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Discipulado,
o que é Isso?

Pr. Carlos Augusto P. Dias

O discipulado é um dos ministérios mais importantes da igreja, porem um dos mais negligenciados.

Também é um ministério mal entendido, muitas vezes relacionado à uma classe de novos convertido, ou mesmo relacionado a algumas lições ditas "básicas" para novos convertidos. Porém ele é muito mais que isso.

Ao mesmo tempo as prioridades da igreja acabam ofuscando este importante ministério. Programações, teorias de marketing, preocupação com resultados fazem com que a tarefa do discipulado seja cada vez mais negligenciada ou confundida nos dias de hoje.

Entretanto, o discipulado ainda é um ministério importante da igreja local. Ele não precisa de grandes estruturas, finanças, eventos, e coisas do tido. Seu segredo está no relacionamento de pessoas comprometidas com ele e com o desejo de servir a Deus auxiliando outras pessoas.

A Importância do Discipulado

Existem três razões para crermos que o discipulado é importante:

A.   Foi o Método Usado por Jesus

Jesus passou boa parte de seu tempo com poucos homens que Ele mesmo escolheu - Mc 3.13-19.

Estes foram escolhidos de um grupo de outros discípulos, e mais tarde chamados apóstolos - Mt 10.1-5 e Lc 6.12-16.

Esta atitude foi crucial para a continuidade de Seu ministério quando partisse da terra.

B. Foi o Método Usado pelos Apóstolos

Os apóstolos seguiram o exemplo de Jesus e também em seus ministérios formaram discípulos.

Paulo teve vários discípulos, e os mais conhecidos são Timóteo e Tito.

Em sua carta a Timóteo, ele o instrui a continuar o processo de discipulado:

“e o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fieis e idôneos para instruir a outros.” 2a Tm 2.2

C. É um Mandamento de Jesus

Esta é a razão mais importante para fazermos discípulos.

Jesus disse em Mateus 28.18-20:

“Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que
estou convosco todos os dias até a consumação do século”

Este mandamento é claro e abrangente: devemos fazer discípulos de todas as nações.

Não temos opção A ou opção B, somente uma alternativa bem clara: fazer discípulos.

Mas como faze-los. Que métodos devemos empregar? O que devemos fazer? Como começar?

Creio que todas estas perguntas são muito importantes. A resposta a elas encontramos no ministério de Jesus relatado nos evangelhos e nos exemplos dos discípulos de Jesus que prosseguiram com seu ministério após Sua ascensão, liderados pelos apóstolos.

O Que é Discipulado?

Mas afinal de contas, o que é discipulado?

Vamos tentar uma  fazer uma breve definição de discipulado:

"é um ministério do corpo de Cristo, onde todos os membros da igreja estão de alguma forma estão envolvidos com o objetivo de crescerem a semelhança de Cristo com o propósito final de glorificar a Deus."

Nesta sentença encontramos o propósito, os meios, a importância e as pessoas envolvidas.

A. Propósito

O discipulado é um dos grandes propósitos para a vida do cristão. Quando Jesus deixou suas últimas instruções, Ele exortou-os para que fossem ao mundo e formassem novos discípulos (Mt 28.18-20).

Eles entenderam muito bem o que Jesus dizia, pois durante cerca de três anos, estiveram na companhia de Jesus, foram instruídos e ensinados por Jesus como fazer discípulos. Em seu primeiro encontro com Pedro, Jesus convidou-o: “Vinde após mim, eu vos farei pescadores de homens” (Mc 1.17).

Assim, Jesus usou boa parte de seu tempo treinando-os para serem verdadeiros pescadores de homens.

Jesus cria que a convivência, e o ensino da Palavra era muito importante. Veja o que ele disse:

“o discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” – Lc 6.40.

Quando falamos em discipulado estamos falando em um processo de reprodução da vida de Cristo na vida de outros cristãos.

Este é o propósito do discipulado: “moldar o caráter do homem segundo o caráter de Cristo” -Rm 8.29.

Em poucas palavras: o alvo de todo o discípulo e ser como Jesus.

B. Os Meios

Os meios que Jesus usou para discipular estão relatados nas páginas dos evangelhos.

A escolha de seus discípulos foi um processo importante em seu ministério, tanto que Ele não fez logo no inicio, mas depois de um tempo.

Em Lucas 6.12-16 lemos que Jesus gastou uma noite inteira antes de sua importante escolha. Em Mateus (Mt 10.1ss) percebemos que dentre os seus escolhidos, estavam pessoas que já o acompanharam por um período de tempo.

Ao discipular, Jesus tinha sempre em mente qual era o seu propósito e como poderia alcançá-los da melhor forma. Ele não se prendeu a um método específico, antes, foi muito criativo em suas abordagens.

Duas coisas eram prioritárias: o ensino da Palavra e o convívio com eles.

Ensino: Ele usou de diversas formas: aconselhamento, pregações, conversas, ilustrações. Jesus aproveitava cada oportunidade para ensiná-los.Jesus os ensinou tanto formalmente, quanto informalmente aos seus discípulos.

Convivência: Além de ensinar, Jesus conviveu com os seus discipulos (Mc 3.13). Esta convivência tinha como propósito ensiná-los na prática a vida cristã. Havia uma preocupação com a prática, a vida transformada, e isto só poderia ocorrer por meio de uma convivência com os discípulos.

C. As Pessoas Envolvidas

Podemos dizer que existem três pessoas envolvidas no processo de discipulado: a Pessoa de Jesus Cristo, o discipulador, e o discipulado.

Jesus é a pessoa central no discipulado. Quando estamos investindo em uma vida, nosso alvo deve ser levá-lo a imitar a Cristo e não a nós mesmos. As nossas atitudes devem simplesmente refletir as atitudes de Cristo.

Paulo sabia muito bem disto quando escreveu: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” - 1a Co 11.1 veja também Fp 4.9 e 2a Tm 3.10-11.

Ele tinha isto bem claro para si quando disse: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim...” Gl 2.20.

Além de ser o alvo nosso Jesus está diretamente envolvido neste processo, como Ele mesmo prometeu na grande comissão. Ressalto duas frases de Jesus, a primeira: “toda autoridade me foi dada no céu e na terra”. – Mt 28.18. Discipular é um processo que envolve o Deus Todo Poderoso. Ele é quem nos comissiona.

A última frase também é importante: “e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século”Mt 28.20. Jesus garante sua presença diante desta grande tarefa de discipular outras pessoas, seja nos dias bons, sejam nos dias de dificuldade, problemas e provações. Isto é importante, pois vidas são preciosas, e sem o poder de Deus, não conseguíramos mudá-las. Nós somos simples instrumentos que Ele utiliza.

O discipulador – Esta é a segunda pessoa envolvida no discipulado. Esta pessoa deve ter algumas características para exercer este ministério.

Em nossa definição lemos: “o cristão com uma vida digna de ser imitada...” O caráter é primordial para ser um bom discipulador. Em seus últimos conselhos a Timóteo, Paulo escreveu: “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina...”1a Tm 4.16. Para Jesus também a prática era importante, como Ele mesmo frisou no Sermão do Monte: “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus..” – Mt 7.21.

Portanto, viver a Palavra, viver aquilo em que cremos é uma condição primordial quando pensamos em influenciar vidas.

A terceira pessoa envolvida no discipulado é o discípulo.

O discípulo é um seguidor de Cristo, ou seja, uma pessoa salva.

Após o reconhecimento desta pessoa de sua condição de pecador, da necessidade de salvação e do reconhecimento público de sua fé em Jesus, ele se torna um discípulo de Cristo - Rm 10.9.

Quando começamos um processo de discipulado, precisamos avaliar qual a sua “experiência” de salvação, se ela é realmente uma pessoa salva, ou não. A salvação é o primeiro passo de todo discípulo de Cristo.

Devemos lembrar que o discípulo é um seguidor de Cristo, não seu. Ou seja, o tempo passados juntos, devem ajudá-lo a viver por si só e não em sua dependência. Jesus em seu ministério treinou os seus discípulos para viverem após sua partida. Isto não impediu que eles ficassem tristes, nem mesmo os desabilitou da tarefa de levar a mensagem adiante.

Quando focalizamos o discipulado na pessoa de Cristo a pessoa:

Aprende a depender de Jesus e não do discipulador - Jo 15.5;

Olha para discipulador como um outro discípulo e pecador – 1a Tm 1.15

Aprende a confiar em Deus – Jr 17.7-8

Evita o orgulho e a preocupação do discipulador de ser bem sucedido – 2Co 3.5-6

Evita divisões na igreja – Ef 4.13

D. O Compromisso do discipulado

O discipulado envolve um compromisso de em duas frentes.

Em primeiro lugar com Deus, onde procura viver uma vida de retidão e comunhão, juntamente com um compromisso de fidelidade a Palavra de Deus.

Podemos resumir isto a uma palavra: fidelidade. – 1a Co 4.1-2.

Em segundo lugar há o compromisso com o discípulo. Este compromisso envolve tempo de investimento, orientação, até o dia em que este adquire maturidade para andar com suas próprias pernas a ponto de reproduzir-se em uma outra pessoa.

E. Objetivos do Discipulado

O alvo do discipulado é bem claro: ser como Jesus, também chamado de maturidade cristã.

Nosso enunciado diz: "com o objetivo de crescerem a semelhança de Cristo com o propósito final de glorificar a Deus."

Algumas considerações são importantes:

1. Transformação de vida

Não devemos nos preocupar simplesmente em transmitir informações, mas transformar vidas. Isto não significa que não temos ensino, mas ele é uma ferramenta que facilita o crescimento.

Isto não é um processo instantâneo, mas gradual e constante. Cada pessoa reage de uma forma diferente, mas todas crescem.

2. Quando está maduro?

A resposta a esta pergunta pode ser bastante subjetiva a primeira vista. Podemos pensar em algumas coisas:

Tempo Maturidade leva tempo. Tenha paciência com seu amigo, sem esquecer de ser firme na aplicação das Escrituras. Lembre-se que estamos num processo de santificação.

Interesse: O interesse da pessoa no discipulado, na busca de uma vida próxima a Jesus é importante. Certas atitudes demonstram isso:

Pontualidade.

Interesse no estudo.

Transparecia ao falar de coisas difíceis.

Faz os projetos apresentados a eles.

Envolvimento na igreja, com as pessoas, o ministério.

3. Demonstra mudanças

É importante notar que haja mudanças de crença, que afetam o seu comportamento, suas emoções e sua vontade.

Mesmo que seja lento, a pessoa deve caminhar num processo de santificação à imagem de Jesus.

Pessoas avessas à mudanças podem simplesmente gostar do estudo, dos momentos passados juntos não estão interessados no discipulado, mas agradar-se a si mesmas.

O Discipulado Ocorre na da Igreja Local

A igreja é um projeto de Deus que visa a salvação e uma nova postura de vida, por meio de seu crescimento espiritual. – Ef 4.12ss; Hb 10.24.

Com isso não queremos dizer que a igreja deve ter um departamento, um programa, mas uma postura natural dos seus membros. O centro de discipulado é a igreja, não um departamento dele.

O processo de discipular deveria ocorrer naturalmente entre os membros da igreja.

Deve ocorrer dentro da igreja, pois envolve vidas em seu relacionamento com Cristo e umas com as outras.

Na igreja encontramos pessoas que tem a mesma fé, os mesmos valores, que vivem em comunidade para exaltar a Deus.

No Novo Testamento, vemos que sempre ele ocorreu naturalmente dentro da igreja, feitas por pessoas compromissadas com Deus.

Deus deseja usá-lo nesse fascinante projeto. Este plano foi elaborado desde a eternidade para a salvação da humanidade através de discípulos maduros que dedicam sua vida a Deus, servindo-o por meio de uma igreja sadia e unida debaixo da orientação do Mestre.

Gene Warr cita três razões para fazermos discipulado: “a brevidade da vida; um senso de responsabilidade e seu desejo de aplicar a vida em algo que realmente tenha valor.”1]

[1]Gene Warr - You can make disciples, Waco: Word books, 1.978, pp.69-70


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Pr. Carlos Augusto P. Dias, é casado com Madeline. É Bacharem em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida.

É coordenador do Site Biblioteca Evangélica, palestrantes em diversas igrejas e também tem feito traduções e revisões de livros para editoras evangélicas.


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