ADQUIRIR O CONHECIMENTO TRANSCENDENTAL É UMA PRÁTICA ESPIRITUAL SUPERIOR

 

A aquisição e a propagação do auto-conhecimento é superior a qualquer ganho material ou presente, porque a purificação da mente e a inteligência, no final das contas, conduz para a aparição do conhecimento transcendental e auto-realização – o único propósito de qualquer prática espiritual (4.33).

 

Adquire-se este conhecimento transcendental de um mestre auto-realizado, pela humilde reverência, pela investigação sincera, e pelo serviço. Alguém autorizado, que possua a verdade realizada, irá ensinar você (4.34).

 

O contato com grandes almas, que têm realizado a verdade, auxilia muito. Ler as escrituras, dar caridade, e fazer praticas espirituais, por si só, não dão a realização em Deus. Somente uma alma realizada em Deus pode despertar e acender outra alma. Mas um guru não pode dar a fórmula secreta para a auto-realização sem a graça do Senhor. Os Vedas dizem: “Aquele que conhece a terra dá a direção para aquele que não conhece e pergunta” (RV 9.7009). Diz-se, também, que os preceitos da verdade são essencialmente processo individual. As pessoas descobrem a verdade através dos seus próprios esforços; têm que remar o seu barco através das águas turbulentas deste mundo material.

Os Vedas proíbem a venda de Deus de qualquer forma. Eles dizem: “Ó poderoso Senhor de incontável riqueza, eu não venderei a vós por qualquer preço” (RV 8.01.05). A função de um guru é a de um guia e filantropo, não um tomador. Antes de aceitar um guru humano, deve-se primeiro possuir – ou desenvolver – plena fé no guru e desconsiderar as suas fraquezas humanas, pegando as pérolas do conhecimento com sabedoria e jogar fora as cascas das ostras. Se isto não é possível, deve-se lembrar que a palavra “guru”  também significa luz ou auto-conhecimento, que dissipa a ignorância e a ilusão; e a luz chega – de forma automática – do Ser Supremo, o guru interno, quando a mente de alguém está purificada pelo serviço altruísta, pela prática espiritual e pela rendição. 

    Existe quatro categorias de gurus: o falso guru, o guru, o guru realizado, e o guru divino. Nesta era, muitos falsos gurus estão vindo para ensinar ou entregar um mantra por um preço. Estes falsos gurus são comerciantes de mantra. Eles pegam o dinheiro de seus discípulos para satisfazer as suas necessidades materiais sem dar o verdadeiro conhecimento do Ser Supremo. Jesus disse: “Tome cuidado com os falsos profetas; eles chegam até você parecendo como cordeiros por fora, mas eles realmente são como lobos por dentro (Mateus, 7.15). O Santo Tulasidasa disse que um guru que pega dinheiro dos seus discípulos, e nada faz para remover a sua ignorância, vai para o inferno (TR 7.98.04). Um guru é alguém que transmite conhecimento verdadeiro, e completo entendimento sobre o Absoluto quanto leigo.  Um guru realizado é um mestre auto-realizado mencionado aqui neste verso. Um guru realizado auxilia o devoto a manter a consciência em Deus todo o tempo, por seu próprio e garantido poder espiritual.

Quando a mente e a inteligência são purificadas, o Senhor Supremo, o guru divino, reflete-se em si mesmo na psique interior de um devoto e envia um guru ou um guru realizado para ele. Um guru real é um filantropo. Ele nunca pede qualquer dinheiro ou um pagamento de um discípulo, porque ele somente depende de Deus. Um guru real não pedirá qualquer coisa de um discípulo para um ganho para si ou mesmo para a sua organização. De qualquer modo, um discípulo está obrigado a fazer o melhor que pode para auxiliar a causa do guru. Diz-se que não se deve aceitar qualquer pagamento de um aluno sem entregar plena instrução e entendimento do Absoluto, energia cinética divina (Maya), natureza material temporária, e a vivência da realidade (BrU 4.01.02).

Nosso próprio espírito interior é nosso guru divino. Os professores externos somente nos auxiliam no começo da jornada espiritual. Nossa própria mente – quando purificada pelo serviço desapegado, oração, meditação, adoração, canto silencioso dos nomes do Senhor, canto congregacional dos sagrados nomes, e estudo das escrituras – torna-se o melhor canal e guia para a corrente do conhecimento divino (Veja também os versos do Bhagavad-gita, 4.38 e 13.22). O Ser divino dentro de todos nós é o nosso guru real, e deve-se estudar como afinar-se com Ele. Diz-se que não há guru maior do que a sua própria mente. A mente pura torna-se um guia espiritual e o divino guru interno conduz a um guru real e a auto-realização. É dito comumente que um guru aparece quando a pessoa está pronta. A palavra “guru” também significa “vasto”, e é usado para descrever o Ser Supremo – o guru divino e o guia interno. 

O mestre espiritual sábio desaprova a idéia de um serviço pessoal cego, ou o culto ao guru, o qual é muito comum na Índia. Um mestre auto-realizado diz apenas que Deus é guru, e que todos são discípulos d´Ele. O discípulo deve ser como uma abelha procurando mel nas flores. Se uma abelha não obtém mel de uma flor, ela vai imediatamente para outra flor e permanece nela todo o tempo que recebe néctar. Idolatria e adoração cega por um guru humano causa danos tanto para o discípulo como para o guru.

 

                Após conhecer a ciência transcendental, Ó Arjuna, você não tornará a iludir-se deste jeito. Com este conhecimento você verá a criação inteira dentro do seu Ser Superior, e, assim, dentro de Mim (4.35). Veja, também, 6.29-30. 11.07; 13.

 

A mesma força vital do Ser Supremo reflete-se em todos os seres vivos, sustentando a atividade deles. Portanto, todos estamos conectados com uns aos outros como parte ou parcela do Ser. Na aparição da iluminação ligamo-nos com o Absoluto (Bgita 18.55), e todas as diversidades aparecem como nada mais que a expansão da unidade do Ser supremo.

     

Mesmo se alguém for o maior pecador de todos os pecadores, poderá cruzar o rio do pecado pela balsa do auto-conhecimento (4.36).

 

O fogo do auto-conhecimento reduz todas as amarras do Karma a cinzas, Ó Arjuna, como a chama do fogo reduz a madeira a cinzas (4.37).

               

A Bíblia, também, diz: “Você conhecerá a verdade e a verdade irá libertá-lo (João, 8.32). O fogo do auto-conhecimento queima todo o Karma passado – a causa raiz da reencarnação das almas – de modo como o fogo queima instantaneamente uma montanha de algodão. As ações presentes não produzem qualquer karma novo, porque o sábio conhece que todo o mundo é feito pelas forças da natureza; portanto, eles não são os executores. Dessa forma, quando surge o auto-conhecimento, somente uma parte do karma passado, conhecida como destino, que é responsável pelo nascimento presente, foi exaurida diante da liberdade da transmigração, alcançada pela pessoa iluminada.

O corpo físico e a mente geram novo Karma. O corpo sutil carrega o destino; e o corpo causal é o repositório do Karma passado. O Karma produz o corpo, e o corpo gera Karma. Deste modo, o ciclo de nascimentos e mortes continua indefinidamente. Apenas o serviço sem egoísmo pode quebrar este ciclo, e o serviço sem egoísmo não é possível sem o auto-conhecimento. Assim, o conhecimento transcendental quebra as amarras do Karma e conduz a salvação. Este conhecimento não pode manifestar-se numa pessoa pecaminosa – ou em qualquer pessoa cujo tempo de receber o conhecimento espiritual não chegou.

Perda e ganho, vida e morte, fama e infâmia, deitam-se nas mãos do seu Karma. O destino é todo-poderoso. Assim sendo, você não deve odiar nem culpar a ninguém (TR 2.171.01). As pessoas conhecem virtude e vício, mas a sua escolha é ordenada pelo destino ou pegadas kármicas, porque a mente e a inteligência são controlados pelo destino. Quando o sucesso não vem, apesar dos melhores esforços, pode-se concluir que o destino precede o esforço.

 

 

 

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