Um filme, uma bolsa e uma bixete muito louca

Primeiro semestre do primeiro ano da faculdade. Quando tudo era novidade, um mundo novo se descortinava bem à minha frente e eu fazia mais coisas sem noção do que agora. Por algum motivo, no primeiro ano eu gostava de conversar com estranhos no ponto de ônibus e nos corredores da faculdade, e de me propor desafios. Acho que eu estava um pouco deslumbrada demais com a vida universitária que, em pouco tempo, se mostrou bem diferente da dos filmes da Sessão da Tarde. Mas até o primeiro trabalho ferradíssimo que eu tive que fazer, eu achava que a faculdade era só flores.
Na boa, não sei porque escrevi tudo isto, já que o que eu quero contar não tem nada a ver com isto... Bem, não posso dizer que não tem nada a ver porque tem uma coisa, sim: aconteceu no primeiro semestre do primeiro ano, época em que o Mundo Bizarro não era nem projeto, assim, eu não pude publicar esta história. Hum... acho que vou começar de novo...
Primeiro semestre do primeiro ano da faculdade. Para quem não sabe, eu estudo no período noturno, mas, no primeiro ano, eu resolvi pegar uma disciplina com o integral, já que eu estava fazendo curso de espanhol em uma das noites da semana. Conversei com a professora, ela concordou, e assim eu passei a freqüentar as aulas da disciplina dela no período da manhã. Quem acompanha o Mundo Bizarro já deve saber que:
1) eu sou vespertina convicta, logo eu fico muito, muito lesa quando acordo cedo
2) eu sou distraída e tenho uma memória péssima, independente do horário que eu acordo
3) minha distração e minha péssima memória são potencializadas quando eu acordo cedo.
Numa manhã peguei meu fichário e minha bolsa, e fui para a faculdade. Naquele dia, a professora resolveu passar o filme Laranja Mecânica. Diferente dos alunos do integral, eu resolvi sair um pouquinho antes do final do filme, para não perder o ônibus. Peguei meu fichário e saí da sala. Cheguei na hora exata para pegar o ônibus. Entrei nele e estava tranquilinha indo para casa, meio dormindo, meio pensando na vida. Quando estava em frente ao colégio técnico (a 1400 metros da faculdade, aproximadamente), eu notei que estava sem a minha bolsa!!! Pior: nela estavam meus documentos e meu dinheiro!!! Sem pensar duas vezes, desci em frente ao colégio e voltei correndo, sim, literalmente correndo, sob sol a pino, para a faculdade. Naquela época, não tinha calçada, então estava lá eu, correndo, sob um sol de matar, na avenida, desviando dos carros!!!
Desta vez, acho que Murphy já estava satisfeito com todo o espetáculo e, pelo menos, eu cheguei à sala em tempo de pegar minha bolsa, antes que a professora trancasse tudo e fosse embora...
Voltar para Momentos de Nostalgia