Capítulo 08

Taylor>> Ai.. minha cabeça. - Acordando no meio da madrugada, vendo Ange deitada ao seu lado. - Querida?

Ange>> Hmm?

Taylor>> Acorda..

Ange>> Por quê?

Taylor>> Porque sim. - Ajeitando o cabelo dela.

Ange>> Num quero.

Taylor>> Ah, mas vai ter que acordar.. - Rindo de leve.

Ange>> Isso é vingança porque ontem eu te acordei?

Taylor>> Mais ou menos. - Sorrindo. - Quero saber se você já ligou pra sua mãe e disse que estava aqui, já é tarde. - Ela abriu os olhos e sorriu pra ele.

Ange>> Já avisei sim.

Taylor>> Quando, que eu não vi?

Ange>> Você tava dormindo.

Taylor>> Shhh.. - Botando o dedo na boca. - Você tá ouvindo?

Ange>> O quê?

Taylor>> O barulho.

Ange>> Ai meu Deus.. tô! - Aproximando-se de Taylor, os dois se abraçaram.

Taylor>> Vem do corredor.

Ange>> Ai.. ai.. ai!!

Taylor>> Vamos lá ver?

Ange>> E se for o assassino??? - Perguntou, alto.

Taylor>> Shhhhhhhhh.. fala baixo.

Os dois se levantaram e foram devagar até a porta. Taylor a abriu rápido, ouvindo algumas coisas caindo. Os dois gritaram juntos, Ange se esperneava.

Taylor>> ANGEL!! QUE SUSTO!! - Começaram a rir. Os dois se olharam e se abraçaram forte. - Tá com fome, querida?

Ange>> Não..

Taylor>> Hmm.. você nunca tá com fome, por isso é magrela..

Ange>> Eu sou magrela? - Ficou emburrada.

Taylor>> Um pouquinho. - Apertando suas costelas. Ela se desvencilhou dele, rindo. - Eu tive um sonho tão mágico. - Acariciando o rosto dela.

Ange>> É? - Sorrindo.

Taylor>> Uhum.. eu podia tocar seus lábios.. te sentir.. e nenhuma lembrança me impedia de nada..

Ange>> Tay.. você pode. - Seu coração estava disparado de tanta ansiedade. Ele fechou os olhos, parecia que sentia dor.

Taylor>> Me perdoa.. mas ainda não posso. - Encarando-a.

Ange>> Então deixa eu ver até onde você pode? - Séria, olhando firme nos olhos dele. Taylor fez que sim com a cabeça.

Ela o levou até a cama e o sentou, ajoelhando-se no chão, a sua frente. Pegou as mãos de Taylor, colocando-as sobre seu rosto e sentindo-as macias sobre sua pele. Beijou cada mão, por inteira.. os dedos.. as costas das mão.. e olhou para ele, que sorria para ela.

Ange acariciou seus braços com as pontas dos dedos, subindo até os ombros. Ele se mexeu, tendo um calafrio, fazendo os dois rirem.

Ange>> Gostoso, né?

Taylor>> Uhum.

Ange se esticou um pouco, abraçando-o e alisando suas costas. Beijou seu ombro, seu pescoço, sentiu seu cheiro. Permaneceu olhando as inúmeras pintas que ele possui ali, enquanto estava com o nariz encostado em sua pele. Taylor estava imóvel.

Ela foi subindo aos beijos doces pelo pescoço dele, indo até o início do rosto. Beijou seu ouvido, Taylor abriu a boca demonstrando tesão. Ela fingiu que não percebera e ficou cara a cara com ele, encarando-o sem dar uma palavra.

Taylor>> Eu sou sujo.. - Mordeu os lábios inferiores. Ela levantou o braço dele e cheirou seu sovaco.

Ange>> Não acho. - Ele riu.

Taylor>> Quando eu era criança, me obrigaram a fazer coisas das quais eu não me orgulho..

Ange olhou séria pra ele, não acreditando em suas palavras. O que ele quis dizer com aquilo? Ela ficou numa angústia, não conseguia abrir a boca pra falar nada. Ao mesmo tempo, ficou feliz por ele ter confiado nela e se desabafado.

Ange>> E você não foi a polícia? - Não tinha muita certeza se ele tinha sido abusado ou não, mas tudo indicava que era isso.

Taylor>> Sim. Ninguém acreditou.

Ange>> Contou aos seus pais? - Ele fechou os olhos, como quem ia começar a chorar. - Contou, Tay? Eles não acreditaram também?

Taylor>> É..

Ange>> Ow, Taylor... - Abraçando-o forte. - Eu acredito em você... eu acredito mesmo!

Taylor>> E as borboletas.. elas me perseguem.. elas estão lá por causa disso.. ela ainda está lá.... a borboleta. - Ange não entendeu nada, continuou abraçada a ele.

Ange>> Não se importe com as borboletas, ok? Não tem nada demais o que você faz.. é um tipo de arte.

Taylor>> Você não entende! - Enfiou o rosto no ombro dela.

Ange>> Mas um dia eu vou entender. - Pegou o rosto dele, e o posicionou em frente ao dela. - Eu quero te entender.. e vou estar ao teu lado.. ok? - Ele fez que sim com a cabeça.

Taylor>> Ange.. eu acredito que o Bryan vai ser solto, por ausência de provas pra incriminá-lo.

Ange>> Putz.. será?

Taylor>> Sim. Eu gostaria que você ficasse aqui comigo, até ele ser solto.

Ange>> Por quê?

Taylor>> Porque eu fiquei sabendo, que na delegacia, ele disse que eu que era o assassino. Você seria a minha testemunha.. entendeu?

Ange>> Sim, sim.. e nós vamos procurar um psicólogo? - Ele a olhou, sério. Ela respondeu o olhar com uma cara de quem não iria tirar o que havia dito.

Taylor>> Acho melhor não..

Ange>> Por quê?

Taylor>> Porque eu não quero que ninguém saiba de muitas coisas...

Ange>> Nem eu? - Ele pensou por um tempo.

Taylor>> Ainda não tenho coragem, Ange..

Ange>> Taylor.. - Acariciando o rosto dele. - Não há nada em você que eu não ame.

Sorriu. Aquilo mexeu com ele.. tinha sido a frase mais linda que alguém havia falado pra ele. Ficou até sem palavras, o rosto já estava vermelho. Precisava agradecer de alguma forma aquelas palavras, mas não fazia idéia como. Amar, ele nunca havia amado, mas sabia que os seus sentimentos se aproximavam demais dessa palavra.... se já não a atingiu faz tempo. Falaria, então, que a amava?

Taylor>> Ange.. eu..

Ange>> Sim?

Taylor>> Você é única na minha vida. - Isso ele tinha certeza que era. Ela sorriu de volta.

Os dias foram passando, não foi fácil de convencer a mãe de Ange a deixá-la ficar lá direto. Então, algumas vezes, ela passava em casa, falava com a mãe e estudava. Estudava muito sobre hipnose. Aquilo tudo tinha um propósito.. que ela não achava certo, mas não via outra saída. Se Taylor tinha tantos problemas assim e era tão difícil comentá-los, ela iria descobrir sozinha. Se achou no direito de pesquisar a vida dele e de hipnotizá-lo, para que ele falasse tudo. Chegou a conclusão que assim, sabendo de tudo o que aconteceu, seria muito mais fácil ajudá-lo.

Na faculdade, Ange estava na biblioteca pesquisando algumas coisas sobre seu trabalho de Histologia, quando viu que não havia mais ninguém além da bibliotecária. Resolveu, então, pesquisar alguma coisa sobre Taylor e o assassino que rondava por ali.

'www.google.com ... enter'

'Serial Killer + Harvard... enter'

'Os alunos da faculdade Harvard estavam apreensivos naquela manhã, mais um assassinato ocorrera pelas redondezas. Para ser mais específico, na própria instituição de ensino....'

Ange>> Isso eu já sei.

'Taylor Hanson + Serial Killer... enter '

'(...) The Butterfly kiss, é a nova linha de uma Serial Killer chamada Amandar Oark, que mata suas vítimas, geralmente mulheres e tatua com uma agulha e tinta de caneta, borboletas no corpo das vítimas. A sociedade está doente.. o mundo está louco.. mortes e mais mortes sem explicação apenas para ser fruto de um prazer doentio...
Hipocrisia dizer que você também não já se sentiu assim.. uma vontade louca de saciar um desejo sangrio... é do ser humano. Aliás.. é instintivo. A morte é um instinto. Apenas nos controlamos para não transformar nossos pensamentos em realidade.. senão, o mundo se desgovernaria....
Bush é um exemplo claro disso... ele arruma desculpas para salivar seus desejos mais perversos... tortura, mata, massacra... e ainda por cima há quem o apóie. Taí um outro Serial Killer.. mais beijos de borboletas...
O que será que essas criaturas chamadas vítimas viram antes de seu último suspiro? A sociedade está insana... será que há cura para isso? (...)

Trabalho de Fundamentos do Conhecimento
Faculdade: Harvard
Tema: Livre
Aluno: Jordan Taylor Hanson'

Taylor>> Ange? - Surgiu atrás dela.

'Ecos do Passado

Ecos do passado
Círculo quebrado
Ecos do passado
Tempo atravessado
Parado

Vem e cai e volta e fica
Só clareia quando abre a cortina
E a luz ilumina

Ecos do passado
Exaustor pifado
Ecos do passado
Tempo acumulado
Pesado

Vem e cai e volta e fica
Deixa a casa limpa
E pé na estrada
Que não vai dar em nada não
Mas pega bem circular

Vem e vai e volta e fica
Só clareia quando abre a cortina
E a luz nos ilumina
Pega melhor clarear
'

Ecos dos passado - Lulu Santos