
Movimento centrífugo
êxtase perpétuo
Momento decisivo
É...Ah, subliminar
Esse beijo, esse beijo
É um crime
Esse beijo, esse beijo
É seu jeito de me amar, amor
É seu jeito de me amar, querido
Esse é o jeito que você me ama
É esse sentimento
Movimento centrífugo
êxtase perpétuo
Momento decisivo
É...Ah, subliminar
Esse beijo, esse beijo
É um crime
Esse beijo, esse beijo
É seu jeito de me amar, amor
'

This kiss - Faith Hill