Os sentidos são superiores ao corpo; a mente
é superior aos sentidos; a inteligência é superior à mente, e o Ser é superior ao intelecto. (3.42) Assim, conhecendo o Ser
como o mais alto, e controlando a mente pela inteligência, que é purificada
pela prática espiritual, deve-se matar este poderoso inimigo, luxúria, Ó
Arjuna, com a espada do conhecimento verdadeiro do Ser. (3.43) O
descontrole dos desejos material irão ruir a linda jornada espiritual da
vida. As escrituras fornecem as vias e os meios para afastar os desejos
nascidos na mente, sobre próprio controle. O corpo pode ser comparado a uma
carruagem sob a qual a alma individual – como passageiro, proprietário e
desfrutador – é conduzida numa jornada espiritual em direção a Morada Suprema
do Senhor. Responsabilidade e autoconhecimento são as duas rodas da
carruagem, e, a devoção, o seu eixo. O serviço sem egoísmo é a estrada; as
qualidades divinas são os marcos. As escrituras são as luzes orientadoras que
dissipam a escuridão e a ignorância. Os cinco sentidos são os cavalos desta
carruagem. Os objetos dos sentidos são a grama verde na margem da estrada;
apegos e aversões são os obstáculos; e a luxúria, a ira e a ambição são os
assaltantes. Amigos e parentes são companheiros de viagem a quem nós, temporariamente,
encontramos durante a viagem. A Inteligência é o condutor desta carruagem. Se
a inteligência, o cocheiro da carruagem, não é tornada pura e forte pelo
autoconhecimento e deseja poder, então, fortes desejos sensuais e de prazeres
materiais – ou os sentidos – irão controlar a mente (veja 2.67) no lugar da
inteligência controlá-la. A mente e os sentidos irão atacar e tomar o
controle da inteligência, o fraco cocheiro, e conduzirão o passageiro fora da
meta da salvação, dentro da trincheira da transmigração. Se a
inteligência é bem treinada e purificada pelo fogo do autoconhecimento e
discernimento, ela estará apta para controlar os cavalos dos sentidos,
através da ajuda da prática espiritual e do desapego, as duas rédeas da
mente, e o chicote da conduta moral e das práticas espirituais. O cocheiro
deve manter as rédeas o tempo todo sob seu controle; de outra maneira, os
cavalos dos sentidos irão conduzi-lo para dentro da trincheira da
transmigração (reencarnação). Um único momento de descuido conduz a queda do
caminho. Finalmente, deve-se cruzar o caminho do rio da ilusão (Maya) e, pelo
uso da ponte da meditação, e do repetir silencioso do canto dos nomes do
Senhor, ou um maha mantra*, tranqüilizam as ondas da mente, alcançando a
costa do êxtase. Aqueles que não podem controlar os sentidos não estarão
aptos para alcançar a auto-realização, a meta do nascimento humano. Não se deve estragar a si mesmo através dos
enganos temporários dos prazeres dos sentidos. Aquele que controla os
sentidos pode controlar o mundo todo, e alcançar o sucesso em todos os
esforços. A paixão não pode ser completamente eliminada, mas é subjugada pelo
autoconhecimento. A inteligência torna-se poluída durante os anos da
juventude, assim como a água clara de um rio torna-se turva durante a estação
das chuvas. Mantenha boas companhias, e coloque uma meta elevada na vida,
prevenindo a mente e a inteligência de serem tentadas pelas distrações dos
prazeres sensuais. * Nota do tradutor para o Português: É dito que nesta era de kali-yuga, o maha mantra mais adequado é o cantar, segundo o Kali-shantarana upanishad, verso 2: Hare Rama Hare Rama, Rama Rama Hare Hare/ Hare Krishna Hare Krishna, Krishna Krishna Hare Hare. |